Raphael Lohan::Deixa eu comentar outra coisa então.
Vamos usar a Galápagos como exemplo, blz?
Qual jogo ela vai utilizar para investir em marketing, ativação e tudo mais para tentar fomentar o mercado, o Eurozão cabeça de 500-600 reais, o Ameritrash cheio de mini de 600-700 ou o Double de 70? Óbvio que o Double.
Mano, não sei a sua coleção mas eu não gasto dinheiro com Double. Já comecei no Eldritch Horror. Conseguiu sacar? Não?
Pra fomentar mercado novo, quem acha que BG é Ludo e Cara a Cara, tem que incentivar a venda de jogos que potencialmente, vc, nem eu nos interessamos mais.
Por isso reintero, demanda quem dá é o mercado. E hoje, a Galápagos, por exemplo, atende tanto quem já tá nichadão no hobby tipo eu, que quero todo o LCG que vejo pela frente, tanto quem começou. Mas pode ter certeza, Double, ticket to ride, king of Tokio, sempre vão ser mais baratos que LCGs e é aí que tá a oferta e a demanda.
Quem sabe daqui a 10 anos isso mude, não sei, vai depender de mim emprestar minha coleção pro meu filho levar pra escola e difundir entre a molecada da sala dele. Vou torcer pra que eles gostem.
Tmj aí.
Caro Raphael Lohan
Mas é justamente isso que eu estou dizendo. Os esforços para a popularização do hobby e que é uma necessidade que eu tanto defendo, não será feita através de euros de R$ 600,00, nem de dungeon crawlers de R$ 900,00. A única forma de fazer isso e justamente através dos party games que custam abaixo de R$ 100,00, e alguns na faixa de R$ 50,00.
Quando o seu filho leva o Dobble para a escola, todos os amigos dele gostam, chegam em casa e pendem para seus respectivos pais comprarem, há uma grande possibilidade de que esse pai chegue na loja de board games, para comprar o Dobble e talvez se interesse por outros jogos até mais caros e mais complexos. Obviamente ninguém chega a uma loja sem saber nada sobre board games, querendo comprar o Dobble por R$ 50,00 e sai logo de cara com um Descent: Lendas da Escuridão que é muito mais complexo e que custa R$ 1.200,00. Porém é perfeitamente possível que ele saia com um Kingdomino que custa R$ 100,00, com um Carcassonne que custa R$ 200,00, ou até mesmo, quem sabe, com um Ticket to Ride que custa R$ 300,00.
É por isso que eu defendo que, cada vez mais, nossas editoras deveriam investir em designers nacionais, cujos jogos poderiam ser produzidos localmente. Isso devido à ausência das condições contratuais impostas pelas editoras gringas, e porque os baixíssimos preços das gráficas chinesas só se aplicam para tiragens de mais de um milhão de unidades, o que não é o caso de um jogo nacional, sem apelo mundial.
Além disso, eu defendo que mesmo no caso dos jogos estrangeiros seria fundamenta que se investisse mais nos jogos mais baratos, que certamente são muito mais capazes de atrair novos jogadores, do que os jogos que custam meio salário mínimo. Nesse aspecto é fundamental destacar não apenas a Papergames, que investe pesado na sua linha pocket e na MS Jogos do Marcos Macri, que procura sempre lançar jogos com boas mecânicas e componentes honestos, e a preços acessíveis como é o caso do Jester e do Chaparral, que inclusive a 2ª edição está em financiamento coletivo no Catarse até 01/10/2022.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio