Fala galera!
Aqui quem vos escreve é o Fran! Alguns de vocês devem me conhecer deste canal pelos vídeos do Youtube Mas por fim, resolvi me arriscar um pouco em análises por textos aqui na Ludopedia, mas sem abandonar os vídeos, claro! Apenas para diversificar os conteúdos, espero que gostem!
Mas sem enrolação, vamos direto ao tema deste víde... Ops! Texto.
Finalmente joguei Hokusai. Ele é bom?
Antes de entrar na minha opinião de fato, preciso explicar que não joguei a versão física do jogo, joguei online pelo Tabletop simulator com um dos designers, o Moita, e mais 3 colegas criadores de conteúdos.
Para quem já jogou pelo tabletop sabe bem que a experiência não é das melhores, as partidas acabam ficando mais arrastadas do que seriam na versão física, a visualização das coisas é mais difícil e obviamente a experiência digital não substitui a analógica, que você pode jogar batendo um papo com seus amigos e interagindo melhor. Mas mesmo com tudo isso atrapalhando, vou dar um spoiler para os apressadinhos que não tem paciência de ler até o final: Sim, eu gostei muito do jogo! Mas se quiser saber com mais detalhes a opinião, continue aí a leitura, o texto tá meio longo.
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Acompanho já há algum tempo o trabalho da Bianca e do Moita, olho sempre com bastante atenção ao que eles produzem, principalmente pois sou fã do Grasse. Já faz alguns meses que ouvi falar pela primeira vez do Hokusai, e como fã deles e também da cultura oriental, estava ansioso para conhecer, principalmente pois achei que é uma proposta diferente e pois amo incentivar o mercado de jogos BR.
Katsushika Hokusai foi um artista japonês, pintor de estilo "ukiyo-e" e gravurista do período Edo. Sua obra mais famosa é A Grande Onda de Kanagawa, por nome talvez você não a conheça, mas certamente já viu sua imagem em alguma loja de surf, ou como decoração em algum dojô de artes marciais ou até em alguma decoração em um restaurante de culinária japonesa.
E é deste brilhante artista e suas obras que saíram a temática e o nome do Jogo.

A Grande Onda de Kanagawa
Afinal, como funciona o Jogo?
Em Hokusai, de 2 a 5 jogadores serão artistas deste estilo ukiyo-e preparando quadros para uma exposição e assim manter a tradição. Esses quadros são pintados em madeira usando técnicas bem específicas. (Você vai ler muito as palavras "quadro", "preparar" e "pintar" neste texto, rsrsrs)
Os designers intitularam o jogo como sendo um "color building", na prática funciona como um "bag building" com as pecinhas que representam os pigmentos de tintas para pintar seu quadro. Ou seja, um saquinho onde você vai colocando seus pigmentos e sorteando para usar, conseguem mais pigmentos e vai sorteando e por aí vai, é tipo um deck building, mas com peças ao invés de cartas. Mas este é apenas um dos aspectos do jogo, não gira tanto em torno dessa mecânica como parece inicialmente.
Os jogadores também terão um personagem com uma diferente habilidade que dá uma leve assimetria ao jogo, são bem equilibrados e com habilidades bem úteis.
Explicando um pouco como funciona a mecânica do jogo.
Ele acontece em três tabuleiros, sendo eles:
- O tabuleiro individual para cada jogador:
Este considero como sendo o principal. É onde você colocará até um limite de duas telas que você precisará preparar e pintar.
Nele também é onde você coloca as cartas de aprendizes/Assistentes, que são fundamentais, pois eles são quem preparam a madeira da tela antes de você entrar com a pintura. Cada aprendiz domina técnicas de diferentes ferramentas para: cortar, martelar, polir e entalhar. Esta ação de preparar a tela é representada por dois marcadores de ferramentas que ficam sobre a tela e simbolizam os trabalhos que precisam ser aplicados ali antes que ela possa receber a tinta. Cada assistente consegue então remover os marcadores das ferramentas que ele domina, e somente depois que o ultimo marcador for removido é que você começa a pintar. (Esses marcadores retirados são guardados, pois formam um set collect para pontuação de final de jogo)
E por fim, neste tavuleiro é onde ficam seus pigmentos girando entre dois pratinhos, tornando-se pigmentos ativos ou já utilizados. Esses pigmentos além de pintarem seu quadro ainda atuam como pontos de ação para um segundo tabuleiro que vou falar a seguir.

Imagem do tabuleiro individual com os pigmentos no pratinho ativo, um quadro a ser preparado com 2 marcadores de ferramentas e um assistente na parte de baixo.
- O segundo tabuleiro na verdade um "rondel" central:
É uma espécie de mancala e ao mesmo tempo trilha de ativação. Você deverá utilizar seus pigmentos pretos para movimentar seu meeple ali e ativar algumas ações do jogo, lhe permitindo pegar pigmentos básicos para sua bag, assistentes e telas novas entre outras ações... Além de ser um adereço muito lindo ao jogo, pois tem um fator de "brinquedo" muito legal. Ele gira como uma roleta.
Seu meeple gira em torno dessa roleta para ativar ações, e a roleta também gira até seu meeple para lhe dar alguns bônus. Achei a interação com este tabuleiro a parte mais legal do jogo, confesso.

