Post original: https://robotgeeks.com.br/2023/01/30/fresco-um-verdadeiro-refresco-de-jogo-impressoes/
Um afresco é uma técnica de pintura usada para pintar paredes e tetos, em que os pigmentos se fundem em gesso ou argamassa, sendo utilizada desde a antiguidade, e com grande relevância na pintura italiana renascentista.
No jogo, cada jogador é um pintor de afresco, contratado pelo bispo para restaurar o teto da catedral, e para isso precisam enviar seus aprendizes para coletar os materiais necessários para a tarefa . Podemos também fazer trabalhos extras, pois como todo artista, o dinheiro é sempre curto.
O jogo é muito simples! O tabuleiro é dividido entre: albergue, mercado, catedral, estúdio, oficina e teatro.
Inicia-se com o acordar, que definirá a ordem de turno. Quanto mais cedo acordar, mais cedo se joga, porém mais insatisfeitos os aprendizes estarão por madrugar, além disso as cores disponíveis no mercado também ficarão mais caras. Acordar mais tarde pode trazer felicidade aos aprendizes, permitir pagar menos no mercado, mas corre-se o risco de ficar sem as cores desejadas.
O nível de humor pode aumentar ou diminuir a quantidade de aprendizes disponíveis durante o turno.
O jogador com menos pontos de vitória define o humor dos aprendizes e o preço do mercado, além da ordem vigente de cada turno.
Para adquirir as tintas, é preciso visitar o mercado, que possui cabines disponíveis de acordo com o número de jogadores, então não corre o risco de alguém ficar sem comprar as tintas.
Porém, a quantidade de tintas ofertada em cada cabine é diferente e dois jogadores não podem visitar a mesma cabine. As tintas podem ser cores primárias, com uma, duas ou três unidades, ou cores secundárias.
O preço é definido com base na hora que se acorda.
Pintar a catedral é dividido em duas partes: a pintura do altar e a pintura do teto, o afresco.
O altar sempre fica disponível, sendo a ação básica de pintura, porém gera uma quantidade menor de pontos.
Já para a pintura do teto, são 25 peças de afresco disponíveis no início do jogo, com diferentes tintas necessárias para sua restauração.
Para cada peça de afresco restaurada ganha-se pontos de vitória imediatamente e, também ganha-se renda ao final do turno.
Aqui tem-se a movimentação do bispo, que não é qualquer quantidade de espaços na diagonal, como no xadrez. Para isso tem-se que gastar um táler (moeda do jogo), e assim poder movimentá-lo um espaço em qualquer direção, ortogonal ou diagonal, como o Rei no xadrez.
Se o bispo estiver adjacente à peça restaurada, ganha-se dois pontos extras, e se for exatamente a peça em que ele parou, são três pontos adicionais.
Uma vez que qualquer peça for restaurada, independente da sua posição, o bispo é movido para este lugar.
No estúdio e na oficina existem as ações mais simples do jogo, porém muitas vezes essenciais para a partida.
O estúdio gera três moedas para cada aprendiz ali designado. E na oficina, cada aprendiz pode misturar 2 vezes as cores primárias, obtendo as cores secundárias.
O último espaço é o teatro, e ao visitá-lo melhora o humor da trupe de aprendizes. Cada aprendiz ali alocado melhora o humor em dois pontos, sendo que o humor baixo demais reduz a quantidade de aprendizes e o humor alto aumenta essa capacidade.
Essa variação está diretamente relacionada com a quantidade de ações possíveis para cada jogador em seu turno.
E assim o jogo segue até que a condição de última rodada seja alcançada: se um turno iniciar com 6 ou menos peças de afresco disponíveis, será o último turno da partida.
Neste caso, os jogadores devem alterar seu guia de ações para o segundo lado, esta troca impede os jogadores de visitarem o teatro neste turno, porém dão a oportunidade de fazer uma pintura na catedral após a mistura de cores na oficina.
Neste último turno não se tem o recebimento de renda, mas as moedas são muito importantes, pois a cada 2 táleres ganha-se 1 ponto de vitória.
O jogo é imponente na mesa, mas de uma simplicidade única, fazendo o jogador modificar sua forma de jogar ao passar dos turnos.
Um diferencial no jogo é que na trilha de pontos nenhum marcador pode ficar na mesma posição, então se isso acontecer, o jogador pode escolher ficar atrás, decidindo primeiro sua hora de acordar durante o próximo turno, ou ficar à frente e ganhar um ponto adicional.
O jogador com mais pontos de vitória vence, e como não existe a possibilidade de dois jogadores ocuparem o mesmo espaço na trilha de pontos, não existe empate.
Por aqui as partidas terminaram bem equilibradas, com a pontuação sendo decidida em detalhes.
Jogamos a primeira vez somente o jogo base, que eu recomendo, para entender melhor o comportamento do jogo, as regras e detalhes, depois usamos alguns módulos juntos. Acredito que ao menos um módulo de expansão acabará sendo usado a partir do momento que sentirem seguros com as regras.
A edição Mega Box possui 17 módulos de expansão, criando modificações das ações básicas, além de novas possibilidades. Vale lembrar que cada módulo aumenta o tempo de jogo, com isso muitas vezes uma ação que antes era pouco explorada, poderá passar a ser uma das principais.
Alguns exemplos disso são:
“Os retratos” é um módulo que altera a ação do estúdio;
“Os favores do bispo” altera o afresco da catedral;
“O mercado negro” altera a compra de tintas.
O jogo acaba sendo um cobertor curto, mas isso não prejudica a imagem dele, na verdade, traz uma vontade de querer jogar de novo e tentar modificar alguns pontos da estratégia.
Ainda tem muito o que explorar do jogo, mas já posso dizer que virei fã e por aqui deve ver muita mesa pela frente.
No Brasil, a caixa base foi trazida pela
Devir e a Mega Box pela
Vem Pra Mesa Jogos.
Prós:
- Arte e tema encaixados muito bem com a mecânica;
- Simplicidade das regras, com ótima curva de aprendizagem;
- Boa rejogabilidade só com o base, sendo excelente na edição Mega Box;
- Sem dependência de idiomas.
Contras:
- Alguns módulos de expansão não tem as regras muito claras;
- Os escudos/telas caem facilmente;
- Joga até em 4, precisando de regras adaptadas para jogar em 2.
Texto:
Lomba
Revisão:
dfmcosta
