Review: Kingsburg (2ª Edição)
por Marcelo Cardoso
Conteúdo da Segunda Edição do Jogo
Designer: Andrea Chiarvesio, Luca Iennaco .. Artista: Davide Corsi, Roberto Pitturru .. Estilo: Estratégico .. Tema: Medieval
Ano de lançamento: 2017 (2019 BR) .. Editoras: Bucaneiros Jogos/ Game Harbor .. Dependência de idioma: Mediana
Idade recomendada: 10+ .. Duração: 120 minutos .. Nº Jogadores: 2 a 5 .. Nível de Regras: Médio
Mecânicas: Alocação de Trabalhadores, Rolagem de Dados, Jogadores com Diferentes Habilidades
O que é?
"Kinsburg está sob ataque! Exércitos monstruosos espreitam os limites do reino esperando o melhor momento para iniciar a invasão. Nesse momento caótico o rei Tritus nomeia novos governadores para administrar e defender as cidades fronteiriças. Estará você preparado para executar tão importante tarefa?".
Um verdadeiro clássico, referência em jogos com mecânica de alocação de dados, Kingsburg é um jogo dos designers Andrea Chiarvesio e Luca Iennaco, que teve sua primeira edição lançada em 2007 e esta segunda edição lançada 10 anos depois, em 2017.
Revisado e melhorado, Kingsburg 2ª Edição traz todas as expansões que existiam para a edição anterior e mais duas novas, acrescentando um grande volume de modos de jogo extras que aumentam, e muito, a variedade das partidas e a longevidade do jogo na coleção.
Iniciando a Jogatina
Como joga?
A ideia desse tópico não é explicar as regras detalhadas, mas sim dar uma ideia geral e ilustrar as principais ações e as situações mais comuns que acontecem em uma partida.
O jogo transcorre em 20 rodadas (tematicamente, 5 anos com 4 estações cada: Primavera, Verão, Outono e Inverno). Em cada rodada os jogadores irão rolar 3 dados da sua cor, +dados extras, se houver, somar os resultados e alocar, em ordem, esses dados à sua escolha no tabuleiro.
Exemplo: João rola seus 3 dados e tira 6, 4 e 5 (somando um valor de 15). Assim ele poderia, na sua vez, colocar todos os 3 dados sobre o Inventor, o conselheiro que se encontra no espaço 15, recebendo no final dessa fase os benefícios que ele oferece. João também poderia optar por dividir os seus dados, alocando o 6 e o 4 no espaço 10 (General) e guardando o 5 para a próxima jogada. Após todos os demais jogadores fazerem suas jogadas, João poderá então alocar o seu dado 5 no espaço 5 (Sargento), desde que nenhum outro dado tenha ocupado aquele espaço. Caso outro jogador tiver alocado um ou mais dados nesse espaço, João não poderá jogar ali e perderá o seu dado.
Após todos jogarem seus dados e recolherem seus benefícios, tem início a fase de Construção, em que os jogadores poderão trocar recursos por edifícios, em seu tabuleiro individual, que irão lhes render pontos de vitória imediatamente e vantagens a ser utilizadas durante todo o jogo.
No tabuleiro principal, logo abaixo dos conselheiros, há uma trilha, que avança posições uma a uma, não só nas estações mas entre elas também. Todos esses pontos possuem ações próprias, sendo que nas estações de Primavera, Verão e Outono ocorre a chamada "estação de produção" que inclui as fases de rolagem e alocação de dados, benefícios da influência sobre os conselheiros e a fase de construção. No Inverno não há produção. Ao invés disso, cada jogador deve comparar a força de seu exército contra a força militar dos invasores (que fica oculta e só é revelada nesse momento) e colher os bônus ou ônus da batalha.
Ao final do ano 5 (rodada 20), o vencedor é aquele que somou mais pontos de vitória!
Belíssimos componentes!
É bom?
Após jogar algumas partidas com e sem as mini expansões que já vem na caixa, posso afirmar que gostei bastante do jogo. A adrenalina de jogar os dados a cada rodada está presente, ao mesmo tempo em que as coisas não ficam tanto ao acaso da sorte, uma vez que há várias maneiras de se administrar o resultado e dividir suas ações para conseguir recursos e outras vantagens no tabuleiro.
A ação de construir permite não só ver o crescimento de sua cidade como também usufruir de novas ações bônus que aumentam as possibilidades de jogo. Isso é bom, mas exige uma certa atenção para administrar muitos poderes ao mesmo tempo, sem se esquecer de algo pelo caminho.
Outra coisa que causa um certo incômodo é a exigência de ter de defender a sua cidade de ataques todo o final de ano. Isso acaba limitando um pouco estratégias que, a princípio, não teriam o escopo militar como prioridade. Por outro lado, a expectativa pelo inimigo que está por vir e a penalidade ou recompensa que ele traz em caso de derrota/vitória é sempre interessante. Pena que os combates são resolvidos de forma muito simples, apenas comparando a sua força militar com o poder do monstro da vez.
A divisão de cada um dos 5 anos em 4 estações permite aos jogadores se organizarem e se programarem melhor, e ainda equilibra o jogo oferendo vantagens que ajudam a recuperar quem está mais atrás, mas sem deixar de premiar também aquele que está mais a frente na disputa. A briga por pontos costuma ser bem acirrada, porém sem grandes surpresas no final onde o jogo simplesmente acaba com quem está a frente na trilha de pontuação sendo declarado o vencedor.
Sobre as mini expansões, achei legal a assimetria proporcionada pelas Cartas de Governador, que conferem a cada jogador um poder diferente; as Cartas de Destino, que acrescentam uma nova condição (boa ou ruim) a cada novo ano, trazendo um elemento de imprevisibilidade; e os Marcadores de Soldados, que possibilitam aos jogadores planejarem um pouco melhor a sua tática de defesa. Os demais módulos servem mais para trocar peças nos tabuleiros, aumentando assim a rejogabilidade. Existem ainda algumas cartas de cenários que servem para adicionar algum contexto narrativo e realizar pequenas alterações na forma de jogar.
A produção dessa segunda edição está muito boa, principalmente no que diz respeito aos dados e as peças de madeira. Os tabuleiros individuais de Construções poderiam vir num papelão de maior gramatura, mas não é nada que comprometa a jogabilidade. O tabuleiro é bem ilustrado com a arte séria e elegante do jogo e o manual está muito bonito e com as regras muito bem explicadas. Há ainda um modo especial para 2 jogadores, a meu ver bastante funcional.
A versão nacional da Bucaneiros Jogos trouxe ainda inserts para acomodar os componentes e as cartas e dois roladores de dados feitos de madeira, muito úteis.
Para quem é indicado: Apesar de ter regras simples e fáceis de explicar, Kingsburg pode não ser uma boa pedida para jogadores casuais ou que não gostem de passar muito tempo num mesmo jogo. Isso se deve ao elevado "AP" (tempo que o jogador da vez leva para finalizar a sua jogada) que pode ocorrer por conta de um "block" (jogada do adversário que literalmente bloqueia a sua jogada, te forçando a repensar a sua estratégia) na alocação dos dados e, principalmente, pela manutenção das muitas vantagens que se acumulam ao construir novos edifícios em sua cidade. Sendo assim, recomendo esse jogo para jogadores um pouco mais experientes ou que não vejam problema em gastar um pouco mais de tempo nas primeiras partidas até estar mais familiarizados com as ações dos conselheiros e das construções.
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