storum::
Iuri ótimo texto, muito grande kkk vou tentar apenas dar um resumo de algumas coisas como complemento...
Jogos caros: sim, cada vez mais caros, por trás disso em grande parte tem sim uma gama de fatores incluindo estúdios, pessoas, licenciamentos, marketing, logistica, etc. Esqueça aquele pensamento do tipo q na produção de determinado jogo tenha apenas o produtor, designer e dono da gráfica e que tudo se resuma a " plástico, madeira e papelão ". Vários jogos são " caros " pra nós e tb " caros " no exterior para os próprios gringos. Hoje já tem estúdios de bgs que são maiores que estúdios de jogos digitais de vgs e tb oferecem maiores salários.
Em relação à editora nacional dar explicações dos preços, eu tb adoraria ver isso mas não fazem por questoes de sigilo, contratos futuros, etc. Tenha em mente que eles gostariam muito tb de vender algo com preço acessível ao mercado nacional pra garantir maiores qtidades e ter melhores resultados mas isso, repito, em sua grande parte não parte deles, o buraco é mais embaixo, tudo já começa la fora...sair difamando, caluniando, etc pra cima deles como alguns tem feito não vai ajudar em absolutamente nada..é necessário compreender o problema. Como já disse aqui antes, a maioria que critica uma editora X com preço XX não sabe nem o quanto custou esse jogo la fora...ou toda a carga de N fatores para trazer esse jogo no país. Sim, temos algumas exceções e uma delas é justamente quando vc consegue importar tal jogo, pagar os devidos impostos legais e conseguir economizar no preço se comparado ao preço nacional, mas isso tem que ser feito com um preço médio padrão de mercado internacional, não se aplica ao preço " desconto de algum lojista internacional ".
Hoje alguns usuários acham o maior "luxo" e "elegância" pagar 200 a 250 reais em um jogo de pouquissimas cartas e tokens, com manuais de 3 ou 4 paginas, pesando algo em torno de 300g do que pagar 800 reais em jogos com 10 kilos de componentes, milhares de cartas e tokens, manuais em forma de livros, etc... Em questões econômicas dos jogos em si, (sem reportar ao termo jogabilidade/diversão) isso reflete o maior desconhecimento dos custos de produção de ambos os jogos.
Caro Storum
Inicialmente, muito obrigado pelo elogio, e mesmo não concordando integralmente com os seus pontos de vista, acho que você escreve, e defende seus argumentos muito bem. No meu caso, meu camarada, realmente eu tenho que confessar que meus textos são bem longos. Mas em minha defesa eu alego que o tema é muito complexo, e os argumentos acabam exigindo, muito papel e tinta, ou, melhor dizendo, muitos caracteres. É claro que seria possível escrever apenas:
“O mercado de board games é assim, porque é, acostume-se a isso!”
Um argumento desses ocupa só uma frase, e quem quiser fazer assim tem todo o direito, afinal cada um se expressa como achar melhor, e ninguém tem nada com isso. No entanto, eu acho que isso contribui muito pouco para o debate.
Em se tratando do mercado nacional de board games, a pergunta de um milhão de dólares é: “Por que os jogos de tabuleiro são tão caros no Brasil?”. Imediatamente, as pessoas dão uma série de respostas, como por exemplo: “Ah, esse jogo custa muito caro porque tem uma miríade de componentes!”. Só que quando você retruca: “Tudo bem, mas quanto custou produzir essa miríade de componentes?”. Aí a respostas é: ”Ah, isso não dá para saber, porque é uma informação sigilosa, resguardada por cláusulas contratuais”.
A conclusão é evidente: se uma pessoa não sabe quanto custou para produzir os componentes do jogo, como ela pode atribuir o seu alto preço ao alto custo de produção de seus componentes, sem saber se esse custo foi alto ou não?
Tudo que se pode fazer, e é o que as pessoas normalmente fazem, é especular a respeito, e uma especulação pode tanto estar muito certa, quanto muito errada. Talvez a única exceção, a essa ausência de informação, seja o peso da carga tributária, porque como ela é percentual, e é um percentual muito alto, esse custo será sempre muito elevado, independente de quanto custa o jogo. Agora, componente, licença, frete, e assemelhados, nada disso dá para saber, com certeza, a menos que você esteja envolvido diretamente na produção do jogo, e às vezes nem assim.
Conforme eu disse no texto, quando você vê o Stone Age ser vendido pelo mesmo valor que as cópias usadas estavam sendo negociadas, fica claro que a Devir não fez nenhuma engenharia de precificação. O que ela fez foi esquecer o quanto o jogo custou realmente, e pensar “dane-se o preço real, se as pessoas estão pagando R$ 500,00, é isso que nós vamos cobrar”. Além disso, fica claro também, que certamente o custo total do jogo foi abaixo de R$ 500,00, porque se esse custo total tivesse sido, por exemplo, R$ 600,00, a editora não ia vender o jogo com prejuízo. O que ela faria seria vender pelos R$ 600,00, e justificar que esse valor superior corresponde a um jogo novo e não usado. A empresa está errada? De forma alguma, ela está cumprindo o papel dela que é maximizar os lucros. Só que da mesma forma, eu também tenho todo o direito de reclamar, sendo consumidor e cliente da empresa, pelo fato dela vender o jogo, por um preço muito mais alto, para aumentar a margem de lucro praticada normalmente, só porque a escassez do jogo, fez com que as cópias usadas fossem vendidas por um valor muito acima, do seu custo real mais as margens de lucro. Pelo menos é como eu penso.
Em relação à prática lamentável de ficar vilipendiando as empresas pelas redes sociais, e algures, eu acho melhor nem comentar, porque a ofensa é a arma de quem não tem argumento.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio.
P.S. Só para não dizer que eu não comentei, mas quando você diz que não faz sentido achar o maior “luxo e elegância”, pagar R$ 200,00 ou R$ 250,00, em um jogo de 300g, e criticar o jogo de R$ 800,00 com 10 kg de componentes, eu infelizmente sou forçado a discordar. Com todo o respeito, eu acho que, talvez, o jogo de 300g custe R$ 200,00 ou R$ 250,00, justamente porque existe um jogo que custa R$ 800,00, que é muito dinheiro mesmo para um jogo de 10 kg, e boa parte das pessoas pagam sem pestanejar. Possivelmente, se não fosse a facilidade com que as pessoas estão dispostas a pagar R$ 800,00, em um jogo de tabuleiro (por melhor que sejam as suas qualidades e todo o estupendo trabalho intelectual envolvido), talvez fosse bem mais difícil para as editoras venderem um jogo de 300g por R$ 200,00 ou R$ 250,00, e possivelmente tais jogos custassem bem menos.