Somente agora tive tempo de voltar à esse tópico e me atualizar da discussão, então infelizmente vou me ressentir de não ter acompanhado o debate "on demand", e q por isso tb talvez esse post já não tenha tanta visualização, porém achei q ainda assim cabia o levantamento q irei fazer, pois apesar dos companheiros @Mortohero e @iuribuscacio terem arranhado o assunto q irei relatar, ao citar como os boards são produzidos hj às custas (infelizmente ainda) de trabalho muitas vezes análogo à escravidão, não vi o tópico sendo falado de forma direta.
Relendo o texto principal, e toda a discussão q veio a seguir, um questionamento me veio à cabeça. Na verdade, uma auto-reflexão que eu me fiz e gostaria de compartilhar essa "epifania" com todos, com o perdão da palavra. Peço o perdão pois sempre usei a palavra "epifania" sem saber muito de seu significado real, então fui procurar e me deparei com um significado positivo, relacionado ao divino, e na real minha "epifania" de divino não tem nada. Pelo contrário, me senti horrível ao pensar em tal questão.
Quando estamos em uma partida de um dos jogos citados, seja Puerto Rico, Mombasa, Endeavor ou qualquer "semelhante", onde fazemos a vez da classe opressora, por mais q tenhamos consciência dos malefícios das ações que estamos tomando ao personificarmos o opressor do jogo, o fato é que, no final das contas, queremos vencer. Acredito eu q ao começar a jogar, assim q se der conta q vc está "imerso no mundinho", vc não irá pular todas as suas ações pq ser o explorador estaria moralmente errado, correto? Afinal, no final das contas é somente uma partida de board.
Porém, minha auto reflexão foi fazer na minha cabeça o caminho inverso. E se eu fosse o explorador naquela época? Eu, homem, branco, da classe média, com todos os privilégios que me foram ofertados hj, tenho instrução e conhecimento para discernir que a causa antiracista, ou qualquer outro preconceito, a exploração de outros povos e raças, ou qualquer injustiça nesse sentido são tópicos pelo qual se deve lutar contra.
Mas e se eu estivesse nascido e vivido naquela época? Da mesma forma tivesse nascido homem, branco, com posses o suficiente para ser capaz de atuar como um legítimo explorador, personificando o papel principal e atuante de um desses jogos, porém sem a instrução e a visão de mundo que temos hj. Será que eu seria um "revolucionario", lutando contra o sistema, ou manteria o status quo, com a venda que cegava à todos na época, deixando enxergar e focar apenas nas riquesas e ignorando todas as atrocidades cometidas?
Será q seríamos ainda assim os mesmos que tanto apoiamos o texto do Luis aqui, com um senso de moral e justiça, ou no final das contas somos tão e meramente, nesse ponto ao menos, um reflexo do tempo e da sociedade em q vivemos?
Foi essa a indagação que eu me fiz, e devo confessar que fiquei triste com tais pensamentos. Não posso dar a resposta definitiva para o meu "eu antigo", afinal o cenário é muito hipotético e muitas variáveis estariam envolvidas, mas o que posso é especular e oq eu sei é que existiram muito, infinitamente mais exploradores do trabalho/fé/humanidade/etc alheia do q pessoas q realmente se enxergaram protagonistas de um sistema vil e tiveram disposição e perseverança para lutar contra tal, muitas vezes às custas da própria vida. Então, apoiado por essa proporção, a probabilidade de qual tipo de pessoa eu seria me deixou um gosto amargo na boca.
Vcs se deixariam fazer essa reflexão?