Luis Perdomo

Tigris & Euphrates - Entre dos aguas

Tigris & Euphrates

LuisPerdomo18/12/20 18:16

LuisPerdomo

18/12/20 18:16

639 mensagens MD

Como reconhecemos um clássico? Clássico é aquilo que transcende as barreiras do tempo. Esse jovem aí no vídeo, caso você não o conheça, se chamava Paco de Lucia. Paco era um dos maiores expoentes do violão flamenco. Não apenas isso, ele foi considerado por muitos um dos maiores violonistas do mundo (junto ao nosso querido e eterno Raphael Rabello). Paco infelizmente nos deixou no ano de 2014. Quatro décadas antes disso, ele agraciou o mundo com o que viria a ser a obra prima, sua masterpiece, a música Entre dos aguas, tocada no vídeo que abre este texto.

Como costuma ocorrer com muitos gênios, o sucesso de Paco não havia sido reconhecido em um primeiro momento. No começo, seu álbum, que tinha essa música como sua faixa principal, “Fuente y caudal”, não fez muito sucesso comercial e foi praticamente descontinuado do mercado. Um pequeno grupo de stakeholders, todavia, acreditava no potencial dessa música e insistiram para que ela fosse tocada na rádio. Entre dos Aguas vendeu mais de 300 mil cópias, foi o single de ouro em 1976, ficando mais de 22 semanas no topo das paradas. Entre dos Aguas não é apenas a Magnum opus de Paco de Lucia, é a obra que define um ritmo por inteiro, o flamenco.

Enquanto escuta essa música, viaje comigo, voltemos um pouco mais no tempo, mais precisamente cerca de 3 mil anos antes de um jovem nascer e definir todo o calendário ocidental a partir do dia de seu nome. Estamos agora na Mesopotâmia, terra entre dois rios famosos que dão nome ao jogo que será abordado hoje, terra entre duas águas. Ali estava simplesmente o que o mundo ocidental considera o berço da civilização humana. Se não fossem por esses dois rios, talvez o nosso calendário hoje não fosse exatamente assim, talvez Paco não tivesse marcado seu nome na história do flamenco, mas certamente Reiner Knizia não teria encontrado a inspiração para criar esse jogo de mesmo nome.

Tigris & Euphrates - 2 a 4 jogadores

Assim como Paco, foi entre duas águas que Reiner Knizia concebeu o que muitos consideram sua obra prima. O Dr. Knizia foi responsável por levar novamente a Mesopotâmia ao topo do mundo, mais especificamente, ao topo do mundo dos jogos de tabuleiro. Novamente em consonância com Paco, sua maior obra também não havia sido devidamente reconhecida em um primeiro momento. Tigris & Euphrates foi criado 1997 anos após o nascimento do jovem que hoje define nosso calendário ocidental, mas foi apenas 5 anos mais tarde, em 2002, que ele chegou ao posto de top 1 do ranking do BGG (criado em 2000).

No momento em que escrevo este texto, Tigris & Euphrates está no Top 90 desse mesmo ranking. Décadas se passaram e novos gêneros e estilos foram pedindo passagem, isso vale tanto para os board games quanto para a música. Entretanto, uma obra de arte não ascende ao patamar de clássico à toa. Se hoje podemos rever o saudoso Paco de Lucia e sua lendária Entre dos Aguas em uma plataforma de streaming, também podemos jogar Tigris & Euphrates em uma versão mais moderna, como é o caso da série Euro Classics que revitalizou muitos desses titãs do tempo.

Tigris & Euphrates começou assim. Reparem que ele era um jogo de Cultura, Crise, Conflito e Civilização. De 1997 para sua sua versão mais atual, parece que o jogo superou a Crise, pois essa palavra não aparece mais em seu subtítulo na caixa. De fato, compramos menos jogos na Crise. Em 2020, estamos novamente em uma crise, será que o jogo também consegue superá-la? Vamos à análise

Em Tigris & Euphrates nós somos 4 Cavaleiros do Zodíaco brigando por cubinhos coloridos…

É o que, produção?! Como assim o jogo não tem mais cubinhos? Trocaram os cubinhos por pecinhas de papelão? E vocês chamam isso de superar a crise? Isso é a crise! Onde Jah se viu? Que mané meio ambiente! Eu quero meus cubinhos, sem eles eu não consigo trabalhar!

Interrompemos a nossa programação em função de dificuldades técnicas. Enquanto isso, fique com uma palavrinha dos nossos patrocinadores!

Gente, o Luis precisou sair do recinto, aqui quem fala é o Felipe. É só ler o teleponto? Ah, beleza, então vamos nessa.

Em Tigris & Euphrates nós somos 4 Cavaleiros do Zodíaco brigando por pontos de vitória na forma de papelão colorido.

O jogo vem com Camus de Aquário.

Aiolia de Leão

Aldebaran de Touro

e Aioros de Sagitário

É o que, produção?! Não é desse jeito que os personagens aparecem? Como assim o jogo é abstrato? O que você quer dizer com isso? “Ibagens?”. Eu não estou entendendo o que você está falando. “Bostra as ibagens?”.

Não se enganem, jovens. Tigris & Euphrates não tem “Civilização”, são apenas tiles. Não tem exatamente “Cultura”, mas tem pontos de vitória. “Conflito”... Bom, conflito tem para dar e vender.

A primeira coisa que você precisa saber em Tigris & Euphrates é que você não é dono de uma cor, como na maioria dos jogos convencionais. Você é dono de uma “civilização”, melhor dizendo, você escolhe entre jogar com o Leão, o Touro, o Arco e Flecha e o Jarro.

