iuribuscacio::Caros Board Gamers
Especificamente em relação ao “Descent: Lendas da Escuridão”, para mim não faz muita diferença se esse jogo em especial custará R$ 1.200,00, ou R$ 2.400,00 ou R$ 3.600,00, porque um jogo de mais de R$ 1.000,00 está tão fora da minha realidade, e tenho certeza que da grande maioria das pessoas aqui do Ludopedia, que a priori eu nem deveria me preocupar com ele.
O problema, é que mesmo com esse preço, que na minha opinião, é absurdamente caro para um jogo de tabuleiro, por melhor, mais lindo e mais maravilhoso que ele seja, ainda assim o Descent certamente vai vender bastante, principalmente se ele vier sem os erros grotescos que a Galápagos costumeiramente comete.
E aí, essa aceitação por parte do mercado, de qualquer preço, por mais alto que seja, começa a me afetar, porque passa a refletir nos jogos que fazem parte da minha realidade, em tese, pelo menos. O raciocínio das editoras é no sentido de que, se mesmo custando mais de R$ 1.000,00, as pessoas continuam comprando board games, então passa a ser tranqüilo cobrar R$ 600,00, em um jogo que poderia custar R$ 300,00.
Nesse momento entra em campo a rapaziada dos “justificadores do obscuro processo de precificação”, para explicar, que a culpa é do dólar, do frete, dos impostos, mas absolutamente nunca é culpa da editora que quer lucrar o máximo possível, independente disso escorchar no mais alto grau a sua clientela.
Só que o preço do reprint do Stone Age não foi o resultado de um sério processo de precificação, mas simplesmente a editora resolveu cobrar o mesmo valor médio do mercado de usados, por volta de R$ 500,00/R$ 600,00, que estava artificialmente inflacionado por conta da escassez, o que não tem nada a ver com o real custo do jogo, somado ao lucro das empresas envolvidas, as editoras, as distribuidoras e as lojas.
É por isso que se vê um jogo como “Ilha dos Gatos”, que custa em torno de R$ 450,00, apesar do Barenpark, que tem a mesma proposta, custar apenas R$ 200,00. É por isso, que o “X-Men: Insurreição Mutante”, e o “It’s a Wonderful World”, que são basicamente jogos de cartas, custam R$ 400,00 e R$ 350,00, respectivamente. É por isso que a nova edição do “7 Wonders” custa em torno de R$ 400,00. É por isso que o “Hallertau” comum, custa em torno de R$ 600,00, mesmo preço de lançamento do “As Ruínas Perdidas de Arnak”. E olha que dos jogos apontados acima, nenhum deles usa inúmeras miniaturas, que normalmente são as “grandes vilãs”, que encarecem os jogos. Esses são apenas alguns exemplos e a lista poderia se estender muito mais do que o necessário, para demonstrar o ponto defendido (obs: preços aproximados e incluindo frete, em alguns casos).
Não dá para entrar no mérito se o jogo vale ou não vale esse seu “peso em ouro”, nem aquela questão do valor intelectual agregado (todo mundo está careca de saber que não é apenas papel e plástico), até porque isso é subjetivo. Para os entusiastas do “Gloomhaven” o jogo poderia valer até o dobro dos R$ 1.500,00, que se chegou a cobrar, mas ninguém vai ser louco de pagar R$ 3.000,00 em uma versão base de um board game. Os kickstarters da vida com todos os frufrus possíveis e imagináveis, com qualidade alemã são outra história, muito embora, nem mesmo assim eu acho que se justifica o preço caríssimo que se costuma pagar por eles.
Por fim, não é à toa que muita gente está aderindo aos board games digitais da Steam e assemelhadas. Eu certamente também acho estranho esse uso da tecnologia em um campo que é exatamente a antítese do digital, como é o caso do universo de madeira, plástico e papel dos board games. Porém fica muito difícil não optar pelo digital, quando um “Gloomhaven” físico custa R$ 1.500,00 e a sua versão digital, mesmo que imperfeita custa por volta de R$ 50,00, ou quando o “Lords of Waterdeep”, cuja versão digital (excelente e muito bem implementada por sinal) custa apenas R$ 20,00 e a sua versão física sai por mais de R$ 500,00. Se os preços dos board games continuarem nesses valores altíssimos e com tendência a subirem ainda mais, talvez as versões digitais acabem se tornando a única opção, mesmo que elas não sejam de forma alguma a mesma coisa, nem entreguem de modo algum, a mesma experiência das versões físicas dos board games.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio
Prezado Sr. Iuri,
Concordo totalmente com seu ponto de vista em relação aos preços. Inclusive ate me espantei em encontrar alguem que pense tão "exatamente" que nem eu (a diferença eh que sou recente no hobby, ainda nao tenho propriedade para argumentar com seguranca por aqui, pq aqui os lojistas[e simpatizantes] vem em peso contra argumentar [eu entendo e respeito o motivo do pq eles veem, eh o trabalho deles, ganha pao, eles nao vao deixar de sustentar seus filhos]).
O meu ponto eh, acabei desistindo de tentar "passar" qualquer tipo de mensagem semelhante a sua, em relação aos preços pois descobri que sempre terao as mesmas 500 a 1000 pessoas que vao sustentar os valores pedidos(por mais absurdos que seja). Provavelmente sao profissionais altamente remunerados que precisam justificar seus ganhos(no fraco psicologico de muitos deles, pra que ganhar 10.000 se nao vou gastar? Entao acaba sendo uma necessidade patologica de revolta contra sua propria forma de vida) gastando de forma superflua e irresponsavel soh "pq ganhou".
Sao medicos, funcionarios publicos, empresarios, gerentes, politicos, enfim, q se encontram espalhados pelo Brasil nas grandes capitais em geral Sao Paulo, Rio, Brasilia, Minas, Santa Catarina, Parana, RS, Mato Grosso, etc... Cada um deles geralmente tem seu grupinho q compram tambem ou dividem um Gloomhaven tranquilamente por 1.300 sem pestanejar.
Portanto percebi que sempre terao essas 1000 pessoas que literalmente IGNORARÃO essa mensagem por mais certa e por mais que eu concorde tambem com ela. Por mais que tenha tantos jogos lancados por mes, cada um "desse seleto grupo hipotetico que citei" compra um lancamento diferente e depois vao "trocando" atraves de venda e compra entre esses proprios grupos(de sp para rj, de rj pra mg, etc) fazendo com que todos os lancamentos com precos absurdos sejam absorvidos independente dos precos praticados.
Por isso meu questionamento (quero solução, "eu nao vim pra me explicar, vim pra resolver"):
Como lutatemos contra esse seleto grupo irredutivel na sua crença e viciados por consumo? Esse, pra mim, eh o verdadeiro questionamento. Nao vejo outra saida.(em relacao aos preços)
Infelizmente nao achei resposta ainda ja que convencer quem tem o "poder" ($ infelizmente) a abrir mao do poder eh uma das tarefas mais dificeis de todos os tempos da nossa historia de existencia de vida.
Espero com toda minha alma, estar errado(e exista outra forma de mudar esses precos [inclusive adoraria ouvir alternativas quem puder]) e possamos mudar esses precos (1.200!!!!!!) antes q afete meus jogos de 300, senao vou jogar somente jogos esquecidos e mofados de anos atras pra sempre(pq nao vou desistir do hobby heheh)
Pra mim esta claro a ma intencao por tras desses preços abusivos sem sentido de hoje em dia. Nao da pra passar mais pano pra isso. (Ainda assim, respeito quem apoie precos abusivos)
No mais parabens pelo texto, temos que conscientizar as pessoas!!!