REVIEW: ELDER SIGN OMENS
Elder Sign é originalmente um jogo de tabuleiro com temática dos contos de H.P. Lovecraft, baseado em solução de desafios com rolagens de dados e uso de personagens com diferentes habilidades.
Adaptado para um jogo eletrônico, produzido pela Fantasy Flight Games, e lançado em 2011 para diversas plataformas digitais, Elder Sign Omens mantém toda a tensão e clima de terror do board game, acrescentando belos gráficos e boa jogabilidade, além de efeitos sonoros e músicas de arrepiar.
Interface e regras
Visualmente temática, a interface do jogo é muito simples e intuitiva, lembrando bastante a apresentação do aplicativo do Mansions of Madness, que também foi produzido pelo mesmo estúdio.
No menu geral temos as opções de Começar um jogo novo, Continuar um jogo salvo, Acessar a loja para comprar mais conteúdo, Configurações e Ajuda (tutorial do jogo). Dentro do menu de Configurações (Options) temos como acrescentar ou tirar as músicas, efeitos e vídeos, além de visualizar as pontuações do jogador e os créditos do game.
Os gráficos, que utilizam a mesma arte do original e incluem até algumas cenas animadas, estão muito bons, enquanto que o som, vozes, efeitos e música, a meu ver, são fundamentais para uma maior imersão no clima tenso e aterrorizante do game.
As regras do game seguem basicamente as mesmas do jogo de tabuleiro, onde você deve escolher um cenário, ou no caso um Ancião ou Antigo, para enfrentar, montar um grupo de investigadores, cada qual com seus poderes e itens iniciais, e superar desafios dentro de um museu (ou no deserto, em alto mar…), tirando faces específicas nos dados que correspondam àquelas solicitadas por esse desafio. E coletar elder signs (estrelinhas) suficientes para vencer o Ancião, antes que a trilha de cultistas/monstros seja completada, acordando o ser de seu sono profundo.
Sorte ou estratégia?
Embora a mecânica principal do jogo, seja digital ou físico, envolva sorte nas rolagens de dados, há boas chances de você ser mais bem sucedido se planejar bem suas ações antes de executa-las.
Pra começar, é sempre bom saber escolher a equipe certa de investigadores para cada cenário, o que provavelmente você só irá conhecer após algumas derrotas. Embora as cartas de museu sejam geradas aleatoriamente, muitos cenários tem um segundo estágio com regras bem específicas, e nessa parte é bom ter personagens que se adaptem a esses novos desafios. Por exemplo, se você sabe que na batalha final você vai precisar de muitas faces de “Caveira” para vencer, seria bom ter algum personagem que converta “Horror” em caveiras, ou então um personagem que possa escolher qualquer face num dado, aumentando assim as suas chances de vitória. Fora isso, os próprios Anciões tem habilidades específicas que podem ser melhor combatidas por um ou outro investigador.
Saber qual personagem enviar para cada desafio, usar os itens na hora certa e juntar mais de um personagem em cada local, para conseguir guardar faces de dados, pode deixar a tarefa menos árdua. Uma dica é sempre usar o máximo de dados que puder, inclusive os dados extras, porque você fatalmente irá precisar.
Dificuldade nas alturas
Como um bom jogo cooperativo, o board game do Elder Sign foi projetado para representar um desafio satisfatório para 2 a 8 jogadores. Mas devo dizer que a sua diversão digital consegue ser bem mais difícil, exigindo muito mais dedicação e planejamento do jogador, que nesse caso deverá assumir o controle de todos os personagens.
Ter de escolher entre focar em tentar obter um elder sign, recuperar a saúde ou sanidade de um personagem, desbloquear um dado preso ou ainda evitar um efeito de meia-noite, sabendo que um evento pode fazer avançar a trilha de cultistas ou colocar ainda mais monstros no cenário, não é tarefa fácil.
Tudo isso já existia no jogo original, mas parece que a versão digital ficou ainda mais punitiva, a ponto de eu muitas vezes ter preferido reiniciar um cenário à continuar em frente com um personagem a menos ou tendo de lidar com as consequências de uma jogada errada que vai ser difícil de reverter no futuro.
Apesar da dificuldade elevada, ou por causa dela, Elder Sign Omens é um jogo altamente recompensador e viciante, desde que você tenha a disposição e paciência para aprender a administrar bem seus recursos e se adaptar às adversidades que vão surgindo. Tirando esse detalhe, o que realmente incomoda no jogo é que boa parte do conteúdo que deveria ter vindo na versão básica, tal como alguns Anciões e personagens que constam no jogo de tabuleiro, são vendidos separadamente em expansões na loja virtual do game. Mas, verdade seja dita, a quantidade de personagens, mesmo sem a expansão, é boa, e vencendo algumas missões ainda é possível desbloquear outros.
Para quem é indicado: Apesar de eu adorar esse jogo, entendo que ele não é pra qualquer um, seja pela alta dificuldade, mesmo no cenário mais básico, seja pelo tema de horror, ou ainda por ser pago e incentivar a compra de mais expansões para uma experiência mais completa. Sendo assim, recomendo para os fãs da obra de Lovecraft, óbvio, para quem já jogou e curtiu o jogo original de tabuleiro, e para todos que buscam um jogo eletrônico realmente desafiante e que não se incomodem tanto com a aleatoriedade dos dados..
Ficha do jogo:
Matéria originalmente escrita, produzida e publicada por Marcelo Cardoso em seu site pessoal: planetameeple.com.br