Duas coisas que você precisa saber se um dia depois dessa pandemia eventualmente jogarmos alguma coisa juntos:
1 - Eu sempre jogo com as peças vermelhas;
2 - No Tigris & Euphrates eu sempre jogo com o Jarro;

“Ah, já sei, porque você faz aniversário em fevereiro. Você é aquariano, faz sentido!”
Não, jovem, eu não acredito em signos. Eu sempre escolho o Jarro porque eu acho muito maneira a ideia de fazer um Leão, um Touro e um Arco e Flecha perderem para um Jarro. É no mínimo constrangedor rsrs.

“Entendi, você joga com o Jarro. O Leão é muito mais legal mesmo… Enfim, como se joga?”

[Jovens, não usem essa parte explicativa a seguir como referência para aprender de fato esse jogo. Sempre recorram ao manual. Se você já sabe jogar o jogo e não quer perder tempo nessa parte, pule para o texto após o vídeo do Marasy tocando コネクト. Algumas piadinhas idiotas poderão ser perdidas no processo, mas nada muito “sério”. Afinal, são piadinhas. Você vai entender melhor do que eu estou falando quando se deparar com o vídeo.]

Primeiramente você tem que colocar a mão no saco.

“Qual é a classificação etária desse jogo mesmo?”

Não, jovem, no saco de tiles. Cada jogador saca 6 tiles aleatoriamente. Você sempre tem que ficar com 6 tiles ao final do seu turno.

“E o que é aquele cercadinho ali atrás?”

Ah, sim, ele serve para esconder os seus tiles e pontos. Assim os seus oponentes não sabem a sua pontuação real (a não ser que eles tenham uma excelente memória) e fica mais fácil de organizar seus tiles sem que eles vejam. Eu não costumo gostar muito de jogos onde você tenha que contar com a memória porque… bem, digamos, eu não sou muito bom nesse tipo de coisa. Em Tigris & Euphrates eu não me incomodo tanto com esse fator.

O fato de você não lembrar ao certo como anda a pontuação dos seus oponentes apimenta um pouco mais as coisas e te leva a contar com a intuição. Nada te impede de jogar sem a proteção, mas, nesse caso, eu entendo que não ter essa informação disponível leva os jogadores a prestarem muito mais atenção na mesa. Como eu soltei em um spoiler mais acima, esse jogo tem muito conflito (interação direta), dessa forma, leitura de mesa é fundamental.

Em Tigris & Euphrates, os jogadores vão sair no tapa (não literalmente, por favor) para acumular o bem mais precioso desse mundo.

“Amor?”

Não, jovem, que mané amor!? Anos nessa indústria vital acompanhando o meu canal e você ainda não aprendeu? A coisa mais importante nesse mundo são os pontos de vitória. Amor é consequência.

“Eh… okay… o_o”

Esse é o mapa onde a porrada mágica acontece.

“É… bem que você falou que o jogo é bem abstrato.”

Ops, perdão. Na verdade, essa imagem eu tirei de um tópico de discussão no BGG sobre movimentos de abertura para esse jogo.

“Nossa, esse jogo é tão levado a sério assim?”

Você não faz ideia, jovem. Esse é o mapa do tabuleiro em sua versão mais recente:

Chegamos com o jogo em andamento, repare que os jogadores já começaram a colocar seus tiles e líderes pelo tabuleiro. Já vamos chegar lá.

Em seu turno, você pode fazer duas de quatro ações possíveis:

- Posicionar um líder (adicionar, mover ou retirar um líder do tabuleiro);
- Adicionar um tile no tabuleiro;
- Adicionar um tile de catástrofe no tabuleiro;
- Trocar até 6 tiles de sua mão por novos retirados aleatoriamente da sacola;

Você pode executar uma mesma ação duas vezes em seu turno, se assim desejar.

Trocar até 6 tiles de sua mão

Vamos começar pela mais simples de explicar. Digamos que você esteja insatisfeito com a sua mão de tiles. Você pode descartar um número qualquer de tiles na caixa (eles não voltam para o jogo) e comprar novos tiles da sacola. Você já pode usar esses novos tiles na sua segunda ação do turno. Se você ainda não estiver satisfeito(a), você pode também repetir essa ação e descartar outros tiles. O jogo tem um fator sorte por conta da aleatoriedade dos tiles? Sim, indubitavelmente, caros jovens confrades, mas perceba que você pode reciclar até 12 tiles em um turno, caso queira. Só há 4 cores entre os tiles do jogo, dificilmente você não vai conseguir ao menos um dos que você procura.

Uma das condições para que o jogo acabe é não haver mais tiles na sacola. Você pode acelerar o final do jogo com essa ação múltiplas vezes se você achar que vai ganhar (o jogo tem ao todo 153 tiles). Apenas tenha em mente que enquanto você está gastando suas ações para procurar novos tiles, seus oponentes estão provavelmente realizando outras coisas mais ofensivas no tabuleiro.

Vamos supor que você seja um(a) vacilão (vacilona) e pegou o Jarro antes de mim. Esses são seus líderes:

Ou, como eu prefiro chamá-los:

“Você fez isso no MS Paint?”

Eh…então…

“Essa fonte é Comic Sans?”

Eu achei bonitinho…

“Você me dá nojo, cara…Apenas continue a explicação…Estou decepcionado com sua pessoa...”

[pausa para comentário off topic] Certo dia na faculdade o professor pediu para que meu grupo fizesse um trabalho sobre um texto muito, mas muito, chato. Quando fomos apresentar para a turma, ele olhou para nós com um semblante meio culpado porque o texto em questão era realmente um porre. Antes da apresentação começar, ele perguntou, meio sem jeito, o que achamos do texto. Eu respondi:

“Professor, com o devido respeito, mas o texto que você passou para o nosso grupo foi tão ruim que como forma de protesto eu quase fiz uma apresentação inteira com fonte Comic Sans. Eu tive que me segurar para não fazê-lo.”

