iuribuscacio::
Caro Fabico
Achei muito interessante o seu adendo, e gostaria que você desenvolvesse um pouco mais o raciocínio. No meu entendimento todos os jogos de alocação de trabalhadores são também jogos de seleção de ações, mas a recíproca não é verdadeira, ou seja, nem todo o jogo de seleção de ações são jogos de alocação de trabalhadores.
Em um jogo de alocação de trabalhadores há uma gama de ações que o jogador pode escolher, e para realizá-las é preciso que o jogador coloque um de seus trabalhadores no local do tabuleiro correspondente àquela ação. Isso é o que ocorre por exemplo no Stone Age, no Invasores do Mar do Norte e no Lords of Waterdeep, por exemplo. Nos jogos de seleção de ações, há uma gama de ações disponíveis que o jogador pode realizar, sem precisar colocar um trabalhador para selecionar essa ação. Isso é o que ocorre em jogos de cartas como Race for The Galaxy ou San Juan, que nem possuem peças/trabalhadores nem tampouco um tabuleiro onde alocá-las.
Considerando esse meu entendimento, eu não consigo entender como Village seria uma jogo mais de seleção de ações do que de alocação de trabalhadores. Isso porque não vejo, por exemplo, uma diferença entre o Village e o Stone Age, o Invasores do Mar do Norte e o Lords of Waterdeep, que claramente são jogos de alocação de trabalhadores. Assim sendo, talvez você tenha visto algo no Village que eu não vi, e que sirva de base para a sua afirmação.
Por isso eu gostaria sinceramente que você explicasse melhor o seu raciocínio, porque além de gostar muito de jogar, eu também me interesso pelos board games como um fenômeno em si, e procuro estudar esse fenômeno do ponto de vista teórico, dentro das minhas limitações. Dessa forma, estou sempre interessado em pontos de vista diferentes do meu, e que não só me façam refletir, como também aprender um pouco mais sobre os board games. Daí o meu interesse no seu ponto de vista.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio
Caro Iuri,
O colega Amaral já elucidou bastante do que eu penso na questão das duas mecânicas em relação ao Village especificamente, então para não ficar repetitivo vou acrescentar apenas algumas características que eu considero comuns nas mecânicas:
- Alocação de trabalhadores: normalmente existe o espaço físico para a alocação, espaço esse que se preenche e outros jogadores não conseguem fazer a ação, também é comum você recolher seus trabalhadores ao final da rodada para que você os use e libere os espaços de alocação, normalmente só é possível fazer a ação se conseguir alocar.
Seleção de ações: você na realidade “desaloca” algo (na maioria das vezes algo físico) para selecionar uma ação (cubos coloridos no Village, ficha de função no Puerto Rico), para fazer a ação você deve ter a ação disponível para que você a “pegue” (essa parte parece confuso, pois pode-se dizer que na alocação também precisa estar o local “disponível”, mas digamos que na alocação é possível de alguma maneira retirar um trabalhador de alguém, ou colocar o seu junto com outro, já no caso da seleção não tem como você devolver um cubo ou ficha de função para a ação específica).
Para exemplificar também com um jogo conhecido, eu não consideraria Tikal como seleção de ação, visto que você não “seleciona” do modo como eu expliquei, você tem algumas ações possíveis e faz o que quiser/conseguir (no caso é um sistema de pontos de ação).
Por fim, eu particularmente não considero alocação de trabalhadores nem como ação secundária em Village, pelos motivos já citados. Ao meu ver os meeples são mais como um “recurso” para realização de algumas ações.
Obs: colocar meeple no jogo não necessariamente é alocação, vide Carcassonne.