Parabéns pelo texto, pela responsabilidade e cuidado com o tema e pelo estudo prévio sobre o assunto! Muito bom mesmo. E que me fez procurar saber porque a cachalote ganhou a alcunha de Sperm Whale (e por incrível que parece, inicialmente o tal espermacete foi confundido com esperma).
Concordo muito contigo sobre a seriedade que temos que lidar com questões históricas, sem querer promover revisionismo ou usar como alavanca para política partidária. Uma coisa que vi recentemente em algumas mídias e achei muito interessante foi o alerta de gatilho. Talvez seja uma prática boa, não para não causar o gatinho, mas para que o consumidor daquela mídia não seja surpreendido, dando a opção de não consumir algo que lhe cause o mal.
Aproveitando o seu gancho (com o perdão do trocadilho), queria compartilhar uma experiência que tive ao apresentar para uma mesa o Galaxy Trucker. Minha propaganda do jogo foi: esse jogo tem uma parte que é com tempo real, pra gente montar a melhor nave do jeito que der; e uma segunda parte, em turnos, para a gente ver o caos acontecendo e zoar da cara um do outro. Para mim, foi sempre uma experiência divertida, até o dia que não foi, porque uma pessoa na mesa sofria de ansiedade e o tempo real aliado à pressão para montar uma nave "perfeita" funcionaram como gatilho. Quando eu tiver a oportunidade de apresentar o jogo para outra pessoa, a primeira coisa que farei é um alerta de gatilho para que, se for o caso, tenhamos a oportunidade de escolher outro jogo.
Talvez tenhamos que aprender mesmo que não apenas nos últimos 150 anos muita coisa mudou, mas também nos últimos dias muita coisa mudou sobre como devemos tratar sobre certos temas com as pessoas e estamos meio que tateando, sem saber qual a melhor abordagem para tudo de maneira adequada. Mesmo com todo o cuidado e respeito com os temas durante o jogo, eu, por exemplo, veria com bons olhos, "trigger warnings" (alertas de gatilho) nas caixas dos jogos para que tenhamos mesas mais seguras para todos. Também não sei se seria a melhor solução.
Uma coisa que você destacou e que é muito importante (e que talvez também seja uma solução, talvez não a melhor) é que muitas vezes a ficção científica ou a fantasia usou de artifícios de criaturas sencientes e racionais de outros planetas, ou sobrenaturais, inclusive robôs para tratar sobre temas sensíveis.
Sucesso e que venham mais textos!