
Originalmente postado em: https://aquisejoga.wordpress.com/2016/02/02/tournay-review/
Informações Básicas
Nº de jogadores: 2 – 4
Idade: 13+
Duração: 30 – 60 min
Ano de lançamento: 2011
Criadores: Sébastien Dujardin, Xavier Georges, Alain Orban
Arte: Alexandre Roche
Tema: Construção de Cidades
Mecânicas: Escolha de cartas, Administração de Cartas, Alocação de Trabalhadores
Página no BGG: https://boardgamegeek.com/boardgame/105037/tournay
Página na Ludopédia: https://ludopedia.com.br/jogo/tournay
Um pouco de história
Tournay é uma cidade belga fundada pelos romanos no primeiro século e que alcançou o seu apogeu às margens do rio Escalda.
Em 881 a cidade foi conquistada pelos normandos cessando o seu crescimento e forçando os seus habitantes a fugir, transformando-a em uma enorme pilha de ruínas.
Após 30 anos as pessoas começaram a voltar para suas casas para reparar os danos causados pela invasão e começar a reconstruir a cidade.
Agora, as ricas famílias dos distritos da cidade estão dispostos a colocar todo o seu dinheiro e força de trabalho para que a cidade floresça por muito mais do que sete séculos.
Componentes
Tournay é um jogo no qual os jogadores representam famílias ricas que buscam reconstruir a dita cidade belga. Ele foi criado e ilustrado pelo mesmo time de Troyes, o que já garante a qualidade do jogo e o coloca como uma ótima pedida para uma mesa que curte um brain burner.
A primeira coisa que salta aos olhos é a simplicidade do jogo montado, a beleza dos meeples cortados de forma a representaer os três tipos de cidadãos (militar, religioso e civil) e o bom uso dos componentes que utilizam, na maioria das vezes, os dois lados do tabuleiro e marcadores. Basicamente o jogo é composto por três decks de cartas, as quais são divididas em I, II e III: vermelhas representando os militares; brancas representando os religiosos; amarela representando os cidadãos, essas cartas podem ser de Construção ou de Personagens. Além disso, temos um tabuleiro (usado também como marcador de Pontos de Prestígio) onde são colocados os cidadãos que podem ser recrutados, um deck de cartas de Eventos (também pode ser utilizadas como Proteção), deniers nos valores de 1, 5 e 10 (dinheiro), marcadores (dano e cidadãos), cartas representando as “Plazas” dos jogadores, marcadores de Pontos de Prestígio e um marcador de primeiro jogador. Tudo isso faz com que não se perca tempo considerável durante o setup, pois em no máximo 10 minutos o jogo já está pronto para começar.

Setup pronto para 4 jogadores.
Em questão de quantidade de componentes Tournay perde feio para seu irmão mais velho Troyes, no entanto, no quesito estratégia, profundidade e caminhos para a vitória ele não perde em nada.
Turno
Tournay é um jogo de poucas ações, ou seja, é o famoso cobertor curto.
O objetivo dos jogadores é criar um distrito de 9×9 utilizando as cartas de construção e personagens, se proteger dos eventos negativos que ocorrem durante a partida e ao final do jogo acumular o maior número de Pontos de Prestígio, os quais são ganhos, em sua maioria, com as cartas de nível III.
O turno de cada jogador é dividido em duas fases:
– Jogar uma carta da mão (opcional) para construir o seu Distrito pagando o seu custo em deniers. São as cartas de Construção e Personagem que vão permitir realizar ações e garantir Pontos de Prestígios, tudo isso belamente ilustrado e com uma extensa iconografia.
Da esquerda para a direita: carta de Construção, de Personagem e um Prestige Building de Nível III. No canto superior esquerdo encontra-se o custo em deniers para colocar a carta em jogo e os Pontos de Prestígio que ela fornecerá ao final da partida.
