Talles::DrGrayrock::AMVinicius::DrGrayrock::AMVinicius::O quão relevante é a questão de diferentes idiomas dos componentes do jogo-base e expansões?
Você tem algum texto nas cartas de tesouros e na descrição dos personagens, mas acho que são facilmente encontradas as traduções...
Me refiro ao fato da versão da Conclave vir com tiles de aparência diferente em suas versões traduzidas. Isso te atrapalhou/incomodou? Chegou a utilizar as expansões lançadas por aqui em Inglês também?
Então, eu usei os em alemão, e quando elas aparecerem leio o texto em português... Mas vou fazer um "paste-up" pra resolver logo... Mas tipo, zero estresse... são 2 ou 3 tiles (se não me engano)...
Exatamente, são apenas 3 tiles, aqui tb jogo com os em alemão e deixo os traduzidos de canto pra ler o efeito deles caso não lembre, e que são bem simples como (receber 1 ferimento, perder uma carta, perder um dedo a menos), não impactou em nada na partida.
Caro Thalles
Eu respeito o seu ponto de vista, mas discordo veementemente, porque, na minha opinião, esse raciocínio de que “o jogo veio com problemas, mas dá para jogar, então está bom”, é não apenas absurdo como perigoso. E eu explico o porquê disso.
Esse raciocínio é absurdo, porque ninguém comprar um produto novo para se contentar com apenas um “dá para usar”. Ninguém compra um terno, ou uma camisa social, recebe uma roupa cara dessas, ela vem rasgada e a pessoa diz “ah! A roupa veio rasgada, mas dá para usar”. Imagina chegar numa entrevista de emprego, com um terno rasgado ou manchado. Do mesmo modo, ninguém compra um tênis de corrida caro, para ir à academia, a loja manda um tênis com um furo no solado, e a pessoa diz “ah! não tem problema, o tênis veio com um furo na sola, mas ninguém vai ver mesmo, então dá para usar”. Se uma coisa dessas não é aceita em relação a nenhum outro bem de consumo, por que diabos, nós deveríamos aceitar isso, em relação ao board game? É por isso que eu acho essa idéia de que são apenas 3 tiles, no “Masmorra: Dungeons of Arcádia” então “dá para jogar sem estresse”, totalmente inaceitável. Por um acaso você já viu alguma editora anunciar um jogo assim, “olha rapaziada nós vamos trazer o jogo tal, mas como vocês sabem, ele pode vir com alguns problemas, algumas falhas de tradução e de componentes, que vocês mesmos é que vão ter de resolver, apesar de terem pago bem caro por ele, mas não esquenta não, porque com alguma boa vontade e algum esforço, vai dar para jogar”. Você já viu algum jogo ser lançado assim? Mas é exatamente isso que está acontecendo, mais uma vez, com esse “Masmorra: Dungeons of Arcadia”. Na época em que o jogo foi anunciado, a editora não disse uma palavra sequer, de que a produção na verdade seria a sobra de uma tiragem alemã do jogo, que ninguém quis. Da mesma forma, em momento algum foi dito que o jogo viria nesse esquema, “está ruim, mas dá para jogar”, porque se fosse assim, talvez o financiamento coletivo nem rolasse, porque ninguém vai querer apoiar, pagar caro e receber um jogo capenga. Eu sei que talvez você não se incomode, e você tem todo o direito, afinal o dinheiro é seu, mas torno a dizer, enquanto as pessoas continuarem a se contentar com jogos lançados de qualquer jeito, as editoras continuarão a produzir jogos capengas, cobrando preço de produções de luxo.
Esse seu raciocínio também é perigoso, por conta do terrível precedente que ele reforça, porque a mensagem que o mercado consumidor está mandando para as editoras é: podem fazer “jogos capengas”, que apenas “dê para jogar”, porque nós vamos continuar comprando de qualquer jeito, mesmo que com preços altíssimos e qualidade de produção ruim. Como você mesmo disse, são apenas 3 tiles, então isso na verdade é um “defeito aceitável”. O problema é que essa noção de “defeito aceitável” é muito subjetiva, e muito variável. Tudo bem, eu concordo que realmente a questão dos 3 tiles não inviabiliza o jogo, mas se você for analisar o caso do “Western Legends”, você vai ver que nesse caso “não dá para jogar”. A revisão foi tão malfeita, que o tabuleiro do jogo foi impresso, baseado na regra desatualizada, enquanto que as cartas e componentes foram produzidos com base na regra revisada, tornando o jogo inviável. Então, comparando essa duas situações, de jogos da mesma editora Conclave, a conclusão que se pode chegar é que os defeitos do “Masmorra: Dungeons of Arcádia”, são aceitáveis, porque “dá para jogar”, enquanto que os defeitos do “Western Legends” certamente não são, porque “não dá para jogar”. O grande problema é que para a Conclave, são igualmente “aceitáveis” os defeitos, tanto do “Masmorra: Dungeons of Arcádia”, quanto os do “Western Legends”, e os compradores que se virem para resolvê-los. Por conta disso, não há motivo algum, ao menos aos olhos da Conclave, para resolver as falhas desastrosas do “Westen Legends”, aliás a editora nem fala mais nesse assunto, preferindo fingir que o lançamento não teve problema algum. Esse é um resultado direto desse raciocínio, “a produção do jogo está ruim, mas dá para jogar, então tudo bem”.
Por fim, mais uma vez deixo claro aqui, que respeito o seu ponto de vista, apesar de discordar totalmente. Não tenho nenhuma dúvida de que enquanto as pessoas continuarem aceitando jogos, nesse esquema “apesar de caro, veio com defeito, mas dá para jogar”, será isso que as pessoas continuarão a receber, jogos caros e com defeito. Se isso não é absurdo, então eu não sei o que é. E quanto a você, meu caro Thalles, se prepare porque pensando assim, você ainda vai repetir muitas vezes “... é, pelo menos dá para jogar”.
Um abraço.
Iuri Buscácio
P.S. Thalles você já pensou que, quando a Conclave lançou o “Western legends” com seus erros catastróficos, se as pessoas tivessem pensado mais do meu jeito e menos do seu jeito, nós hoje teríamos um “Masmorra: Dungeons of Arcádia” sem problema algum, ao invés de um jogo, que apenas dá para jogar. Pense nisso...