Ele aliviado respondeu:

“Obrigado por não fazer isso!”

Esse foi um diálogo real. Esse professor é muito gente boa. Duvido que você leia esse texto, mas um forte abraço para você.

Posicionar o líder

Voltando. Como eu vinha falando, uma das ações possíveis em seu turno diz respeito ao posicionamento do seu líder. Com uma ação, você pode colocar seu líder no tabuleiro, remover seu líder do tabuleiro ou ainda movê-lo para outro lugar do tabuleiro. Independentemente da cor do seu líder, ele deve sempre estar adjacente a um tile vermelho.

“Por que, Luis?”

Jogo abstrato, jovem. Você esperava o quê? Você sabe por que no Xadrez o cavalo se move em “L”?

“Não, por quê?”

Fico feliz que tenha perguntado.

“Eu tinha que ter perguntado [facepalm]”.

Napoleão marcou seu nome na história como um grande estrategista. Do inglês, strategist, do espanhol, estratego, do mandarim…

“Já entendemos, prossiga, capitão Nascimento!”

Qual era a cor do cavalo de Napoleão?

“Ah, essa é velha, ele era branco.”

Não, jovem, Napoleão teve mais de 50 cavalos ao longo de sua trajetória. Sempre que saía uma nova linha de cavalos, ele trocava pelo modelo do ano. O que você provavelmente não sabe é que, quando “Leão”, para os íntimos, vencia uma batalha, ele fazia um sinal com a mão e colocava na sua testa na intenção de humilhar seus adversários derrotados. Era a forma de um L e isso significa loser, em português: perdedor, em espanhol…

“Já entendi”

Muitos anos depois, o grupo All Star fez essa música referenciando tal fato histórico.

Depois essa música foi para o filme Shrek e o resto é história. É por isso que o cavalo anda em L no xadrez.

“Luis, o que você fuma, cara?”

Então, vamos voltar para o Tigris & Euphrates.

O manual diz que os tiles vermelhos são templos, os verdes são mercados, os pretos são residências e os azuis são fazendas. Eu vou assumir uma liberdade poética aqui, se vocês não se importam. Para a minha pessoa, os tiles vermelhos são vermelhos, os verdes são verdes, os pretos são pretos e os azuis são azuis.
No mar, os carros são como as lanchas, as motos são como os jetskis e os pedestres são como os banhistas, mas isso é outra história.
Nesse jogo, cada cor tem um super poder, assim como no clipe do All Star mais acima.

A cor azul é a única cujos tiles podem ser colocados sobre os espaços de rio no mapa.

Os tiles vermelhos são responsáveis pelo posicionamento dos líderes e também são utilizados na resolução de revoltas (falaremos disso mais adiante).

Os tiles verdes e pretos não têm habilidades especiais, mas seus líderes têm. Já falaremos deles também. Por outro lado, os líderes vermelhos e azuis não têm poderes especiais, mas seus tiles têm.

Vamos ver mais sobre o posicionamento dos líderes com um exemplo prático:

Na parte superior da imagem, você pode colocar seu líder em qualquer um daqueles espaços adjacentes a um tile vermelho. Repare que líderes de outras cores não impedem que você também coloque seu líder compartilhando uma adjacência com um tile vermelho. Na parte inferior da imagem, temos alguns exemplos do que não podemos fazer: você não pode colocar seu líder em um espaço de rio, somente tiles azuis são colocados ali*; você também não pode ligar reinos com um líder, só com um tile.

(*Tiles de catástrofe também podem ser colocados em espaços de rio. Falaremos mais disso ao final do texto.)

“Luis, o que é um reino? Sem enrolação dessa vez, por favor…”

Reino é toda composição que envolve tiles e líderes. Na imagem acima temos dois reinos e uma região mais abaixo. Regiões são áreas com apenas tiles, não líderes. Como disse mais acima, você não pode conectar diferentes reinos usando líderes.

“Tá, agora que o efeito do tóxico que você usa para escrever esses textos está passando e você está começando a explicar o jogo numa boa, o que acontece quando eu coloco um líder onde já havia outro líder da mesma cor?”.

É hora do duelo, jovem. A porrada vai estancar, digo uma revolta acontece. Só pode haver um líder de cada cor em um reino, um dos dois vai ter que sair. Vamos ao exemplo:

O jovem do Jarro colocou seu líder preto no espaço indicado na figura.

Eu disse lá em cima, em meio a um monte de brincadeiras sem sentido, que os tiles vermelhos são utilizados para resolver revoltas. Nesse caso, não importa as cores dos líderes em meio a essa revolta, somente os tiles vermelhos são levados em consideração aqui.

Primeiramente são contados os tiles vermelhos adjacentes a cada um dos líderes em conflito.

O Jarro tem 3 tiles vermelhos, o Touro tem 2. Está 3 a 2 para o Jarro, a princípio.

Em seguida, o atacante deve declarar quantos tiles vermelhos extras ele quer descartar para aumentar sua força de poder. No exemplo, o Jarro descartou mais 2 tiles para consolidar o seu ataque. Está 5 a 2 para o Jarro. A coisa não está muito legal para o nosso amigo chifrudo.

Isso é o que ele queria que o pobre Jarro pensasse. Está na vez do jogador defensor descartar tiles vermelhos para consolidar sua defesa. Ele então descarta 3 tiles, igualando o placar final da disputa: 5 a 5. O defensor tem a vantagem em caso de empate.

