Olá a todos e todas!
Após eu ter montado a minha coleção, comecei a pensar como ela iria se "comportar" daqui 10 ou 20 anos... sim, a minha ideia ao fazer a coleção era que ela viesse para ficar!
Na época, eu só conhecia jogos que todo mundo conhece: Banco Imobiliário, War, Imagem & Ação e companhia limitada... jogos que, desde sempre, são vendidos na lojas, ano após ano!
Nesse tempo, fui conhecendo mais esse universo gigantesco dos jogos de tabuleiro, já comumente chamados de boardgames ou "jogos de tabuleiro modernos", lendo muito aqui na Ludopedia e no BGG (BoardGameGeek, a “Ludopedia mundial”). Daí, fiquei assustado em como que surgem jogos novos a cada semana (ou dias)! Quantidade simplesmente surreal! Haja dinheiro, espaço e tempo para tanta coisa!
Passados mais tempos, cheguei a diminuir a minha coleção em cerca de 30%, vendendo aqueles jogos que eu entendia que não faziam parte do meu "núcleo imutável eterno" (expressão fera que o Sandro, do canal do YouTube “Boards & Burguers”, costuma utilizar).
Analisando alguns aspectos que fazem um boardgame ficar “atemporal” e fazer parte do “núcleo imutável eterno” de uma coleção, vou citar coisas que já li e que vieram na minha mente.
Atemporal: que se considera à parte, fora do tempo
Antes de mais nada, eu tenho a plena convicção de que não existe um boardgame “perfeito”, aceito e aclamado por todos! Sempre vão existir pessoas que não vão gostar de um determinado jogo hiper mega aclamado, por alguns fatores, aos quais vou comentando adiante (spoiler: os outros jogadores da mesa constituem elemento diferenciador na experiência de qualquer jogo, sobretudo nos cooperativos e conflitivos!). A propósito, achei muito interessante a analogia que um boardgame seria como a música: todo mundo gosta, mas cada um tem o seu gosto! Algumas pessoas são ecléticas, outras gostam só de determinado estilo, outras curtem determinado estilo conforme uma circunstância ou momento de vida, e por aí vai.
Mas aí você pode pensar: “Ah, mas tem gente que não gosta mesmo de jogo!”. Bem, pode ter certeza que isso é pura falta de conhecimento/acesso dessa pessoa a algum jogo voltada para ela! Hoje em dia, até os jogos de destreza, explicados em 1 minuto ou menos, encantam pessoas que nunca tiveram acesso e gosto pelos jogos. Como exemplo, cito o glorioso “Dooble” (ou Spot It, lá fora), que funciona bem em qualquer quantidade de jogadores! Na minha experiência, esse jogo agradou a todos que eu mostrei, mesmo aqueles nunca tiveram acesso a qualquer jogo! Ah, faltou dizer que o Dooble é melhor do que café para acordar! kkkk
Dooble, grande o conquistador de novos jogadores ao hobby!
Ah, achei bem interessante um texto que eu li aqui na Ludopedia no qual o autor fala, por meio de diversos exemplos bem legais, que “o melhor jogo do mundo” é aquele que você conhece e joga! E pronto! kkkkk. Isso faz muito sentido e simplifica bastante essa análise! rs
Bem, na minha humilde opinião, os boardgames “atemporais”, que farão parte da minha coleção indefinidamente, são aqueles que reúnem as seguintes características: diversão/”tesão” nas jogadas, possuir uma arte/iconografia “moderna” (que não fique “datada”/ “envelhecida” daqui uns 20 anos), um tema que eu goste (a imersão é algo que os boardgames sempre podem proporcionar e eu adoro) e, lógico, mecânicas/formas de jogar que eu goste muito e que não estejam melhor implementadas em outro jogo que eu conheça. Ah, também não poderia deixar de citar a seguinte característica: poder ser jogado muito bem com um grupo de 2 a 4 pessoas (sim, critério muito pessoal)! Exceção a essa quantidade, claro, são meus jogos festivos.
Para exemplificar um boardgame que eu gosto muito e que eu entendo que está dentro dessas características, vou citar algo que eu sei que tá longe de ser unanimidade no nosso hobby: As Lendas de Andor! Se o nosso hobby é de nicho, penso que esse jogo é um nicho dentro de um nicho! Muitos citam, por exemplo, que ele possui poucas missões para cumprir e, assim, pouca rejogabilidade, não justificando adquirir tal jogo. Contudo, a minha afirmação de que esse jogo é um nicho dentro de um nicho se baseia no fato de que o jogador deverá buscar na internet novas missões (chamadas de “Lendas”), heróis e mini-expansões para imprimir e incrementar ainda mais o boardgame. Na Alemanha, casa dele, há inúmeros fãs que até mesmo criam diversos conteúdos para ele.
A arte do jogo é de primeiríssimo escalão: Michael Menzel (que também é designer do jogo)
O exemplo que eu dei trata de um jogo cooperativo, no qual muitas pessoas não gostam e torcem o nariz. Na minha opinião, com certeza as pessoas com as quais você joga irão influenciar imensamente no quanto que você vai gostar de determinado jogo. E, nos jogos cooperativos (especialmente As Lendas de Andor, cujo desafio é forte), definitivamente a qualidade da experiência é ainda muito maior no fator dependência dos outros jogadores. Contudo, se você encontra amigos com os quais você gosta de interagir e se ajudar, as As Lendas de Andor brilha muito forte!
Bem, esse texto despretensioso teve como finalidade fomentar a discussão a respeito da “atemporalidade” de um boardgame. Diante de tantos lançamentos de novos jogos, o que, para você, faz parte de seu “núcleo imutável eterno”? Claro, por gentileza, justifique sua escolha! 
Para terminar o texto, faltou eu dizer que, sim, eu sou jogador eclético e gosto de todos os estilos de boardgames. Contudo, tenho ciência que serei “influenciado” na experiência do jogo por conta dos demais jogadores da mesa. Dito isso, jamais jogarei um cooperativo com pessoas que não tem muito o perfil de, adivinha... cooperar!