Não podia concordar mais. Uma das maiores decepções que tive nos últimos tempos.

E mesmo sendo um fã de carteirinha de econômicos, esse ai consegue ser extremamente chato.

Lembro que estavamos jogando na casa de um amigo (pré-pandemia obviamente), e quando a esposa do anfitrião chegou e nos viu ali... todos cabisbaixos, quietos, com uma feição nada agradável... ela soltou: "vocês estão bem? nunca vi vocês jogando assim, aconteceu algo?".

Após isso e nossa constatação que definitivamente não é nada prazeiroso, foi pra venda também.

Bela análise! Abraço.

Vou me ater a comentar as críticas feitas ao deuso Ian O'Toole, porque de resto eu concordo com tudo.

1. O ilustrador do jogo é pago por arte. Os editores/publicadores é quem decidem onde cada arte vai e qual a função dela.
2. Se a arte da capa é a mesma da arte no tabuleiro, isso indica mais uma economia da editora do que "preguiça" do ilustrador.
3. Assim também vale para a "dependência de idioma". Caso a editora quisesse, pagaria o ilustrador/designer para desenvolver os ícones e criar um jogo independente de idioma. Pode ter sido também uma questão de verba.
4. Mais uma vez, quem decide quantos componentes de cada tipo, onde eles vão entrar e o que vão fazer, são o autor do jogo, o desenvolvedor e os editores. Aqui, o Ian é a pessoa com menos responsabilidade. Se faltou um cubo pra marcar X ou Y, quem menos tem culpa é o Ian.

Temos que parar de jogar certas culpas nas pessoas erradas. Se o jogo é quebrado, a culpa é muito mais do desenvolvedor do que do autor do jogo. Se o jogo tem problemas de UX, a culpa é do designer gráfico e do editor. Se o jogo é feio, a culpa é do ilustrador (já vi gente culpando o Feld pelos jogos dele serem feios). Por fim, se o jogo tem problemas variados, que passam pelo UX, componentes faltando, falta de cuidado estético, a culpa maior de todas é da editora e da falta do que deveria ser o trabalho dela: edição.

Em tempo: eu fiquei num hype muito grande pelo jogo quando soube dele e aguardei ansioso pelo KS. Na época, cheguei a dar o pledge de 1 dólar pra esperar ver o que ia fazer depois, mas foi na mesma época do City of the Big Shoulders. Acabei preferindo pegar o segundo, pelo que vislumbrei do jogo. Tive a oportunidade de jogar o Pipeline mais tarde, de um amigo que acabou pegando no KS, e senti exatamente a sua descrição do jogo. Tive preguiça de pensar na tal otimização e só deixei o jogo rolar. No fim das contas, o jogo é punitivo demais pro meu gosto com quem está iniciando e a sensação de perder com 600, 700 pontos de diferença pra quem já conhece o jogo é extremamente desagradável e te faz se senfir muito lixo. Desencanei do jogo.

toledoesilva::Bela análise! Abraço.

butilheiro::Temos que parar de jogar certas culpas nas pessoas erradas. Se o jogo é quebrado, a culpa é muito mais do desenvolvedor do que do autor do jogo. Se o jogo tem problemas de UX, a culpa é do designer gráfico e do editor. Se o jogo é feio, a culpa é do ilustrador (já vi gente culpando o Feld pelos jogos dele serem feios). Por fim, se o jogo tem problemas variados, que passam pelo UX, componentes faltando, falta de cuidado estético, a culpa maior de todas é da editora e da falta do que deveria ser o trabalho dela: edição.

Eu estava bem interessado em jogar já faz 1 ano, mas não consigo passar da pág 3 do manual (não me pergunte pq), depois dessa análise e dos comentários acima posso dizer que se alguém já sofreu por mim eu não preciso desmerecer o trabalho dessas pessoas. 

Parabéns pela análise!
Vcs são ótimos!

isR34L

O Ian é ilustrador e designer sim, mas isso não quer dizer que todos os jogos ele seja contratado pra ambos. E mesmo que seja, a gente não sabe o quanto ele tem o direito de mudar X ou Y. Vou dizer por experiência própria de trabalhar nas duas pontas da coisa (sou designer gráfico e hoje estou lidando com o lado do game designer com os meus jogos). Quando o designer quer dar dicas e ideias de como melhorar certas coisas, o "dono" do projeto pode ou não aceitar essas ideias. Ao mesmo tempo, muitas vezes o autor já chega com ideias prontas e só quer a mão de obra mesmo do ilustrador, que mal opina.

No exemplo que eu tinha dado antes, dos jogos do Feld, o cara é conhecido por nem tema sequer colocar na coisa e geralmente a editor se preocupa com todos os detalhes, o Feld só entrega a mecânica na mão dos caras e tchau. Tanto que no Bonfire, por exemplo, quem deu tema, criou todo o universo e ainda ilustrou, foi o Dennis Lohausen, junto com o pessoal da editora. Nesse caso sim a culpa de qualquer problema ali seria do Lohausen por ele ter pego o projeto como um todo, sendo o próprio editor.

Mas não dá pra gente afirmar que em todo projeto isso aconteça, muito pelo contrário. Isso é mais exceção do que regra.

Não joguei esse jogo, mas só de ler seu relato já deu preguiça rs. Não curto jogo assim muito matemático. 
Mais um excelente texto...

Jogo da escola Vital Lacerda de jogos desnecessariamente complexos.
Joguei umas 4-5 vezes e até gostei, mas não sei se jogaria novamente.

Um jogo com a proposta dele. Extremamente punitivo, desafiador e que não tem a pretensão de divertir ninguém. 
Essa é a ideia de Pipeline. Um jogão! Cada partida é um desafio pra você se frustrar cada vez menos, tentando dominar sua estratégia, até que consiga "controlá-lo. Hoje, com 30 partidas, jogo ainda como se estivesse atravessando uma corda bamba, com toda atenção pra não errar e ver seu dinheiro indo por água abaixo.
Preguiça e gargalhadas não combinam com Pipeline. É outra proposta. 
Um dos melhores econômicos do mercado.

Não se concordo ou discordo, até pq não joguei esse jogo especificamente, mas o texto foi uma delícia de se ler!