O perdedor vai embora e volta para aquele jogador, os tiles usados pelos jogadores na revolta são descartados na caixa e o vencedor ganha um pontinho vermelho. Jogadores então compram novos tiles da sacola repondo suas mãos até 6 tiles cada. Isso é o que acontece quando outro jogador, que não este que vos fala, pega o Jarro. O Jarro é meu, vocês não sabem jogar de Jarro.

“Os jogadores têm poderes variáveis?”

Não, jovem, é só zoeira. (Sério, não peguem o Jarro, ele é o meu animal espiritual).

“Luis, você falou que o jogador vencedor ganhou um ponto vermelho. Ponto tem cor?”

Nesse jogo tem sim, jovem, e como somos a favor da diversidade, queremos pontos de todas as cores. Está na hora de explicar a próxima ação: colocação de tiles no tabuleiro.

Você já sabe que tiles azuis só entram em regiões de rio e os demais tiles vão nas regiões de terra. O que acontece quando você coloca um tile na mesa?

Adicionar um tile no tabuleiro

Você pode colocar tiles em qualquer lugar vazio do tabuleiro respeitando essa restrição do rio. Se você coloca um tile em um reino, isto é, uma composição que tenha um líder e outros tiles, e aquele tile for da mesma cor de um líder ali presente, o dono daquele líder ganha um ponto daquela cor.

Coloquei a fonte em Arial, tá feliz, jovem?

“Prefiro Calibri”

Saia do meu tópico, jovem!

Voltando… vamos a um exemplo prático.

Não achei um exemplo no manual, então eu desenhei um eu mesmo no paint Photoshop. Você nem vai notar a diferença.

Algum jogador colocou um tile verde no espaço indicado pela seta laranja. O dono do líder do Arco e Flecha recebe um ponto verde, simples assim. Não dê pontos de graça aos seus oponentes, a menos que você tenha uma excelente razão para fazê-lo.

Aqui já podemos falar da habilidade especial do líder preto. Vou mostrar primeiro o exemplo, depois explico.

O jogador do Jarro m-a-l-a-n-d-r-a-m-e-n-t-e coloca um tile azul em um reino onde seu líder preto se encontra. Não tem líder azul para receber o ponto, então o ponto vai para o dono do líder preto. Simples assim. A habilidade do líder preto é: se, ao colocar um tile em um reino, não houver o líder da cor correspondente, mas o líder preto estiver presente, o controlador do líder preto recebe aquele ponto em seu lugar.

Eu falei que prezamos pela diversidade de pontos nesse jogo. Nesse sentido, o líder preto é muito versátil porque, enquanto outros líderes não estiverem juntos a ele, ele pode pontuar por todas as outras três cores. O que eu não te disse ainda é: por que queremos pontos e todas as cores?

Essa, meus caros jovens, é, a meu ver, uma das ideias mais brilhantes da história dos jogos de tabuleiro. No final desse jogo, sua pontuação é definida pela cor que você tem menos pontos. Colocando de forma muito prática. Digamos que o jovem Roberval, o ladrão de chocolates, terminou o jogo com a seguinte pontuação:

15 vermelhos
6 azuis
592.367.028 verdes
9 pretos

A pontuação final do jovem Roberval será 6 porque sua menor cor é a azul, que possui esse número de pontos. Em outras palavras, não adianta você ser o cara do vermelho se você está fraco em azuis, por exemplo. Você precisa pontuar por todos os cantos e, para isso, existem alguns jeitos mais interessantes de fazê-lo do que simplesmente colocando tiles nos reinos onde seus líderes se encontram.

Está na hora de falar desses carinhas de plástico. Esses são monumentos, jovens. Monumentos são formados quando quatro tiles da mesma cor são colocados de modo a formar um quadrado 2 x 2 no tabuleiro. Vejamos o exemplo prático.

O jogador de Touro coloca mais um tile vermelho naquele reino formando um quadrado vermelho 2 x 2. Em seguida, ele pode optar por construir um monumento ali.
Digamos que ele decida construir um monumento. O monumento deve possuir uma das cores presentes no quadrado 2 x 2. Como o quadrado formado no exemplo é vermelho, o monumento deve ser vermelho + outra cor à sua escolha. Ele então escolhe o monumento azul e vermelho. Os 4 tiles que formam o quadrado que servirá de base para o monumento são virados para baixo conforme a figura a seguir e o monumento é colocado sobre eles.

Note que o verso dos tiles que foram virados não têm cor. Pela regra, um líder deve sempre estar adjacente a ao menos um tile vermelho. Como o líder verde não está mais adjacente a um tile vermelho, ele é removido do tabuleiro e volta para o seu respectivo dono.

“E o que esses templos fazem?”

Eita, jovem afobado, eu já ia chegar lá. Ao final do turno de cada jogador, ele deve verificar se algum de seus líderes possui a mesma cor de uma das partes dos monumentos presentes nos reinos onde eles se encontram. Se isso acontecer, ele recebe um ponto daquela cor ao final de seu turno para cada um de seus líderes que atenda a esse critério. Por exemplo: caso mantida essa configuração da imagem, ao final do turno do jogador de Touro, ele recebe gratuitamente um ponto azul só por estar ali; ao final do turno do jogador de Leão, ele também receberá um ponto vermelho de graça sempre que terminar o turno naquele reino.

Monumentos não se incomodam se o líder para o qual ele está dando o ponto é do mesmo jogador que construiu esse monumento. Nesse jogo, ninguém é dono de propriedade alguma. A qualquer momento, você pode perder o seu cantinho, como vimos anteriormente com o exemplo da revolta. Se um monumento é muito lucrativo, aquele espaço será altamente visado por todos os jogadores. Não se esqueçam que os monumentos só oferecem pontos de duas cores, vocês precisam de pontos nas quatro cores ao final da partida, é normal que vários monumentos sejam construídos ao longo de um jogo.

