Caros Boardgamers
Eu gosto tanto desse universo Arkham Files, que curto até o Elder Sign, para vocês terem uma ideia, e que inclusive, com as expansões Gates of Arkham e Unseen Forces, fica muito mais interessante, aumentando sensivelmente a dificuldade, em relação ao jogo base puro.
Por isso eu estou bastante interessado nesse card game, mas igual a todo mundo, também estou muito preocupado quanto à questão da tradução, principalmente considerando o histórico de erros grosseiros e inacreditáveis, das nossas editoras tupiniquins ("enpansão" é uma "paulada na mulêra", como dizia meu saudoso avô). Infelizmente, apesar do inglês não ser um impeditivo para mim, o mesmo não se aplica ao meu pessoal, então eu vou precisar da versão nacional. Assim sendo, eu rezo, fervorosamente, para que esse não seja mais um episódio daquela série, já mais do que manjada, cujo script padrão é o seguinte:
1 - Um jogo é lançado no mercado estrangeiro;
2 - Imediatamente se desenvolve uma expectativa na comunidade se ele chega, ou não chega, ao nosso “patropi”;
3 - Em seguida uma editora nacional anuncia, começa a criação do hype, os canais de board games fazem vídeos de resenha e jogatina (com a cópia gringa, diga-se de passagem, porque ninguém é bobo de ficar esperando a versão "brasuca"), fica todo mundo alvoroçado, e com o “bicho carpinteiro” nos fundilhos;
4 - A editora abre a pré-venda, todo mundo compra o jogo, só para descobrir, quando receber sua cópia, que a tradução veio toda cagada (“hot dog” vira “sensual canino” e cachalote vira “esperma de baleia”);
5 - Depois de muita reclamação, o “office boy” da editora aparece na live, para dizer que ela está muito preocupada com seus clientes, que ela está em processo de readequação de práticas empresariais, e que promete, de pé junto, que vai modificar sua postura e consertar os erros, repondo os componentes defeituosos.
6 - Alguns meses depois, a editora não faz absolutamente nada daquilo que prometeu, e deixa que os compradores se virem nas gambiarras, para resolver os problemas do jogo;
7 - Os compradores revoltados voltam aqui para a Ludopedia, para descer o sarrafo na editora, dizendo que ela não presta, que esse foi o último jogo que compraram da empresa, e que todo mundo deveria boicotar o lançamento, para a editora aprender o que é bom (o que todo mundo sabe, que ninguém vai fazer)
8 - Ato contínuo, aparece a rapaziada do “deixa disso”, para passar pano, para defender a editora, que ela é uma pobre coitada, que não errou de propósito (mesmo ela não fazendo nada para consertar o erro), que é melhor uma edição toda cagada em português do que nenhuma, que se reclamarem muito a empresa não trará mais jogos e coisa e tal.
No fim o resultado acaba sendo o mesmo, ou seja, mais um jogo “feito nas coxas”, em que aos poucos a poeira vai baixando, a discussão perde a força, todo mundo fica cansado de falar de mais um fiasco, cada vez mais o jogo vai caindo no esquecimento, até pouca gente sequer se lembrar do ocorrido (normalmente quem levou a bomba pra casa). Passado algum tempo, a comunidade boardgamer volta a acompanhar as “Essens” e “Gen Cons” da vida, para ver quais são os novos lançamentos internacionais, para recomeçar todo esse ciclo.
Vamos todos acender muitas velas, contra e a favor do Cthulhu (só para garantir), e torcer muito para que as coisas sejam diferentes com esse “Arkham Horror Card Game”.
Um forte abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio