No mundo de jogos digitais, os jogos de mundo aberto, também conhecidos como sandbox, são bem comuns. Nesse tipo de jogo, o jogador possui muito poucas limitações e pode vagar à vontade pelo mundo virtual. Diferente dos chamados jogos de progressão, onde existe um caminho claro a ser seguido, esses jogos possuem uma característica não-linear, dando a liberdade do jogador seguir por diversos caminhos diferentes. É justamente essa liberdade que encanta e atrai muitos jogadores!
Mas e no caso de jogos de tabuleiro? Será que é possível replicar essa experiência dos jogos sandbox em cima da mesa? Ainda com uma limitação de tempo de duração da partida e de espaço do tabuleiro, existem alguns jogos que fazem muito bem esse papel. Uma característica marcante desse tipo de jogo é justamente não haver um caminho linear a ser seguido, permitindo os jogadores explorar o mapa no tabuleiro do jogo para executar diversos tipos de tarefas, que acabam resultando em pontuação para o final do jogo. A existência de diversas abordagens para pontuar, de consequências a longo prazo das ações dos jogadores e de elementos narrativos que adicionam um sabor especial no cenário também são comuns nos jogos sandbox.
Um exemplo de jogo nesse estilo é o Merchants & Marauders, que coloca os jogadores no mar do Caribe na época em que a pirataria estava em alta, cabendo a cada um assumir uma postura amistosa como comerciante ou mais agressiva como pirata. Com mecânicas para representar um sistema de oferta e demanda para o comércio e um emocionante mecanismo para batalhas marítimas, o jogo permite aos jogadores explorarem os dois lados e até a mudar de ideia no meio da partida. Isso tudo ainda é incrementado por diversos outros elementos como rumores a serem investigados, tesouros enterrados, upgrades nos navios e intrigas entre os países que dominavam cada região.
Um outro sandbox de tabuleiro que foi recentemente trazido pela Conclave para o Brasil é o Western Legends. Dessa vez, o cenário é o temido velho-oeste, onde seu personagem deve buscar ser o mais lendário dentre os jogadores. Ele pode ser um fora-da-lei procurado por roubar bancos, ou um defensor da justiça que manda bandidos para a cadeia. Se não quiser fazer nada disso, você ainda pode minerar ouro, disputar uma partida de poker no Saloon, escoltar o gado até a estação de trem ou mesmo torrar toda sua grana no cabaré. Em todo caso, é melhor sempre dar uma passada no armazém para garantir uma boa arma e uma veloz montaria... São muitos caminhos que você pode seguir! Isso tudo sem falar na própria interação entre os jogadores que pode deixar tudo mais apimentado.
Um que infelizmente ainda não chegou no Brasil (e talvez seja difícil de chegar) é o The 7th Continent (valendo mencionar também seu spin off The 7th Citadel). Para mim é impossível falar desse jogo sem amor no coração, pois hoje ele figura dentre meus favoritos. Em uma partida de 7th Continent você está preso em uma grande e misteriosa ilha (como o nome do jogo diz, o sétimo continente) e precisa enfrentar uma ou mais maldições para conseguir vencer. Você tem liberdade para ir para onde quiser, e a continuidade do jogo vai depender basicamente de sua capacidade de conseguir comida e sobreviver. Para conseguir vencer as maldições, você precisa seguir as pistas que tentando encontrar o que precisa na ilha, mas se não for atrás, existe uma grande chance de ficar vagando sem rumo... É impressionante como esse jogo consegue trazer surpresas depois de várias partidas e como cada vez que passamos pelos mesmo locais a experiência pode ser completamente diferente!
Esse é o estilo de jogo que vai gerar histórias memoráveis, como aquela vez que um pirata escapou de um galeão armado até os dentes estando cheio de ouro ou a que o fora-da-lei ganhou a partida dando uma volta no Xerife e levando uma rodada de poker com um full house. Cada partida acaba sendo diferente e ninguém sabe exatamente o que vai acontecer, exceto que vai rolar muita diversão!
Veja também: https://youtu.be/HmlGKngUv0k