J. MARQUES::
"Além disso, não faz muito sentido uma editora que está fazendo sucesso e ganhando dinheiro, resolver de uma hora para outra, desistir de uma marca consagrada e bem estabelecida, com era a Redbox, para se tornar uma mera subsidiária. A não ser que algo realmente tenha dado muito errado."
Mas ´´e esse o ponto, ela perdeu muito dinheiro. Ela veio perdendo muito dinheiro desde o problema com o D&D. Nao foi a credibilidade que a abalou, foi a perda de dinheiro. O que aconteceu de muito errado foi perder muito dinheiro a ponto de cancelar varios projetos e precisar do socorro da Bureau para poder continuar com outros projetos que dariam retorno a longo prazo.
Sobre vc ter sido enfatico: vc so fez isso na mensagem em que me citou. Na primeira, que foi a que comentei, o seu paragrafo deu a entender que voce atribuiu o episodio do Tsukiji
Caro J. MARQUES
Rapaz a nossa divergência é que eu digo que o problema que levou à absorção da RedBox pela Bureau de Juegos foi a perda de credibilidade da empresa. Por outro lado você diz que perda de credibilidade não teve nada a ver com isso e sim o fato da editora ter perdido dinheiro. No seu último comentário você disse o seguinte:
"Não foi a perda de credibilidade que a abalou, foi a perda de dinheiro. O que aconteceu de muito errado foi perder muito dinheiro a ponto de cancelar vários projetos e precisar do socorro da Bureau par apoder continuar com outros projetos que dariam retono a longo prazo".
Porém, você não esclarece o motivo que levou a essa repentina perda de dinheiro. A RedBox não perdeu dinheiro porque os diretores investiram na Bolsa de Valores em papéis de alto risco, que desvalorizaram da noite para o dia. Tampouco, os diretores foram ludibriados em algum esquema fraudulento de pirâmide financeira. A RedBox, um editora que produzia basicamente board games e RPGs perdeu dinheiro, simplesmente porque os seus consumidores pararam de comprar os board games e os RPGs que a editora produzia. Isso tem tudo a ver com falta de credibilidade. A maior parte dos projetos grandes das editoras nacionais de board games são feitos através de financiamento coletivo. Se um editora perde a credibilidade, que foi o que aconteceu com a RedBox, ela pode anunciar o financiamento do jogo que for, que as pessoas simplesmente não vão aderir, e o financiamento fracassará.
Portanto, a absorção da RedBox pela Bureau de Juegos realmente foi causada pela perda de dinheiro, mas o que você não quer enxergar, é que essa perda de dinheiro foi causada pela perda de credibilidade. No caso do Tsukiji, um projeto cujo financiamento deu certo, uma quantidade enorme de apoiadores pediu e conseguiu o dinheiro de volta, o que já de cara atrapalhou o projeto, porque o financiamento foi duramente afetado. Para piorar, muitas pessoas que não conseguiram sair do financiamento, simplesmente devolveram e o jogo após recebê-lo, pedindo o dinheiro de volta, depois do fiasco que foi, o jogo ser vendido em Essen e na Argentina, antes dos apoiadores receberem suas cópias.
Com isso, um jogo que já estava financiado, e geraria um considerável lucro para a RedBox, passou a ser um projeto manchado, que resultou em grandes prejuízos, porque sua reputação ficou tão ruim que as pessoas simplesmente não quiseram comprar. O jogo ficou encalhado durante anos nas lojas. O Ancient Terrible Things seguiu o mesmo caminho. Tudo isso foi culpa exclusiva da própria RedBox que agiu com toda a soberba, e tratou seus consumidores, inclusive seus apoiadores, com um descaso inimaginável. E não foi só em relação a esse dois jogos. No caso do Letters from Whitechapel, o descaso foi o mesmo. E editora anunciou o jogo, gerou uma enorme expectativa na comunidade boardgamer, não lançou, e não deu nenhuma satisfação a respeito.
Claro que os problemas financeiros da editora não se resumiram apenas ao fracasso com alguns de seus board games. A RedBox apostou no D&D 5ª Edição e eu acredito que ela realmente perdeu muito dinheiro com isso, e nesse caso não foi nenhum problema de perda de credibilidade, mas sim porque RPG já não vende o mesmo que vendia nos anos 90 e 2000. Diferentemente dos board games, que possuem componentes físicos (cartas, peças, meeples, tabuleiro, cartas, etc) RPG é basicamente um livro. Assim, alguns meses depois de lançado o livro, sempre aparece uma versão PDF que pode ser baixada de graça. Se a pessoa pode ter o material de graça, alguns meses depois porque ela gastaria R$ 200,00? COm isso, apenas os realmente os colecionadores e jogadores mais hard core é que continuam comprando o livro, mas esse acabam sendo muito poucos para sustentar a editora.
Só que apenas as perdas com o D&D 5ª Edição, não foram suficientes para colocar a RedBox em uma situação financeira tão difícil a ponto dela precisar ser absorvida pela Bureau de Juegos. Nesse sentido, as perdas com os board games certamente foram muito maiores. Você mesmo disse que a empresa ficou sem capital para investir em projetos futuros que dariam retorno no longo prazo. Porém a pergunta que fica é a seguinte: que pessoa em sã consciência iria apoiar um projeto de uma editora que, além de atrasar horrores o último projeto, sem nenhuma explicação, ainda por cima, vendeu o jogo, muito antes dos financiadores receberem suas cópias?
Por outro lado, se você mantém o seu ponto de vista, de que a perda de credibilidade não teve nada a ver com a absorção da RedBox pela Bureau de Juegos, mas foi apenas um caso de perda de dinheiro, você precisa explicar, como eu fiz acima, qual foi a causa dessa perda de dinheiro.
Para terminar, eu mantenho o meu ponto de vista de que o problema da RedBox foi realmente a perda de dinheiro, mas que foi causada pela perda de credibilidade da editora, principalmente em decorrência do tratamento ruim que ela dispensava a seus consumidores e apoiadores, especialmente no caso do Tsukiji e do Ancinet Terrible Things. E isso deveria servir de alerta para a Mosaico, que temerariamente vai pelo mesmo caminho.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio