O meu primeiro contato com o gênero de construção de baralho (
deck building) foi através de O Vale dos Mercadores, bem no comecinho da minha primeira coleção de jogos de tabuleiro. Quem leu o texto sobre
o começo da minha coleção de jogos de tabuleiro sabe um pouco sobre essa tal primeira coleção, mas enfim… acabei me desfazendo da minha cópia do jogo da época, e somente dia desses peguei uma nova cópia.
Amante do gênero de construção de baralho como sou, não podia deixar O Vale dos Mercadores de fora da minha coleção, além de ser um jogo que particularmente gosto demais por questões de afinidade, é o tipo de jogo que proporciona o melhor do gênero de construção de baralho e faz tudo que se dispõe a fazer muito bem.
O Vale dos Mercadores sustenta sua temática em um mundo onde povos animais são a base da sociedade e em sua maioria comerciantes sedentos pelos melhores negócios. A cidade de Dale, além de ser um forte ponto comercial, também promove desafios para os interessado em fazer parte de uma guilda de comerciantes lendária. Somente aqueles que conseguem vencer o torneio anual conseguem fazer parte, e é justamente aí que entra você.
Prepare-se para entrar para a guilda dos mercadores extraordinários
No papel de mercadores do povo animal, você contra até 3 outros jogadores deverão construir uma banca de mercador. O primeiro jogador que construir uma banca de mercador com 8 pilhas em ordem ascendente será declarado novo membro da lendária guilda.
— Manual do jogo, Página 4:A Guilda dos Mercadores Extraordinários opera em Dale, no meio dos Alpes. Apesar da guilda ser bem conhecida, esta é tão misteriosa quanto seu líder e uma boa parte dos seus membros é desconhecida do público. Os associados famosos da guilda atuam como diplomatas em países e cortes notáveis, oferecendo negócios e favores.
O jogo possui 6 baralhos de povo animal com 15 cartas cada e 20 cartas de quinquilharia, além de outras coisas que não cabem detalhes agora. Cada baralho de povo animal possui algumas singularidades bem interessantes. O baralho de Guaxinins Ladrões do Norte é perfeito para trazer o caos para as partidas, enquanto as Jaguatiricas Sortudas podem te beneficiar bastante se a sorte estiver do seu lado. Cada povo animal tem singularidades que afetam o desenrolar das partidas de um jeito inesperado. As quinquilharias são “o lixo” do seu baralho, não valem muito, no começo do jogo até são úteis, mas logo devem ser jogadas fora, a menos que você tenha um povo animal que saiba como aproveitá-las.
O jogo é bastante simples de jogar, e sua complexidade está na interpretação dos descritivos das cartas e domínio das habilidades descritas. O Vale dos Mercadores tem regras amigáveis e de rápida memorização, em suma, você vai ler o manual uma vez e provavelmente vai conseguir jogar sem erros, o mesmo é muito bem escrito e não traz dúvidas sobre o desenrolar do jogo. Para imediato entendimento do funcionamento do jogo, um turno é divido em duas fases: Ação e Limpeza. Na fase de ação, como o próprio nome sugere, você tem 4 ações possíveis, podendo escolher somente uma por turno para executar; Na fase de limpeza, de nome também sugestivo, você organiza a bagunça feita durante sua ação, por assim dizer.
No desenrolar de uma partida de O Vale dos Mercadores você deve estar constantemente atento as ações dos outros jogadores, pois aqui ações geram reações. Imagine que seu oponente tenha comprado uma carta do mercado de número 5, e a banca dele precise dos números 6, 7 e 8, seus próximos passos seriam se preparar para uma futura pilha de 5 e 1 (= 6) do seu adversário, mas quem garante que ele já não tenha em sua mão duas cartas de 3 (= 6) e essa carta de número 5 recém comprada seja para ele descer uma futura pilha 5 e 2 (=7), ou indo mais além!… A carta de número 5 comprada por ele possui a seguinte habilidade descrita:
“Quando construir uma pilha com esta carta, você pode imediatamente construir uma pilha adicional em sua banca”. Então supondo que ele use a carta para criar uma pilha de 5 e 2 (=7) e com a habilidade consiga construir uma pilha 5 e 3 (=8), acabou o jogo para você!
Evite mercadorias ruins na sua “cesta”
O Vale dos Mercadores reserva muitas surpresas para o desenrolar das partidas, em especial por causa das habilidades únicas dos povos animais. Cada baralho de povo animal possui do número 1 ao 5, e o restante das cartas são cópias, cada número único tem uma habilidade diferente, então em um jogo para dois jogadores haverão 15 habilidades especiais diferentes em jogo, afinal segundo as regras: o número de baralhos do povo animal deverá ser igual ao número de jogadores, e um baralho a mais.
Diria que O Vale dos Mercadores é o tipo de jogo que gosto de chamar de meu. É bonitão, encanta a todos logo de cara, amigável de ensinar, joga rápido, e roda bem em qualquer quantidade de jogadores. Quem joga pega o conceito do jogo rapidamente, e se você, já experiente não ficar ligado, leva rasteira. É muito interessante como tudo funciona de maneira natural, pois a sensação, por ser um jogo carregado de distorções providas pelas habilidades distintas das cartas, é que a jogatina fosse acabar meio travada.
O Vale dos Mercadores é um jogão em uma caixinha, diverte de um jeito todo especial… é legal demais ir comprando as melhores cartas para construir seu baralho, consequentemente colocar em prática suas habilidades mirabolantes ou montar sua banca. Que vença aquele que construir primeiro a melhor banca de mercador! Araras, Pandas, Guaxinins, Esquilos, Jaguatiricas e Camaleões, vocês são muito doido!
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