storum::
Amigo, se alguém " mandar trazer um jogo lá de fora ou se mandar trazer um notebook la de fora " e pagar mais barato isso " não é burlar a lei ", pelo contrário, cada cidadão tem uma cota específica pra trazer produtos la de fora, neste caso não tem nada a ver com pirataria. Até se alguém importar algo la fora original e pagar os devidos impostos por aqui e sair tudo mais barato que o preço do mesmo produto no mercado nacional tb não tem nada a ver com pirataria. Ou se alguém importar algo la de fora e o produto não for tributado (por inúmeras razoes) tb não tem nada a ver com pirataria, o produto continua sendo ORIGINAL ! Sonegação de impostos vc tera problemas diretamente com o Governo e não com o autor do produto. Produto ilegal vc afeta ambas as partes, seja governo e autor, fruto direto da pirataria. Volto a frisar, se o produto é copia do original e não tem autorização legal do autor, é pirataria. Temos muitos amigos aqui mesmo na comunidade que viajam para os EUA e aproveitam a oportunidade pra trazer jogos para si ou para amigos, tudo devidamente declarado e autorizado dentro da lei. Ninguém tem que " se contentar a ficar sem o devido jogo por não ter dinheiro suficiente pra pagar, pelo contrário, tem que correr atrás seja comprando um jogo original usado ou até mesmo fazendo uma importação legal (dependendo do local ele consegue uma boa promoção, paga determinado imposto e o jogo sai por muito menos do que se fosse pagar por aqui).
Caro storum
Com todo o respeito, eu acredito que talvez você não tenha entendido o meu comentário.
Na minha manifestação, eu escrevi a respeito da relativização do erro.
Isso ocorre quando o erro do outro é um pecado mortal, que pode destruir a economia, rasgar o tecido da realidade, e que por isso é passível de execração pública, castigos físicos “à La Torquemada”, ser queimado na fogueira, e sofrer a danação eterna, mas, por outro lado, quando o erro é meu, então ele é apenas um pequeno descuido, uma mera indiscrição, que não afeta, ou afeta muito pouco a outrem, e sequer é digno de nota.
Por isso, o que eu fiz foi demonstrar uma característica, muito comum em “terras brasilis”, que é correr para condenar as práticas ilegais e imorais das outras pessoas, esquecendo completamente outras práticas também ilegais e imorais que elas mesmas cometem, e que de tão comum, já nem se dão conta.
Se você tiver o cuidado de reler o meu comentário, vai ver que em momento algum eu falei de pessoas que importam notebooks e se sujeitam a ser taxadas ou não. Não foi isso que eu escrevi.
No meu comentário, eu fiz referência ao famoso “jeitinho brasileiro”, ao nosso “futebol moleque”, à nossa “Lei de Gérson”, à nossa “malemolência maneira” e ao nosso “jogo de cintura malandro”, que tanto nos define enquanto povo, e tanto nos prejudica e diminui perante as outras nações. Essa característica é normal e deliberadamente ignorada, quando o assunto é pirataria. Por isso, o que falei no meu comentário foi da prática, até corriqueira, que é pedir para um amigo ou familiar trazer um equipamento, no caso notebook, como se fosse de uso pessoal, para propositadamente escapar à tributação. Isso é sonegação de imposto, que é tão ilegal e imoral, quanto a pirataria.
Que atire a primeira pedra quem nunca pediu para alguém trazer um jogo importado na mala, para não correr o risco de pagar 100% de imposto no caso de uma compra internacional. Esse percentual pode ser injusto, pode ser aleatório, pode ser incoerente, mas não é ilegal. Ilegal é o ato de tentar fugir a essa tributação. Justificar que é válido fugir à tributação, através do meio acima, porque a Receita Federal pode tributar demasiadamente Chico, e não tributar Francisco equivale a dizer que também é válido subornar o agente da alfândega do aeroporto (e sair pela porta lateral), porque ele pode pedir ao Francisco para abrir mala e deixar o Chico passar direto, cheio de muamba.
Do mesmo modo, também ficou estranho quando você diferenciou em lesar apenas o Governo com sonegação de impostos, e lesar tanto o Autor quanto o Governo no caso da pirataria. Isso porque no meu texto está bem claro, que eu defendo ser errado lesar quem quer que seja, tanto o erário público, na forma do Governo (que em última análise acaba sendo uma lesão indireta a toda a coletividade), quanto a um particular, no caso do Autor. Quanto ao comprar mais barato lá fora e mesmo pagando os impostos, conseguir um preço menor do que aquele praticado aqui, isso também não se aplica ao meu comentário, porque nesse caso, a pessoa pagou os impostos, ou pelo menos se sujeitou à tributação, mesmo que ela não ocorra.
Portanto, o meu comentário foi um pouco além da questão da pirataria. Isso porque praticar pirataria é errado ilegal e imoral, mas comprar um produto original e deixar de pagar os impostos também é errado, ilegal e imoral, mesmo que o produto seja original. Se uma pessoa quiser ser preciosista em relação a um aspecto da correção, legalidade e moralidade, então o justo e honesto é que ela também seja preciosista em relação a outros aspectos, mesmo aqueles que não lhe sejam favoráveis. É mais ou menos a história do pai casado, rígido, moralista, religioso, que não deixa a filha dormir na casa do namorado, mas tem três amantes na rua.
Para terminar, foi isso que eu quis dizer, apesar de aparentemente não ter sido muito claro, e esse é o modo como eu penso. Não obstante, se o seu pensamento difere do meu, por mim tudo bem. Independente disso, eu continuo lhe respeitando completamente, bem como o seu sagrado direto à divergência.
Um abraço e boas jogatinas.
Iuri Buscácio