Johnnycury::

Alguns anos atrás eu comprei uma dessas versões da China, mas passei por esse dilema.

Power Grid, jogo lançado pela Galápagos no Brasil, estava fora de estoque havia anos, e não tinha previsão de reimpressão. Inclusive mandei e-mail pra eles perguntando e eles responderam que não tinha nada previsto.

 

Na época eu não conhecia a Ludopedia, então apelei para o Mercado Livre, que me mostrou vários anúncios de Power Grid versão xingling. 

Eu, que não sou fã de coisa pirata, já comecei a ter urticária, mas no fim das contas me convenci de que era OK comprar produtos falsificados se a opção original não estava mais disponível.

 

Não que seja importante para a história, mas o jogo chegou, era feio de doer, todo borrado, e a caixa ainda veio amassada, então eu pedi pra devolver o jogo e desisti da ideia. Alguns meses/anos depois é anunciada a versão Energizada e eu comprei felizão.

Mas o que eu quero saber é: eu, como iniciante que eu era, errei em comprar da China? Honestamente, eu não me arrependeria se o jogo chegasse com a qualidade boa. Se a editora oficial não me dá condições, eu não vejo nada de errado em resolver do meu jeito.

Notem que eu não estou me referindo ao mercado de usados. Acho que isso já renderia uma outra discussão, mas se não tem nas lojas, não tem usados, por que eu não deveria comprar da China?

Acho que se você realmente não sabe que está comprando um coisa pirata (nesse caso os jogos prontos chineses), você não está errando, mas não é o caso de uma pá de gente que se acha espertona e acaba pegando um jogo, como você mesmo falou, com uma qualidade inferior...

DrGrayrock::

Johnnycury::

Alguns anos atrás eu comprei uma dessas versões da China, mas passei por esse dilema.

Power Grid, jogo lançado pela Galápagos no Brasil, estava fora de estoque havia anos, e não tinha previsão de reimpressão. Inclusive mandei e-mail pra eles perguntando e eles responderam que não tinha nada previsto.

 

Na época eu não conhecia a Ludopedia, então apelei para o Mercado Livre, que me mostrou vários anúncios de Power Grid versão xingling. 

Eu, que não sou fã de coisa pirata, já comecei a ter urticária, mas no fim das contas me convenci de que era OK comprar produtos falsificados se a opção original não estava mais disponível.

 

Não que seja importante para a história, mas o jogo chegou, era feio de doer, todo borrado, e a caixa ainda veio amassada, então eu pedi pra devolver o jogo e desisti da ideia. Alguns meses/anos depois é anunciada a versão Energizada e eu comprei felizão.

Mas o que eu quero saber é: eu, como iniciante que eu era, errei em comprar da China? Honestamente, eu não me arrependeria se o jogo chegasse com a qualidade boa. Se a editora oficial não me dá condições, eu não vejo nada de errado em resolver do meu jeito.

Notem que eu não estou me referindo ao mercado de usados. Acho que isso já renderia uma outra discussão, mas se não tem nas lojas, não tem usados, por que eu não deveria comprar da China?

Acho que se você realmente não sabe que está comprando um coisa pirata (nesse caso os jogos prontos chineses), você não está errando, mas não é o caso de uma pá de gente que se acha espertona e acaba pegando um jogo, como você mesmo falou, com uma qualidade inferior...

Sim, a qualidade era inferior, mas eu sabia que era falsificado. Eu só não esperava que fosse TÃO ruim, aí devolvi. Mas eu peguei falsificado porque era a única opção. Eu não sabia que eu podia importar, e não sabia que tinha um mercado tão grande como a Ludopedia, então as minha opções eram
A) comprar o jogo falsificado
B) nunca comprar o jogo

Melhor Alugar!
Além de poder jogar o jogo com os componentes como devem ser, você ainda gasta menos e não fica com um monte de jogo parado depois!

Johnnycury::

Alguns anos atrás eu comprei uma dessas versões da China, mas passei por esse dilema.