Ao centro poderá ver a parte que gira deste tabuleiro com diferentes tipos de pigmentos que poderá acessar para coletar com seu meeple. Também na imagem cartas de assistentes e quadros que poderá selecionar, em torno do pentágono maior.
- O ultimo tabuleiro é o de exposição:
É neste tabuleiro, que após terminarem de pintar seus quadros, os jogadores vão poder expô-los e ali rola uma espécie de puzzle, pois dependendo da posição de encaixe do seu quadro combinando com os que já estiverem ali, você ganhará alguns bônus valiosos para pintar novos quadros.
Neste tabuleiro também fica uma trilha que controla quantos pigmentos cada jogador possui na sua bag para determinar quantos pigmentos poderá comprar ao fim de cada turno. Também é neste tabuleiro que ficam armazenados os pigmentos de cores secundárias que você só consegue ao misturar cores primárias e também as cartas de objetivos sorteadas para a partida.

Neste tabuleiro há 16 espaços para expor os quadros, sendo que um deles já está preenchido como poderá ver na imagem.
E então o jogo se passa em uma sucessão de rodadas onde você deverá: Selecionar os quadros que deseja pintar e ajudantes para preparar a madeira, vai montando sua bag com pigmentos, ativando ações na roleta, e quando completar a pintura coloca no expositor, ganha os bônus e continua o ciclo. Sempre tendo em vista seu objetivo pessoal, o set collect de fim de jogo e os objetivos gerais da partida aberto para todos.
O jogo acaba quando alguém completar um determinado número de quadros pintados no expositor, dando o start de fim de partida para que todos joguem a mesma quantidade de rodadas, e então conta-se os pontos para ver quem é o vencedor.
Mas não pense que essa sequência de ações é simples de executar. Requer um certo nível de planejamento e visão a médio prazo, pois uma coisa depende da outra. Eu mesmo me enrolei no começo da partida com algumas escolhas mal planejadas e só consegui completar meu primeiro quadro quando meus adversários já estavam quase completando o segundo.
Saber quando descartar um assistente para remover um marcador de ferramenta é muito importante também, fica aí minha dica! Além disso, não vá com sede ao pote para pegar o máximo de pigmentos, sua bag vai ficar cheia demais e isso vai te atrasar para pegar os pigmentos que realmente importam. A doutrina que Hokusai nos ensina é sermos humildes e não pegarmos mais materiais do que o necessário, não esbanjar. É um jogo para ser econômico nas suas jogadas, e vc consegue sim fazer tudo o que precisa com poucos materiais. E quando digo econômico me refiro literalmente, pois cada jogada conta, se você vacilar com alguma jogada mal programada pode te atrasar na sequência de ações e pode lhe custar pontos valiosos no final.
Mas e aí, gostei ou não do jogo?
Como já adiantei lá em cima, gostei sim! O tema está presente, embora obviamente não seja um jogo tão temático, presente tanto na arte quanto nas ações. Não me senti só empurrando pecinhas de madeira, enxerguei simbolismo temático com muitas ações ali.
Está muito bonito para quem curte esse estilo oriental, e pelas fotos os componentes pareceram muito bons (não vi pessoalmente para afirmar).
É um jogo rápido, acredito que todos sabendo jogar as partidas podem levar em torno de 1 hora, e é relativamente simples de explicar, vai agradar quem gosta de um euro leve. Para quem já jogou Grasse, eu diria que é um jogo mais ou menos no mesmo nível de peso.
As decisões no jogo, as escolhas que você faz, e principalmente quando as faz contam pro resultado final da partida apesar de não ter tantos caminhos diferentes para a vitória, o timing é o principal fator complicador.
E embora tenha um leve fator sorte por termos itens sorteados que você precisa disponíveis para seleção, e o sorteio dos pigmentos da sua bag, não chega a incomodar os eurogamers mais "puristas de sorte" na minha visão, é bastante "administrável" a sorte aqui.
Mas não tem só flores. Por fim, o que eu não gostei:
A trilha de contagem de pigmentos na bolsa de cada jogador, achei um pouco burocrática e facilmente esquecível durante a partida. Eu mesmo nem lembrava de ficar contando isso se não fosse o Moita relembrando todo fim de rodada. Mas entendo a necessidade dela.
E pode incomodar um pouco algumas pessoas o fato de que o jogo funciona em um loop de mesmas ações. Talvez, e digo muito talvez pois não posso afirmar com certeza apenas nessa partida teste digital, mas numa impressão preliminar após algumas partidas você poderá achar o jogo repetitivo em alguns aspectos por conta disso, mas sendo um jogo rápido, não é tanto um problema.
Mas esses dois pontos que mencionei que não gostei são apenas detalhes simples que não tiram o brilho do jogo que é gostoso de jogar. Gostei da experiência e com certeza quero jogar mais partidas para poder me aprofundar, deixou um gostinho de "quero mais".
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Hokusai entra em financiamento coletivo no dia 18/03 pelo Catarse, e pela receptividade do público está prometendo ser financiado logo no primeiro dia hein!
Não sabemos quais nem quantas metas estendidas haverão, mas o jogo tem margem para muitos incrementos bacanas.
Segundo o designer, o preço não será tão alto se comparado aos preços atuais que os jogos vem sendo praticados no mercado. Acredito que será um jogo com bastante componentes, de boa qualidade e num preço bem acessível devido à sua produção brasileira.
Só nos resta esperar pra ver o preço e os extras do financiamento e torcer para ter muita coisa bacana dentro dele.
E aí, pretende apoiar esse jogo Brazuca? Comenta aqui, vamos trocar uma ideia sobre.
Imagens no texto do protótipo fornecidas pela editora.