afelipecc::
Mano, concordo em tudo que escreveu. Tentei apenas resumir. Rsrs
A cotação do dólar faz todo sentido, é como o combustível mesmo quando cai la fora, na bomba nunca cai.
Mas tb me impressiona como 1 card game como Arkham Horror Card Game esta custando 60 dolares?
O jogo é bom? é, mas sao cartas, alguns marcadores e saquinho, esse preço ha pouco tempo atras eram jogos com mts componentes.
Outra coisa é o nosso mercado local, quantos anuncios sao do tipo:
Jogo ta novo, so foi aberto e componentes nunca foram destacados.
A galera compra jogos caros e nem joga, abre e vem vender a preço de novo, as vezes leilao com preço de partida igual ao que ta na Amazon.
Abraço e bons jogos
Caro afelipecc
Meu camarada, eu já nem tento mais resumir, porque aprendi que definitivamente, essa não é a minha praia, como você mesmo pode ver. Por isso eu já peço desculpas antecipadamente, a todos aqueles que eventualmente ficarem ofendidos com o tamanho do texto (porque eu descobri que muita gente aqui no Ludopedia, realmente se ofende com isso), e conto com a compreensão de todos para essa minha "deficiência pessoal" (rsrsrs). Para aqueles aos quais não for possível me perdoar, ou simplesmente me ignorar e pular para o próximo comentário, eu peço apenas para maneirarem nas pedradas e nos xingamentos, pois minha mãezinha, muito querida, agradece efusivamente (rsrsrsrs).
No mais é por aí mesmo, conforme você escreveu. Aqui ninguém é santo, e a mesma pessoa que desce o sarrafo nos preços das editoras, muitas vezes é a mesma que comprou o Stone Age por R$ 150,00, e bota para vender a R$ 600,00, no mercado de usados. Mas tem uma diferença fundamental. Essa pessoa que acha sacanagem que a editora queira lucrar horrores, mas no caso dela própria funciona o esquema "o jogo é meu e vendo por quanto eu quiser", tal indivíduo, por ser um só, afeta muito pouco o mercado de board games, enquanto que uma editora afeta todo um jogo, por inteiro, seja para o bem ou para o mal.
As editoras não querem que as pessoas comprem jogos excelentes e consagrados como Race For The Galaxy, Kingdomino, A Tripulação, Carcassonne, Codenames, Cartógrafos, Santa Maria, Tigris & Euphrates, Alhambra, Jaipur, entre outros. Isso porque, tirando o Cartógrafos e o A Tripulação, mais recentes, esses são jogos antigos (com mais de 5 anos) e que se consegue comprar, sem muito esforço, por R$ 150,00, alguns desses até por menos de R$ 100,00, ou algo perto disso. Na verdade, o que as editoras querem é que as pessoas comprem jogos como o Everdell ou o Arkham Horror Card Game, por R$ 450,00, sendo que esse último certamente vai precisar de expansões que serão ainda mais caras. No final de contas o sujeito vai terminar com um jogo de cartas que, com as expansões, acabou custando mais caro do que o Gloomhaven, do que o Clash of Cultures, ou o Descent, cada um com uma cacetada de componentes.
Além disso, hoje nós temos uma situação que só ajuda a aumentar o preço dos jogos, que é um investimento pesado das editoras não em tornar o board game mais acessível, mas sim em criar um hype enorme só ao redor dos lançamentos, que são evidentemente mais caros, e envolver uma galera enorme na divulgação, trabalhando nesse sentido. Aliado a isso, hoje nós também temos uma quantidade enorme de pessoas, que descobriram o hobby dos board games durante a pandemia, que são muito suscetíveis ao HYPE e ao FOMO (ou MFF "medo de ficar de fora"), e que por isso correm atrás do tempo perdido, pagando o preço que for pelos jogos. O pensamento é o seguinte: já que "eu cheguei tarde na festa", e não deu para comprar jogos que todos comentam, mas quem tem não vende, tais como o Battlestar Galactica, o Indonesia, o Caverna, o Village, o El Grande, entre outros, então pelo menos esse jogo de cartas, ou com meia dúzia de componentes, por R$ 500,00, que todo mundo está falando, esse sim eu vou comprar. Enquanto isso, jogos fenomenais como Puerto Rico ou Castles of Burgundy passaram anos mofando nas prateleiras das lojas, porque não tinham um hype condizente, associado a eles.
Para terminar, eu não estou dizendo que as pessoas não deveriam comprar jogos como o Arkham Horror Card Games, aliás eu sou tão fã dos jogos Arkham Files, que curto até mesmo o Elder Sign, para você ter uma ideia. Mas a invés de pagar uma pequena fortuna agora, eu prefiro aguardar dois ou três anos, quando a onda passar, e o hype for em cima de outro lançamento, e quem comprou o AHCG hoje por R$ 450,00, estiver vendendo o jogo por menos da metade do preço que pagou. O que eu estou dizendo é que antes de sair comprando tudo que é jogo, caro para caramba, só porque viu o "fest isso" ou "spolier aquilo", cheio de gente importante dizendo para comprar (em que muitos deles receberam o jogo de graça), a pessoa deveria parar e ver o quanto dessa compulsão de compra é interesse genuíno e quanto é "vontade de ir na onda, junto com todo mundo, porque fulano ou beltrano disse assim". Por isso, antes de comprar, as pessoas deveriam assistir vídeos de gameplays (melhor até do que review ou unboxing), se possível jogar on-line, para saber se o jogo realmente vai agradar ao seu gosto pessoal, ou se esse seu impulso de comprar é mero fruto do efeito da propaganda.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio
P.S. Só para dar um testemunho pessoal, quando saiu o "A Tripulação", eu fiquei empolgadíssimo para comprar e quando o jogo chegou nas lojas (compra em pré-venda, eu não faço mais isso, de jeito nenhum, porque prefiro ficar sem o jogo se ele se esgotar antes de lançar, o que eu só vi acontecer com o Gloomhaven, diga-se de passagem, do que comprar e me arrepender, como já ocorreu comigo algumas vezes), eu já ia apertar o botão de compra, mas deu um estalo, eu preferi assistir a um vídeo de gameplay antes e descobri que o jogo era muito bom, só não era para mim, porque o meu estilo é outro. Se eu tivesse simplesmente surfado na onda do hype, teria comprado um jogo que no final não me agradaria e certamente seria revendido na primeira oportunidade. Portanto, nós todos devemos pensar bem e pesquisar bem, antes de comprar qualquer board game.