Power Grid, jogo lançado pela Galápagos no Brasil, estava fora de estoque havia anos, e não tinha previsão de reimpressão. Inclusive mandei e-mail pra eles perguntando e eles responderam que não tinha nada previsto.

 

Na época eu não conhecia a Ludopedia, então apelei para o Mercado Livre, que me mostrou vários anúncios de Power Grid versão xingling. 

Eu, que não sou fã de coisa pirata, já comecei a ter urticária, mas no fim das contas me convenci de que era OK comprar produtos falsificados se a opção original não estava mais disponível.

 

Não que seja importante para a história, mas o jogo chegou, era feio de doer, todo borrado, e a caixa ainda veio amassada, então eu pedi pra devolver o jogo e desisti da ideia. Alguns meses/anos depois é anunciada a versão Energizada e eu comprei felizão.

Mas o que eu quero saber é: eu, como iniciante que eu era, errei em comprar da China? Honestamente, eu não me arrependeria se o jogo chegasse com a qualidade boa. Se a editora oficial não me dá condições, eu não vejo nada de errado em resolver do meu jeito.

Notem que eu não estou me referindo ao mercado de usados. Acho que isso já renderia uma outra discussão, mas se não tem nas lojas, não tem usados, por que eu não deveria comprar da China?

quase a totalidade dos jogos que você compra, amigo, são da China. Originais ou não. Eu já vi jogo falsificado sendo vendido no eBay, “ made in usa”.

Fazer pra vender é muita vagabundagem...

No entanto, o PNP já me me ajudou em algumas oportunidades. Por exemplo, eu já tinha jogado a versão digital (em inglês) do Catan Cidades & Cavaleiros e queria muito poder apresentar o tabuleiro para a minha família. Na época o jogo físico ainda era distribuído no Brasil exclusivamente pela Grow sob o nome de "Colonizadores de Catan" e a palavra "expansão" parecia um sonho muito, muito distante. Comprar em inglês não iria rolar, pois sou o único na família com algum domínio da língua. Apelei para o PNP, com o máximo de capricho que pude mas que ÓBVIAMENTE, não se compara com a versão publicada na época.

Cabe destacar que comprar a versão da DEVIR com os cavaleiros de plástico e tudo mais está nos meus planos. Quem de verdade ama o hobby sabe do que eu estou falando. Estou só esperando eles lançarem a extensão 5/6 jogadores para não perder jogabilidade em relação ao meu PNP.

Outra oportunidade mais recente foi com o Stone Age. Fizemos um PNP dele assim que começou a pandemia, no início de março de 2020. Demoramos (eu e minha esposa) 3 dias para deixar tudo do jeito que queríamos. Ficou bem bacana, mas pouco depois, encontramos uma unidade em um leilão aqui mesmo na Ludopedia, em ótimo estado, com copinho de couro e tudo, que conseguimos comprar (e foi mais caro que um novo, diga-se). Então doamos nosso PNP para minha cunhada que não tinha nenhum jogo pra ver se ela se animava.

As editoras precisam ficar atentas. Se há gente se prestando ao trabalho de produzir versões PNP, é pq tem demanda...deixando de ter os jogos sempre disponíveis como é em outros países, estão deixando de ganhar dinheiro!

Primeiramente, excelente texto! Muito bem elaborado e argumentado.

Agora, fugindo um pouco da questão exclusivamente ética da pirataria, acho que é relevante a gente pensar no contexto da prática. Na indústria de jogos eletrônicos, por exemplo, vejo muita diferença entre piratear um jogo "blockbuster" de 250~300 reais distribuído por empresa multimilionária que sobrecarrega os funcionários na base do crunch e piratear um jogo indie de menos de 50 pratas que cada cópia vendida a mais faz uma diferença muito grande pro estúdio e pros desenvolvedores. Por conta disso, acabo vendo muito mais problema com o segundo caso do que com o primeiro.

