Odanan::Dou um pouco de razão tanto para Knizia quanto para o Garfield...
Quando comecei a criar o Vossa Excelência, eu tinha experiência com card games (Magic, Battletech, Vampire, Game of Thrones...), mas pouco conhecimento dos board games modernos. Tanto que a primeira versão do jogo (2015) era num estilo euro que simplesmente não "funcionou" e foi abandonada. Só meses depois, quando eu reformulei completamente o jogo dentro de um formato que tinha mais domínio (living card game), que ele deu certo.
Nos anos seguintes, fiz um "intensivão" de board games modernos, enchendo duas estantes. Eu vi que precisava de mais conhecimento, se quisesse lançar outros produtos. O problema é que eu descobri que, muitos jogos que eu queria fazer, já existiam.
Falando no seu Papertown (que está lindão!), eu tinha uns esboços para um jogo semelhante de construção de cidade com tiles (sou fã antigo do SimCity, fazer o que...), mas fui descobrindo tantos jogos com o tema que desisti. O mesmo aconteceu com vários outros títulos. Acho muito intimidador trabalhar um tema que já foi explorado, ainda mais por grandes mestres.
Aquela empolgação de fazer, muito fruto do desconhecimento e de estar entrando nesse mundo novo, era uma força motriz para eu tocar pra frente os projetos. Mas cheguei num ponto em que, quanto mais eu abro meu repertório, menos consigo criar. Complicado, né?
Eita cara, não se deixe amuar por já existirem jogos com o mesmo tema. Tem temas que são específicos, tipo, sei lá, Marco Polo ou Lisboa, que se vc lançar um segundo jogo soa estranho. Mas city-building, assim como trem, zumbi, fazendinha, são temas com tantos jogos tão diferentes entre si, que não tem porque evitar repetir. Tem que encontrar o elemento que vai diferenciá-lo dos outros, mas não tem problema se o tema for o mesmo.
Concordo tb que às vezes o desconhecimento de certa forma nos empodera, pois vc não conhece todo o universo de coisas que já foram feitas. Na época que comecei o Papertown, por exemplo, lembro que inscrevi ele num concurso da Abrinq e fiquei indignado por não ter sido escolhido, pois não tinha ideia que outras pessoas poderiam estar fazendo coisas semelhantes no Brasil. Quando fui retomar o jogo, alguns anos depois, descobri que era horrível, e tive que mudar muita coisa.
Mas não deixe o repertório te paralisar. Sua ideia inicial nunca será tão boa quanto um jogo pronto, mas vai testando, burilando...