Outra forma de melhorar a maneira como você pontua entre todas as cores é com o uso de tesouros.

Isso é uma ficha de tesouro. Em poucas palavras, elas funcionam como pontos coringa ao final da partida. Voltemos ao exemplo de pontuação anterior do nosso jovem Roberval.

15 vermelhos
6 azuis
592.367.028 verdes
9 pretos

Uma pontuação um pouco desfavorável para o lado azul. Contudo, imaginem que, além disso, ele tivesse 5 tesouros. Como são pontos coringa, 4 desses tesouros serviriam como azuis e 1 deles serviria como preto. Dessa forma, ele terminaria o jogo com:

15 vermelhos
10 azuis
592.367.028 verdes
10 pretos

Marcando 10 pontos ao todo, ao invés de 6 como anteriormente. Quatro pontos de diferença podem ser a distância entre o último e o primeiro jogador em uma partida de Tigris & Euphrates.

Muito bem, antes que o jovem afobado me pergunte, como eu faço para conseguir esses valiosos pontos coringa?

É aqui que entra o super poder do líder verde, finalmente.

No mapa do jogo, há alguns espaços sinalizados com a imagem de um animal alado mitológico chamado “Shedu”:

O que eles são e o seu nome realmente não importam muito na prática. Para o nosso caso aqui, o mais importante é que no setup, cada espaço desses começa com um tile vermelho e um tesouro em cima dele.

O que o líder verde faz? Se um reino conecta (コネクト) dois desses espaços com tesouros e ali houver um líder verde, o dono do líder verde presente nesse reino recolhe um desses tesouros. Alguns dos espaços com tesouros possuem bordas especiais, como essa indicada na figura acima, outros possuem bordas simples. Se houver um tesouro em um espaço com borda especial, esse deve ser recolhido com prioridade. Exemplo prático:

O jogador com o Leão verde decide colocar um tile azul no reino indicado na figura. O jogador de Touro recebe um ponto azul por conta de seu líder. O jogador com o líder verde recolhe um dos dois tesouros como recompensa por conectá-los ambos em um só reino. Ele deve pegar o tesouro no espaço com bordas especiais mais acima (vide imagem).

Outra condição para que o jogo termine é restarem somente dois (ou menos) tesouros no tabuleiro. Uma partida avançada começa com 14 tesouros no tabuleiro (uma partida iniciante começa com 10, como indicado em um dos lados do mapa dupla face).

Lembra lá no começo quando eu falei que você não pode conectar dois reinos usando um líder?

“Na verdade não, seu texto é muito grande, mas vou fingir que lembro só para você ficar feliz…”

Ótimo, então. Falta eu te explicar como uma Guerra acontece nesse jogo. Esse jogo tem muita treta, jovem.

Guerras acontecem quando dois reinos são unificados a partir da colocação de um tile e o novo reino formado, através dessa unificação, passa a ter dois líderes de uma mesma cor. Não podem ser unificados mais do que dois reinos em uma única jogada. Vamos ao exemplo, depois eu continuo:

Ao colocar um tile verde entre dois reinos, um jogador unificou esses reinos e desencadeou Guerras entre eles, uma vez que líderes de mesma cor passaram a fazer parte do mesmo reino com essa jogada. A ficha que foi usada para unificar os reinos não concede pontos a nenhum jogador. Ao invés disso, uma ficha de unificação é colocada sobre ela, demarcando o ponto de conexão entre os reinos. Há duas Guerras ocorrendo simultaneamente (entre os líderes pretos e verdes). O jogador ativo escolhe qual Guerra deve ser resolvida primeiro. Ele então decide que a guerra entre os líderes verdes será resolvida primeiro. Note que o jogador que desencadeou as Guerras não necessariamente estará participando delas. Ele pode ser simplesmente uma sementinha do mal.

A resolução da Guerra é verificada da seguinte forma:

Conta-se quantos tiles daquela cor estão presentes em cada lado. Guerras são diferentes de revoltas. Revoltas são desencadeadas quando líderes são posicionados. Líderes são posicionados adjacentes a tiles vermelhos. Na resolução de Revoltas, independentemente da cor dos líderes, tiles vermelhos são descartados. Guerras, como o(a) jovem já pôde observar, são desencadeadas pela colocação de tiles. Na resolução de Guerras, os tiles considerados são os da cor dos líderes envolvidos. Eu coloquei em outra cor para deixar isso bem claro.

A Guerra em questão ocorre entre os líderes verdes. Quantos tiles verdes há de cada lado?

No lado do Jarro, há 2 tiles. No lado do Leão, há apenas 1.

O jogador atacante é normalmente aquele que desencadeou a Guerra. Se o jogador que desencadeou a Guerra não está presente no conflito, o jogador atacante passa a ser o mais próximo dele em sentido horário. Aqui no nosso exemplo, o atacante será o Leão.

O Leão descarta então 4 tiles verdes para aumentar sua força de 1 para 5. O jogador de Jarro não tem tiles suficientes para conter esse ataque, ele perdeu a Guerra. Contudo, ele decide descartar 1 tile verde mesmo assim. Ele fez isso porque ele não queria aquele tile e ele sabe que, ao final do turno, todos os jogadores repõem os tiles em suas mãos até ficarem com 6. O placar final ficou em 5 a 3 para o Leão.