Se tentarmos transpor o pensamento pra realidade do mercado de boardgames, especificamente o brasileiro, o caso fica um pouco mais assimétrico. Temos no máximo DUAS empresas grandes o suficiente para conseguirem lucrar significativamente com as vendas de jogos de tabuleiro modernos, e mesmo elas são MUITO menores que as grandes empresas da indústria dos videogames. As várias outras editoras são, imagino, muito menos lucrativas, tanto que a maior parte dos donos tem também outros empregos fora delas. Temos um cenário quase que inteiramente comparável à indústria indie dos jogos eletrônicos.

Não vejo tanto problema, sinceramente, com o PnP caseiro, pra uso próprio. Acho comparável a jogar uma cópia do jogo gratuitamente no Tabletopia, BGA ou plataformas parecidas. Acaba servindo mais pra conhecer o jogo e decidir se um dia vai querer uma cópia dele pra coleção, como outros colaboradores aqui no tópico ilustraram. Essas cópias pra vender, por outro lado, já são consideravelmente mais nocivas no meu entendimento. O sujeito querer lucrar com cópia pirata, em cima de um original que, por já não gerar muito lucro, prejudica muito a editora e o mercado, é mau caratismo mesmo.

Entendo perfeitamente que o nosso hobby não é dos mais acessíveis. Os jogos mais "desejáveis" realmente são caros: o jogo mais barato do top 10 da Ludopedia custa 1/3 de um salário mínimo. Precisamos sim tomar medidas para que o nosso hobby se torne mais democrático e mais acessível o mais rápido possível. Contudo, prejudicar editoras menores, que dependem muito da venda das cópias de jogos pra que continuem se sustentando e trazendo mais jogos pro país, não é uma dessas medidas. É tiro no pé de quem produz e de quem joga.

Johnnycury::

DrGrayrock::

Johnnycury::

Alguns anos atrás eu comprei uma dessas versões da China, mas passei por esse dilema.

Power Grid, jogo lançado pela Galápagos no Brasil, estava fora de estoque havia anos, e não tinha previsão de reimpressão. Inclusive mandei e-mail pra eles perguntando e eles responderam que não tinha nada previsto.

 

Na época eu não conhecia a Ludopedia, então apelei para o Mercado Livre, que me mostrou vários anúncios de Power Grid versão xingling. 

Eu, que não sou fã de coisa pirata, já comecei a ter urticária, mas no fim das contas me convenci de que era OK comprar produtos falsificados se a opção original não estava mais disponível.

 

Não que seja importante para a história, mas o jogo chegou, era feio de doer, todo borrado, e a caixa ainda veio amassada, então eu pedi pra devolver o jogo e desisti da ideia. Alguns meses/anos depois é anunciada a versão Energizada e eu comprei felizão.

Mas o que eu quero saber é: eu, como iniciante que eu era, errei em comprar da China? Honestamente, eu não me arrependeria se o jogo chegasse com a qualidade boa. Se a editora oficial não me dá condições, eu não vejo nada de errado em resolver do meu jeito.

Notem que eu não estou me referindo ao mercado de usados. Acho que isso já renderia uma outra discussão, mas se não tem nas lojas, não tem usados, por que eu não deveria comprar da China?

Acho que se você realmente não sabe que está comprando um coisa pirata (nesse caso os jogos prontos chineses), você não está errando, mas não é o caso de uma pá de gente que se acha espertona e acaba pegando um jogo, como você mesmo falou, com uma qualidade inferior...

Sim, a qualidade era inferior, mas eu sabia que era falsificado. Eu só não esperava que fosse TÃO ruim, aí devolvi. Mas eu peguei falsificado porque era a única opção. Eu não sabia que eu podia importar, e não sabia que tinha um mercado tão grande como a Ludopedia, então as minha opções eram
A) comprar o jogo falsificado
B) nunca comprar o jogo

Na verdade mesmo, olhando pelo ponto de vista correto suas opções eram:
a) cometer crime de violação de direito autoral
b) não cometer e não comprar o jogo até que surja a oportunidade.
O que o pessoal muitas vezes acha é que se vê em uma encruzilhada por não ter determinado produto e achar que "precisa dele". Tipo, entendo perfeitamente a questão, e se você não soubesse que era falsificado tudo bem. Mas sabendo então não há nenhuma atenuante. A opção sempre deveria ser "nunca comprar o jogo" e vida que segue.

