storum::Excelentes colocações dos amigos acima. Esse tópico deveria ter um stick eterno pra ficar no topo. Só pra acrescentar, hoje conversando com um amigo que trabalha no ramo de bgs como empregado e prefere não ser identificado deixou algumas considerações importantes...
Deixou bem claro para não esquecermos que, além dos lucros desse hobby " elitizado ", existe ainda que de maneira despercebida por muitos, um lucro com as famosas " pre vendas", " financiamentos ", " atrasos ", etc. Não são todas que tem esse tipo de comportamento mas fiquem espertos. Tem algumas editora arrecadando bons lucros com pre venda e atrasos. Tem algumas fazendo novas " pre vendas " sendo que nem entregou ainda a " pre venda anterior ", enfim, fod-se o imbecil que já pagou....Atrasos, atrasos e lucro no bolso, fod-se o resto. Vai ser tornar (ou já se tornou) uma constância essa prática e para isso vão usar todo tipo de atrativo:
- " estoque limitado "
- " desconto na pré venda "
- " bônus com miniaturas na pre venda "
- " bônus com cartas promos na pre venda"
- " etc etc etc "
O mais interessante disso tudo: se toda desculpa para atrasos de entregas fossem computados em um livro, teríamos hoje uma bíblia nesse ramo. Atrasar alguns dias pode até ser normal para muitos, atrasar semanas, meses e anos pode se tornar uma desmotivação geral dentro do hobby e é o que tem acontecido inumeras vezes. E saber que tem editora que já foi desmascarada, fez pre venda, estipulou uma data de entrega, qdo atrasou descobriram que o referido bg nem sequer tinha sido ainda negociado corretamente la fora...
Evidencia-se infelizmente que o objetivo principal é o lucro do serviço e em modo secundário o lucro com o produto.
Caro Storum
Meu camarada, você está cobertíssimo de razão. O sistema de financiamento de jogos está cada vez mais difícil no nosso país, porque algumas empresas simplesmente não respeitam prazos. E o pior é que ao invés de vir a público e explicar o problema que a produção do jogo está atravessando, normalmente o que se faz é simplesmente modificar a ficha do jogo no Ludopedia. O problema é que isso não afeta apenas a própria empresa, mas acaba respingando em outras empresas sérias, que suam a camisa para cumprir os prazos.
Não é à toa que alguns dos últimos financiamentos estipulam metas estendidas, que jamais são atingidas. Você entra no Catarse e lá constam 10 metas, e no final do financiamento, apenas duas ou três acabam desbloqueadas. Isso não é à toa, porque como é que a pessoa vai confiar e bancar o financiamento, se ele não tem certeza de quando vai receber o jogo. Eu não participei do financiamento do "High Frontier 4 All", mas na ficha do jogo, tem gente reclamando que apoiou o financiamento três anos atrás, e até hoje ainda não recebeu sua cópia. E o pior é que quando são escritos tópicos reclamando de um determinado jogo, é muito comum as pessoas comentarem que "financiamento é assim mesmo, é pagar e esquecer, porque um dia o jogo chega". Isso é de um absurdo, que não tem tamanho, por isso não é de estranhar que as pessoas se mostrem cada vez menos propensas a embarcar em financiamentos no Catarse.
E isso não é nem uma coisa de agora, porque aqueles com mais tempo de hobby vão lembrar do triste episódio do Tsukiji. As pessoas bancaram o financiamento, o projeto estourou o prazo de entrega, e a resposta era sempre "está em produção" e coisa e tal. Um belo dia a editora informou que o lote com jogo já havia chegado ao porto, que só faltava fazer o desembaraço aduaneiro, libera na alfândega, e dentro em breve o jogo seria entregue para os apoiadores e começar a ser vendido. Só que houve um problema, o jogo ainda não havia chegado e estava em trânsito da China para cá, e para piorar o navio que vinha com o lote do jogo destinado ao Brasil naufragou durante o trajeto, perdendo toda a sua carga. E como desgraça pouca é bobagem, os navios que foram para Essen e para a Argentina chegaram sãos e salvos. Com isso, o jogo foi vendido em Essen e na Alemanha, antes mesmo dos apoiadores brasileiros, que bancaram o financiamento tivessem recebido a sua cópia. Eu sinceramente não sei o que se passou na cabeça dos diretores da editora, porque era óbvio que todo mundo iria ficar sabendo. Mas ao invés de ser clara e honesta com as pessoas, a editora resolveu apostar que isso não geraria tanto estardalhaço. Ledo engando, porque não apenas os apoiadores ficaram furiosos e reclamaram bastante, como até quem não tinha embarcado no projeto ficou muito indignado com essa verdadeira indecência que foi feita. O resultado disso é que a editora ficou tão queimada, mas tão queimada, que precisou até mudar de nome e desistir de uma marca já conhecida e consolidada no setor de board games, mas principalmente no cenário do RPG nacional. Hoje as pessoas envolvidas e responsáveis por essa lambança, não querem nem lembrar dessa história, e juram de pé junto que a mudança no nome e na marca da editora, não teve nada a ver com esse episódio. Talvez eles pensem que as pessoas também acreditam em Saci Pererê e na Mula-Sem-Cabeça.
Outro caso que não dá para deixar de citar foi a polêmica do Red Cathedral, em que foi feita um pré-venda, as pessoas pagaram, mas o atraso na entrega e problemas junto à Alfândega aumentaram o custo do jogo, e para resolver a editora resolveu cancelar a pré-venda e fazer outra cobrando mais caro pelo jogo. Isso é difícil até de acreditar que realmente aconteceu, mas se alguém quiser saber mais, basta dar uma olha nos comentários tanto da ficha do Red Cathedral quanto do Tsukiji.
Esses são dois exemplos claros e emblemáticos como a falta de transparência tanto prejudica o nosso já combalido mercado nacional de board game. E para quem não concorda com isso, basta dar uma olha na quantidade de lançamentos internacionais que não tem previsão de envio para o Brasil, ou que cobram um rim para isso, e conversar com as pessoas que tem de fazer um verdadeiro malabarismo, para receber o jogo, através de remessa para os EUA e de lá para o nosso país.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
P.S. É uma pena que esse descrédito crescente em relação ao financiamento coletivos dos jogos, acabe afetando projetos de gente séria como o Marcos Macri que lançou recentemente a 2ª Edição do Chaparral no Catarse. O jogo já foi financiado, mas apenas 133 pessoas apoiaram até agora, faltando apenas 10 dias para oi final da campanha, o que torna pouco provável que as metas estendidas mais altas sejam desbloqueadas.