Cat in the box é um desses jogos surpreendentes, não dávamos nada por ele, mas entregou demais. Explicamos:
“O gato na caixa” resumidamente falando é um jogo de vaza com controle de área, mas não é simplesmente dessas mecânicas que ele sobrevive, tem um elemento incrível envolvido nele que é a suposição e nele adentra um elemento surpresa, baseado no “experimento de schrödinger”, o tema dramatúrgico desse jogo.
Primeiro vale a pena explicar o que é esse experimento, pesquisando rapidamente no google encontramos bastante coisa, mas vou fazer um Crtl C + Crtl V do Bard:
“O experimento de Schrödinger é um experimento mental proposto pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1935. Ele visa ilustrar o conceito de superposição quântica, que é a ideia de que uma partícula subatômica pode estar em dois estados diferentes ao mesmo tempo.
No experimento, um gato é colocado em uma caixa fechada com um frasco de gás venenoso. Junto ao gato, há um elemento radioativo que, com 50% de probabilidade, irá decair em um determinado período de tempo. Se o elemento radioativo decaísse, o detector de radiação acionaria um martelo que quebraria o frasco, liberando o gás venenoso e matando o gato.
Segundo a mecânica quântica, o elemento radioativo está em uma superposição de estados: ele está tanto decaído quanto não decaído. Isso significa que o gato também está em uma superposição de estados: ele está tanto vivo quanto morto.
Até que a caixa seja aberta, o gato está em uma situação de incerteza. Ele pode estar vivo ou morto, mas não podemos saber com certeza até que o estado do elemento radioativo seja observado.
O experimento de Schrödinger é considerado um paradoxo porque sugere que o gato pode estar vivo e morto ao mesmo tempo. Essa ideia é difícil de aceitar para a nossa intuição, que está acostumada a pensar em objetos como estando em um estado ou outro.”
E COMO ISSO É APLICADO NO JOGO?
É um jogo de vaza, certo? Como em qualquer “carteado” desses existem cartas numeradas e naipes, nesse caso são 5 cartas de 1 à 9 cada e quatro naipes, azul, verde, amarelo e vermelho, sendo este último o trunfo, ou seja, o naipe mais poderoso e capaz de vencer qualquer outro. Porém, a beleza do jogo está justamente no fato de que as cartas não possuem naipes, elas são todas iguais, apenas na hora de jogar é o que “descobrimos” o naipe da carta, quando o dono da carta escolhe o naipe.
Como assim? Não disse que havia um controle de área? Tem um tabuleiro que tem a listagem de todas os números e naipes, na hora que um jogador joga uma carta de número ele deve dizer qual o naipe da carta e colocar um marcador no tabuleiro sobre o respectivo número e naipe, isso impede que outro jogador use essa mesma carta e naipe no decorrer da partida. Ao longo da rodada os marcadores dos jogadores podem formar “áreas” quando estão ortogonalmente adjacentes uns nos outros, a maior dessas áreas pode se tornar um bônus de pontuação, caso o jogador consiga cumprir alguns pré-requisitos. Ou seja, cada carta sua pode ser de qualquer naipe, até que você ou outro jogador atribua o naipe a ela.
E COMO SE JOGA ISSO?
Como em qualquer jogo de vaza, há um jogador que inicia a vaza, ele vai escolher uma carta e atribuir uma cor/naipe a ela. E como na maioria das vazas, os demais jogadores devem seguir a cor iniciada, naturalmente com cartas de número diferente. Normalmente, ganha a vaza quem jogar a maior carta do naipe escolhido pelo primeiro jogador, a menos que alguma das cartas jogada seja vermelha, nesse caso ganha a maior carta vermelha.
Os jogadores são obrigados a seguir o naipe que o primeiro jogador escolheu, porém os jogadores podem dizer que “não tem aquela cor”, como ocorre em outras vazas, nesse caso eles ficam impedidos de jogar qualquer carta dessa cor durante essa rodada e podem jogar com outra cor. Cada vaza ganha vale 1 ponto de vitória.
Antes disso, faltou explicar, cada jogador declarou quantas vazas acha que vai ganhar nessa rodada, ele tem 3 opções: 1, 2 e mais uma que depende do número de jogadores na partida, sendo 3 ou 4. Ao longo ele deve tenta ganhar exatamente o número previsto, pois se conseguir ele pode ganhar o bônus do controle de área que nos referimos acima.
Porém, cada jogador deve evitar uma coisa: o paradoxo, ele acontece quando alguém não consegue jogar uma carta de sua mão, pois em algum momento os números que possuem já foram jogados ao longo da rodada nos naipes possíveis. Ou seja, o jogador tem a carta, mas não consegue jogar. Isso é o paradoxo. Quem estourar essa bomba não apenas deixa de pontuar o bônus de controle de área de conseguir acertar a previsão de quantas vazas ganhou, mas pode ganhar uma pontuação negativa a depender de quantas vazas ganhou na rodada, cada uma ao invés de dar 1 ponto de vitória, dá menos 1 ponto.
O jogo se joga no número de rodadas igual ao número de jogadores, quem acumular mais pontos vence a partida.
E PRA QUEM É ESSE JOGO?
Eu não indicaria para qualquer público, pois o jogo tem elementos que dificultam a vida de pessoas que não estão familiarizadas com essa disputa comum nos controles de áreas e ainda mais nessa mecânica de suposição de naipes, é um pouco abstrato entender o jogo no começo, mas vencendo o aprendizado do jogo em si é um jogo muito fácil.
O jogo tem variações de setup a depender do número de jogadores, entre 2 e 5. Mas cremos que o número ideal é 3, 4 quem sabe 5. Afinal como um jogo de vaza é importante que tenha o “aperto”, essa “interação” maior entre as estratégias e a dificuldade que vai ser esse controle de área, isso somada a aflição de estourar um paradoxo e não pontuar ou perder pontos é o grande barato desse jogo.
É uma vaza de suposição, tem um que de dedução, até um blefe maroto e isso cria um ambiente profícuo a “guerra” entre os oponentes. O autor foi muito sagaz em conseguir propor essa “inovação” de uma vaza com naipes flutuantes e fazer isso funcionar! É sem sombra de dúvidas, uma excelente surpresa nesse 2023.
Em resumo, o jogo adentra numa narrativa interessantíssima e alia com precisão tema e jogo. A incerteza sobre a cor das cartas cria um elemento de blefe e dedução, semelhante ao famoso experimento de Schrödinger, onde o estado do gato é desconhecido até ser observado.
Essa crítica não contou com a parceria de nenhuma editora, se possível siga nosso instagram @wingscla e se tiver algum comentário, dúvida, discordância, pode puxar o fio!
Um cheiro!