1pipo_::Agora, fugindo um pouco da questão exclusivamente ética da pirataria, acho que é relevante a gente pensar no contexto da prática. Na indústria de jogos eletrônicos, por exemplo, vejo muita diferença entre piratear um jogo "blockbuster" de 250~300 reais distribuído por empresa multimilionária que sobrecarrega os funcionários na base do crunch e piratear um jogo indie de menos de 50 pratas que cada cópia vendida a mais faz uma diferença muito grande pro estúdio e pros desenvolvedores. Por conta disso, acabo vendo muito mais problema com o segundo caso do que com o primeiro.

Tive um professor de direito penal que chamava isso de "sindrome de robin hood" onde o argumento justificativo ou atenuante para um fato era o poder aquisitivo ou o comportamento da vitima. 
A questão é preto no branco na verdade. Não há "mais" ou "menos" problema. A questão é a mesma: Falsificação é crime em qualquer propriedade intelectual.
No máximo é agravada pelo dano causado. 
Tem outra questão envolvida: Na teoria dos jogos (dentro de toda a complexidade dela claro) no custo de 250~300 reais dos blockbusters de grandes empresas é computado já o impacto de falsificação de produtos e comércio paralelo ilegal. Por isso o valor sobe de patamar. A empresa maior não liga mais para isso e impute os custos em seus produtos, diluindo nos compradores justos o valor dos ilegais. Se essa prática fosse fortemente combatida, haveria o reflexo na concorrência com a consequente queda de preço.
Já o Indie ou os de baixo orçamento, mesmo com a pirataria, não conseguem "impor" um preço alto justamente por ser um pequeno produtor que passará por desconfiança na compra e menos pessoas se disporão a pagar um preço alto por um produto não conhecido. E ai os Indie ficam na beira com valores de 50 reais como você disse. 

Eu sou leigo e novo no hobby, apenas um interessado que gosta de ler textos, ouvir podcast e vídeos com pessoas de dentro do mercado. Mas tendo acompanhado outras áreas de forma mais aprofundada, sinto que dizer só "pirataria é crime" tem o mesmo efeito das propagandas que apareciam antes de começar as fitas VHS. Falar que algo é ruim nao faz as pessoas passarem a nao consumirem mais esses produtos.

Produtos de entretenimento não  são a prioridade de uma família. Com a alta dos preços no mercado é fácil a escolha entre um jogo ou a mistura do mês. O preço praticado atualmente é altíssimo, com o preço médio chegando na casa dos 300.  Temos também editoras trazendo menos cópias para causar uma rápida escassez, para assim provocar FOMO.

Eu ja acompanho a indústria dos jogos eletrônicos a bastante tempo e nela é possível ver como a pirataria foi sim importante para a construção do mercado. O documentário ""Paralelos" mostra como isso aconteceu no Brasil e o "The history of CD Projetk" aponta um fenômeno parecido na Polônia. 

Nao defendo a pirataria e os criadores merecem receber todo o dinheiro por suas criações. Mas devemos entender como e por que esse fenomeno acontece, para assim pensar em possíveis soluções. Particularmente nao acho que quem frequenta esse fórum seja o público dessa mensagem.
A galera aqui reclama do manual amassado na caixa ou se há uma palavra errada no manual. O público aqui nao é o mesmo que compra um Dixit na China com cartas pequenas e uma impressão porca ou faz um Azul com botões. A pessoa que faz isso nao tem condições de pagar os 300 reais do Azul.

Outros negócios encontraram formas de lutar contra a pirataria através de serviços com preços honesto e acessíveis, Gamepass, Netflix, Spotify, Prime Video, etc.
Particularmente, eu acho que a linha pocket da Paper Games e os jogos de carteira da Funbox podem ser possíveis primeiros passos. Mas é ainda é pouco, outras editoras também precisam fazer esse tipo de material. Talvez a entrada da Estrela também colabore.