O jogador defensor deve remover seu líder (1) e todos os tiles da cor correspondente (2) daquele lado do reino. O líder removido volta para a mão daquele jogador e todos os tiles descartados são devolvidos para a caixa. O vencedor da Guerra recebe 1 ponto daquela cor para o líder removido + 1 ponto extra para cada tile removido do tabuleiro. Nesse caso, recebendo 3 pontos verdes. Os tiles descartados pelo atacante também são devolvidos à caixa (4). O tile de unificação é removido ao final da Guerra (5).
Note que, após a resolução da Guerra entre os líderes verdes, os líderes pretos não entrarão mais em Guerra por não estarem mais juntos em um mesmo reino como no começo do exemplo. Caso ainda estivessem, uma nova Guerra entre os líderes pretos suceder-se-ia da mesma forma.

Em caso de Guerra envolvendo líderes vermelhos, tiles vermelhos adjacentes a líderes e tiles vermelhos que contém tesouros não são removidos nem contabilizados para fins de pontuação.

Enfim, para fecharmos esse apanhado geral de regras, a última ação que pode ser executada pelos jogadores em seus respectivos turnos e que ainda não foi explicada. Pensam que eu esqueci? ^^

Adicionar um tile de catástrofe no tabuleiro

Vamos falar desse carinha aqui. Esse é o tile de catástrofe. Cada jogador possui 2 à sua disposição. Diferentemente dos outros tiles, além dos espaços vazios, eles também podem ser colocados sobre outros tiles, mas há algumas exceções:

- Não podem ser colocados sobre tiles de monumentos.
- Não podem ser colocados sobre tiles com tesouros.
- Não podem ser colocados em espaços ocupados por um líder.
- Não vale dançar homem com homem e nem mulher com mulher.
- O resto vale.

Mentira, pode dançar homem com homem e mulher com mulher sim, aqui não tem preconceito. Contudo, estamos em um tempo muito atípico, marcado por essa pandemia de Covid, então evitem o contato físico e aglomerações, independentemente de gênero ou orientação.

Uma vez utilizados, esses tiles permanecem na mesa até o final da partida e aquele espaço bloqueado não pode ser utilizado até o final do jogo. Você também pode utilizar esse tile para desfazer conexões entre reinos, ou até mesmo remover líderes, caso estejam adjacentes a um único tile vermelho, destruído assim pela catástrofe. Os líderes removidos dessa forma retornam aos seus respectivos donos.

Há algumas variantes avançadas contidas no final do manual, mas isso eu vou deixar para que vocês descubram por conta própria .

Thanks… for reading.

[Que Deus abençoe o jovem Marasy e seu macaco rosa de pelúcia, que lhe dá os poderes para tocar piano dessa forma. Esse vídeo marca a parte que você pode pular, como indicado no começo do texto.]

“Luis, você só escuta essas músicas japonesas diferentonas?”

Agora que eu toco piano, sim, é o que eu gosto mais de tocar/ouvir, mas já toquei cavaquinho por vários anos, jovem. Eu tive a minha fase pagodeiro. Eu sou bem eclético nesse sentido. Isso não é piada, eu sou um músico frustrado, acho. Enfim, voltando. Considerações finais, prós e contras, não necessariamente nessa ordem.

Prós:

- Esse jogo é extremamente inteligente. Não fico surpreso que ele tenha se mantido relevante por tanto tempo, inclusive chegado ao Top 1 do BGG.
- Excelente opção para 4 jogadores que gostam de um jogo mais robusto e com muita interação.
- Encontrado com facilidade no mercado nacional.
- Você pode experimentá-lo online gratuitamente no site triqqy.com com partidas assíncronas. O layout do site é bem antigo, mas é funcional.
- Jogo independente de idioma.
- O jogo consegue ser muito bom, mesmo tendo quadrados no lugar de hexágonos.
- Apesar da aleatoriedade dos tiles, o sistema de pontuação e as possibilidades de reciclagem de mão fazem com que o jogo não seja tão dependente de sorte como ele pode sugerir a uma primeira vista.

Contras:

- É um jogo completamente abstrato, não espere tema aqui, se você gosta dessas coisas.
- Não recomendado para quem não gosta de interações diretas ou gente muito apegada a suas construções no tabuleiro (nada ali é verdadeiramente seu, jovem).
- Há aqueles que não gostam muito desse jogo para duas pessoas. Eu discordo, mas trago esse ponto para consideração de qualquer jeito. Assim que comprei Tigris & Euphrates há uns 2 anos atrás, joguei 10 partidas contra o meu irmão somente. Gostei muito do que vi. Acho um excelente abstrato para dois jogadores também, mas reconheço que com mais pessoas ele fica ainda mais interessante.
- Uma vez dominado, ele é relativamente simples. Contudo, ele pode ser um pouco chato de explicar para novos entrantes, sobretudo algumas regras mais específicas como as diferenças entre Guerras e Revoltas.
- Se você pegar o Jarro antes de mim, eu vou te atacar até o fim do jogo, mesmo que eu não vença a partida.
- Por último e não menos importante. Não me levem a mal, o jogo ficou lindo, o tabuleiro melhorou significativamente de sua primeira versão para sua repaginação atual, muito mais claro e intuitivo. Eu gosto das peças de plástico, não tenho nada contra elas, mas uma coisa não poderia ter sido mudada da primeira edição para a atual. Eu vou deixar a imagem falar por si:

Sim, jovens, o jogo não vem com cubinhos. Eu tive que comprar os meus por fora. A pergunta que deve estar na sua cabeça agora: “Luis, esse jogo vale a pena, mesmo sem cubinhos?”

Vale, jovem. Eu o joguei várias vezes sem cubinhos, mesmo sentindo um vazio existencial na minha alma. Até que um dia eu decidi enfim comprar cubinhos e preencher esse vazio. O jogo é muito bom para quem se identifica com esse tipo de proposta mais abstrata e cerebral. Recomendo fortemente o uso de cubinhos.
“Luis, e as árvores, cara?!”