– Realizar uma ação com os seus cidadãos
Essas ações podem ser:
a) Comprar cartas utilizando cidadãos da mesma cor e valor. Exemplo: Para comprar uma carta vermelha de nível III é necessário três cidadãos militares, caso o jogador não possua a quantidade ele pode utilizar os cidadãos de outro jogador pagando 2 deniers por cidadão.
b) Ativar um prédio no seu distrito alocando um cidadão da cor correspondente (não é possível ativar uma carta de Personagem).
c) Combater uma carta de Evento pagando uma quantidade especificada de cidadãos ou de cidadãos mais dinheiro. O jogador que combateu um Evento pode utilizar essa carta como Proteção à um Evento futuro.
As cartas de Evento (direita) são usadas como Proteção.
d) Ganhar deniers gastando seus cidadãos. Cada cidadão garante 2 deniers.
e) Recuperar os cidadão utilizados, colocando-os de volta em sua carta de “Plaza” para que eles possam ser utilizados novamente.
Todos os cidadãos do jogador Amarelo estão em sua carta de Plaza e prontos para serem utilizados.
Durante a escolha de cartas é possível que surja uma carta de Arauto (Town Cryer). Quando isso ocorre deve-se colocar uma moeda em cada uma das cartas de Evento e colocar o Arauto na posição horizontal debaixo do deck do qual ele foi comprado como forma de indicar de que ali não existem mais cartas desse tipo. As moedas representam o número de vezes que os eventos afetam os jogadores. Existem Eventos positivos, porém, a maioria são negativos.
“Chapéu, sapato ou roupa usada…quem tem?”
É a partir das Construções e Personagens baixados que o Distrito de cada jogador vai sendo formado e os Pontos de Prestígio são alcançados, principalmente com as Construções de Nível III. É aí também que está toda a estratégia, pois é impossível focar em apenas um aspecto (Militar, Religioso ou Civil), ou seja, o seu Distrito deve ser uma mistura dos três aspectos e, além disso, deve-se prestar atenção para que os Eventos não estraguem os seus planos. Isso faz com que os jogadores mantenham-se focados e tensos até o final da partida.
Considerações Finais:
Tournay é um ótimo jogo que exige dos jogadores planejamento, estratégia e timing na medida certa. Na maior parte do tempo você não fica sem realizar uma ação pois é possível utilizar os cidadãos dos outros jogadores, o que garante dinamismo as partidas, no entanto, como em todo jogo de alocação de trabalhadores, chega um momento no qual você precisa recolher seus meeples e realizar novas ações.
O maior problema de Tournay é a sua extensa iconografia. As primeiras partidas sofrem de “manualdependência”, pois a cada nova carta comprada é necessário recorrer a última página do manual, que descreve todas as cartas, para ver qual é o efeito da mesma, pois os player aids que acompanham o jogo não possuem todos os ícones. A partir da segunda partida todo mundo já começa a sacar o que é cada ícone, evidenciando outro ponto que jogadores que gostam de jogar algo novo toda vez não vão gostar: você precisa de umas 4 partidas de Tournay para começar a jogar bem, ou seja, é um jogo que precisa ver mesa constantemente se você quer explorar todo o seu potencial.
Tanto Troyes como Tournay estão fora de catálogo, contudo, a Pearl Games disse que vai relançar o primeiro esse ano e não tem planos de relançar o segundo, por isso, caso encontre um por aí não perca tempo e agarre-o, você não irá se arrepender.
Enquanto isso você pode ir praticando o Tournay no Board Game Arena.
Prós:
– Ótima mistura de planejamento, estratégia e timing.
– Componentes de qualidade.
– Belíssima arte medieval.
– Setup rápido.
– Brain burner.
Neutro:
– São necessárias algumas partidas para começar a explorar todo o potencial do jogo.
Contra:
– Extensa iconografia pode afastar os mais impacientes.
– Player aids não contemplam toda a iconografia.
– Pouca interação entre os jogadores.
Review Por: Renbardela