tuliobarros::rodrego::Fala Eduardo, achei legal que sua analogia acaba respondendo sem querer a um texto antigo meu (não sei se vc lembra) que comparava a evolução dos BGs com a do Rock, e no final se perguntava justamente quando começaria a revolução punk (link do texto na Ludopedia).
O texto tem quase 2 anos, na época não estava clara ainda a onda dos carteados, então eu estava apostando se a revolução punk não estava nos jogos de natureza.
Mas hoje, tenho que concordar com vc, nada mais "volta ao básico" do que um carteado, pra se contrapor aos Vitais Lacerda como o punk se contrapunha ao progressivo. E a evolução dos BGs segue parelha com a do rock.
Olá, Rodrigo! Primeiramente, muito bom teu texto! Assim como o do Eduardo aqui.
Mas acho que devo discordar em alguns pontos. O carteado aqui no Brasil e (muito antes) lá no Japão têm se desenvolvido por motivos muito diferentes. Não vejo como um movimento de "aversão" ao status quo, mas muito mais movimentos de "necessidade" do consumidor.
E acho que talvez e muito talvez mesmo um dos motivos do surgimento desse movimento do carteado por aqui se deu, na minha leitura, porque o primo Fel Barros sempre se indignou com "Adoro esse joguinho de cartas, é excelente! Nota 6". Quando teve oportunidade, colocou o Tichu lá no top dos tops. Se tem algum movimento de aversão, pode ser esse aí. De ver que um jogo pequeno e barato poderia e deveria ter uma nota ou um valor tão algo quanto uma superprodução de mais de mil reais.
Aqui, eu vejo mais um apelo econômico acima de tudo. Em média, um carteado nacional sai por menos de R$100 e isso muito mais acessível economicamente do que um jogo médio por aqui. Razão pela qual não vejo o movimento do carteado no Brasil se transformar numa tendência, como foi o punk.
evieira colocou elementos como: regras simples, análise da mesa e inovação. Eu não vejo que nenhuma dessas características é inerente ao carteado, diferentemente do preço e espaço.
Que combinação de elementos são os causadores de uma ruptura e que têm potencial de repercutir mundialmente no carteado? Preço, espaço e regras simples - É uma tendência mundial? Longe de ser.
Túlio,
O meu ponto era que, assim como o Punk foi uma certa resposta ao rock progressivo, contrapondo composições complexas ao um rock mais "RAIZ", essa tendência atual de carteados tem, a meu ver, um pouco dessa ideia.
Obviamente, eu não fiz um estudo para comprovar isso. É um artigo de blog, "filosofia de buteco", não é uma tese de doutorado. A comparação vale até o ponto que ela funciona!
Eu concordo que os drivers do Japão e do Brasil não são exatamente iguais. A questão financeira com certeza é um problema muito mais daqui do que de lá. Mas o problema de espaço é universal (lá é absurdo, aqui é mais ou menos, depende da sua estante) e o problema da acessibilidade eu sinto na pele sempre quando tento explicar um euro típico para pessoas que não são do hobby.
Eu não acho que exista uma ruptura, os kickstarters cheio de miniaturas continuam bombando. Eu só acho que jogos mais simples como os carteados são mais adaptados para vingar na realidade brasileira que os jogos tradicionais, pelos motivos que já discutimos (preço e acessibilidade).
Mas acho que você se engana ao dizer que não existe um renovado interesse global por carteados. Empresas americanas (como a Allplay) vem investindo nesse filão. Tivemos o The Crew ganhando o Spiel e o Scout batendo na trave (a ponto de lançarem uma versão exclusiva para a Target).
Lembre-se que "carteado" é um termo nosso, não existe isso lá fora. Existem "trick taking games", "climbing games", etc.
De qualquer forma, obrigado pelo debate! Espero ter esclarecido o meu ponto!
Sds,
Eduardo