Kavita::Caro, Iuri! Como sempre um texto pertinente e bem redigido!
Eu sei que você fez a ressalva da questão do gosto "cada um ter o seu" (e sabemos que não é bem assim não rsrs), mas eu não posso perder a oportunidade de defender a arte do novo Village. Além de ser lindíssima, ela não tem a ver com "infantilização" (e mesmo se tivesse, um salve a infância!), e sim com uma releitura moderna da "folk art" européia (grosso modo, a cultura popular de determinado período na Europa).
Eu, pessoalmente, acho a escolha, nesse caso específico, muito feliz. Troca uma arte figurativa senso comum, por algo muuuuiiiittooooo mais temático e bonito!
Não estou aqui para levantar polêmicas, mas é que sou um defensor ferrenho do novo Village como um dos jogos mais bonitos que já tive (pena que não vem com moedas de metal pra ficar perfeito).
Uma grande abraço!
Caro
Kavita
Meu camarada, obrigado por prestigiar o meu artigo.
Quanto à questão da arte do Village, eu acho que, de um certo ponto de vista, a opção por uma arte mais temática faz sentido, e nesse ponto você tem razão. No entanto, existem outros pontos a considerar. A noção de beleza é subjetiva e está nos olhos de quem vê, então fica complicado discutir isso, mas mesmo assim vamos lá.
Uma opção mais temática não implica necessariamente em algo melhor ou mais adequado. Ninguém defenderia seriamente trocar o tabuleiro do Stone Age, um dos mais bonitos de todos os board games, por uma versão de desenho rupestres e absurdamente simplificados. Você pode dizer que ficaria mais legal, você pode dizer que ficaria mais temático, mas de forma alguma ficaria melhor, porque dificultaria interpretar o tabuleiro. O mesmo se aplica, por exemplo, no caso de se trocar a fonte das letras das cartas de um jogo de fantasia medieval, de uma fonte moderna para Old English. Ficaria mais temático, mas seria menos prático, porque o texto ocuparia uma área maior da carta, reduzindo espaço para ilustração, e seria bem mais difícil de ler, especialmente para quem já não enxerga tão bem.
Esses são dois exemplos de que a opção mais temática, não é a melhor opção, muito pelo contrário, seria uma opção pior
Retornado ao Village, eu gosto muito de história da arte, porém curto mais outros períodos e movimentos, como o Barroco e o Impressionismo. Portanto, arte medieval europeia não é muito o meu forte. Mas é evidente que já no Renascimento, houve clara evolução das técnicas, dos temas e principalmente da qualidade. Claro que não se discute aqui o trabalho dos gênios, porque a evolução não substitui o talento nem a genialidade. Se não fosse assim, já teríamos outro Michelangelo, outro Van Gogh e outro Mozart, o que não é o caso. Nós estamos falando da arte no geral, e não especificamente do trabalho de um artista. E é aí que entra o meu ponto.
Em termos gerais, uma arte folk mais temática parece infantilizada porque não há evidentemente o mesmo nível de detalhamento, que se consegue com modernas técnicas, tintas e equipamentos de ilustração. O artista provavelmente quis que isso ficasse refletido na nova arte do Village, e essa foi a principal causa das pessoas rejeitarem essa inovação. A nova arte do jogo simplesmente parece simples demais, talvez um termo melhor que infantilizada, principalmente em comparação com a arte anterior, que mesmo menos temática é belíssima.
Por fim, respeito totalmente a sua opinião, o modo elegante e respeitoso, como você defendeu o seu ponto, e acima de tudo a subjetividade da beleza, do mesmo modo que você respeita a minha posição. Todavia, na minha humilde opinião, mesmo menos temática eu considero a arte original do Village mais sofisticada, mais atraente e mais bonita.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Nuscácio