F para as árvores.

geotermal::Sua obsessão com cubinhos merece um estudo à parte!

Deixemos a ciência decidir isso.

Considerações finais:

Luis, e as variantes avançadas? Sinceramente, ainda não cheguei a jogá-las, jovem. Devo ter jogado esse jogo umas 30 vezes e ainda não senti necessidade.

Luis, e o Yellow & Yangtze? Também não posso opinar, jovem. Tigris & Euphrates para mim é bastante completo. Não sinto falta de nada (além dos cubinhos). Você diria que Xadrez precisa de uma nova peça ou que Go precisa de alguma mudança em seu design milenar? Quando eu jogo Tigris & Euphrates, eu tenho uma sensação análoga à de jogar um eterno clássico abstrato. Uma vez que você aprendeu a jogar o jogo, tudo nele faz sentido e nada parece fora de lugar. Se, e somente se, você se identifica com esse tipo de jogo mais abstrato.

Há alguns comentários contrários e favoráveis ao jogo, colocados de forma muito pertinente na seção de avaliações do jogo Yellow & Yangtze na Ludopedia.

Outra perspectiva também muito bem embasada para aqueles que dominam o inglês pode ser encontrada nesse review no BGG.

Pode ser que você não goste desse jogo, e tudo bem, nem mesmo os clássicos são unanimidade. Independentemente disso, gostemos deles ou não, eles vieram para ficar (na história).

O post já está muito grande porque eu acabei me prolongando um pouco na parte explicativa do jogo, Caso queira saber um pouco mais sobre a minha experiência de jogo, você pode continuar a leitura clicando nesse hyperlink.

Obrigado por ter lido mais esse wall text.

Espero que tenha gostado da leitura tanto quanto eu gostei de escrevê-lo..

Até a próxima, provavelmente ano que vem.

Forte abraço,
Luis, digo Felipe Perdomo

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Obrigado, jovens

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Comentários:

Djow_
2033 mensagens MD

Djow_18/12/20 18:37

Djow_ » 18/12/20 18:37

Grande Luís, não li seu texto todo pq não tenho capacidade para manter isso tudo num buffer e entender no final, mas a partes das considerações finais e pros e contras eu concordo com muita coisa. Esse é o tipo de jogo que eu gostaria de ter tido acesso quando o hobby Ainda não tinha tantas opções para poder jogar na praia com minhas tias e primos, e aí aproveitar o máximo o que essa obra prima tem a oferecer. Tive o jogo e passei por ter uma preguiça e pnorme de explicar e pior, ter que ficar checando o estado do jogo e fazendo os acertos de guerra pra todos. Ser o jogo não é comigo. Levaria para uma ilha deserta com 2-4 players.

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LuisPerdomo
639 mensagens MD

LuisPerdomo18/12/20 18:54

LuisPerdomo » 18/12/20 18:54

red_djow::Grande Luís, não li seu texto todo pq não tenho capacidade para manter isso tudo num buffer e entender no final, mas a partes das considerações finais e pros e contras eu concordo com muita coisa. Esse é o tipo de jogo que eu gostaria de ter tido acesso quando o hobby Ainda não tinha tantas opções para poder jogar na praia com minhas tias e primos, e aí aproveitar o máximo o que essa obra prima tem a oferecer. Tive o jogo e passei por ter uma preguiça e pnorme de explicar e pior, ter que ficar checando o estado do jogo e fazendo os acertos de guerra pra todos. Ser o jogo não é comigo. Levaria para uma ilha deserta com 2-4 players.

Obrigado pela leitura, jovem Djow.

Recentemente adquiri a consciência de que meus textos "talvez" sejam um "pouquinho" longos demais. Eu gosto de escrevê-los assim, apesar disso.
A alternativa que eu encontrei foi a de marcar o texto com algumas "timestamps", assim as pessoas podem lê-lo conforme o/a gosto/necessidade pessoal.
Tem para todo mundo:

Se quiser ler só a introdução e o final;
Se quiser ler só o final;
Se nem quiser ler; ¯\_(ツ)_/¯
Se quiser ler TUTO (Deus, vocês são malucos de fazer isso?);

Fica a gosto do freguês.

Eu compartilho da mesma sensação. É difícil de evangelizar novos fieis, sobretudo não gamers. Eu tenho a sorte de ter uma mesa já mais avançada nesse aspecto. A primeira vez que jogamos foi razoavelmente tranquilo. Poucas vezes eu tive que ficar verificando o estado das coisas.

Aí veio a pandemia e o jeito foi migrar temporariamente para esse site indicado na parte final do texto.

Tigris & Euphrates é o tipo de jogo que eu não vejo outras pessoas "melhorando" porque, na minha humilde opinião, não tem o que melhorar. Ou você ama ou odeia, independentemente disso, um clássico.

4
NervousBeard
106 mensagens MD

NervousBeard19/12/20 10:06

NervousBeard » 19/12/20 10:06

LuisPerdomo e red_djow os integrantes mais emblemáticos do Ludopedia.

Seria interessante acompanhar uma partida entre vocês.
Quando eu falo "entre" não me refiro em algum lugar na linha imaginária que liga dois pontos, ainda mais se o jogo em questão possuir peças vermelhas pois sei que a treta iria ser grande para decidir quem joga com as vermelhas e com certeza eu não gostaria de estar entre vocês. Uma distância de 1.5m fora da linha de fogo seria aceitável: diminui a minha chance de contrair o covid e principalmente de levar uns sopapos.

Agora me sinto obrigado utilizar um avatar para meu usuário, será que vou conseguir algo tão emblemático como o de vocês?

Inté

2
LuisPerdomo
639 mensagens MD

LuisPerdomo19/12/20 10:17

LuisPerdomo » 19/12/20 10:17

NervousBeard::LuisPerdomo e red_djow os integrantes mais emblemáticos do Ludopedia.

Seria interessante acompanhar uma partida entre vocês.
Quando eu falo "entre" não me refiro em algum lugar na linha imaginária que liga dois pontos, ainda mais se o jogo em questão possuir peças vermelhas pois sei que a treta iria ser grande para decidir quem joga com as vermelhas e com certeza eu não gostaria de estar entre vocês. Uma distância de 1.5m fora da linha de fogo seria aceitável: diminui a minha chance de contrair o covid e principalmente de levar uns sopapos.

Agora me sinto obrigado utilizar um avatar para meu usuário, será que vou conseguir algo tão emblemático como o de vocês?

Inté

Hahahaha, seria muito interessante, jovem Beard. Um dia, pós apocalipse, gostaria de jogar com todas as figuras carimbadas que frequentam minhas viagens alucinadas meus posts por aqui. Jogo até Munchkin e Zumbicide, mas prefiro cubinhos.

No Tigris & Euphrates, minhas preferências são:
Jarro >>>> Arco e Flecha > Leão = Touro

Jogos genéricos onde você pode escolher uma cor (ex: Amarelo, Azul, Verde, Vermelho, Preto, Branco):
Vermelho >> Verde > Preto > Azul > Branco > Amarelo

Não curto muito amarelo. Eu tenho um amigo de mesa que sempre pega o Amarelo primeiro.

"Você realmente gosta do amarelo? Eu nunca vejo alguém preferir o amarelo. Geralmente as pessoas querem mais o Azul."
"Amarelo me lembra ouro, sou uma pessoa de valores!"

Como eu posso discutir com uma lógica implacável como essa?
Fique com o amarelo, jovem, é todo seu.

Inté

2

Junio Coelho
180 mensagens MD

Junio Coelho19/12/20 14:33

Junio Coelho » 19/12/20 14:33

Top. Apesar de ainda não tê-lo jogado e ignorando a parte da jogabilidade, pois ainda não posso opinar, mas por já ter lido o manual (lido tb o seu tutorial, dentre outros textos sobre o jogo), posso dizer q o conceito é o mais bem elaborado que já vi. E eu não consigo ver este jogo como abstrato, apesar de entender os motivos de quem o faz, pois está tudo tão bem amarrado.

Alem disso, parabéns pelo excelente texto. Gosto o seu trabalho. Me divirto com suas piadinhas.

Sobre os cubinhos, na prática, eles realmente melhoram a experiência ou é só "TOC" da sua parte?

1
LuisPerdomo
639 mensagens MD

LuisPerdomo19/12/20 15:03

LuisPerdomo » 19/12/20 15:03

Junio Coelho::Top. Apesar de ainda não tê-lo jogado e ignorando a parte da jogabilidade, pois ainda não posso opinar, mas por já ter lido o manual (lido tb o seu tutorial, dentre outros textos sobre o jogo), posso dizer q o conceito é o mais bem elaborado que já vi. E eu não consigo ver este jogo como abstrato, apesar de entender os motivos de quem o faz, pois está tudo tão bem amarrado.

Alem disso, parabéns pelo excelente texto. Gosto o seu trabalho. Me divirto com suas piadinhas.

Sobre os cubinhos, na prática, eles realmente melhoram a experiência ou é só "TOC" da sua parte?

Salve, jovem Junio.

Obrigado pela leitura e pelas palavras de carinho.

Fiquei curioso. Tudo bem que eu sou o cara mais suspeito para falar da relação entre jogos temáticos e abstratos, mas que elementos você leva em consideração naquela parte onde você diz que não consegue vê-lo como abstrato?

Sobre os cubinhos: 90% TOC/personagem/humor debochado da minha parte, 10% melhoram levemente a experiência táctil, mas totalmente descartável, nem um pouco essencial. Você pode comprar o jogo e jogá-lo com as fichinhas de papelão sem nenhuma perda real em termos de experiência.

1
Junio Coelho
180 mensagens MD

Junio Coelho19/12/20 23:13

Junio Coelho » 19/12/20 23:13

LuisPerdomo::
Junio Coelho::Top. Apesar de ainda não tê-lo jogado e ignorando a parte da jogabilidade, pois ainda não posso opinar, mas por já ter lido o manual (lido tb o seu tutorial, dentre outros textos sobre o jogo), posso dizer q o conceito é o mais bem elaborado que já vi. E eu não consigo ver este jogo como abstrato, apesar de entender os motivos de quem o faz, pois está tudo tão bem amarrado.

Alem disso, parabéns pelo excelente texto. Gosto o seu trabalho. Me divirto com suas piadinhas.

Sobre os cubinhos, na prática, eles realmente melhoram a experiência ou é só "TOC" da sua parte?

Salve, jovem Junio.

Obrigado pela leitura e pelas palavras de carinho.

Fiquei curioso. Tudo bem que eu sou o cara mais suspeito para falar da relação entre jogos temáticos e abstratos, mas que elementos você leva em consideração naquela parte onde você diz que não consegue vê-lo como abstrato?

Sobre os cubinhos: 90% TOC/personagem/humor debochado da minha parte, 10% melhoram levemente a experiência táctil, mas totalmente descartável, nem um pouco essencial. Você pode comprar o jogo e jogá-lo com as fichinhas de papelão sem nenhuma perda real em termos de experiência.

Então, comentei sobre a questão da temática mas sem muitas pretensões. Não tenho intensão alguma de iniciar debates. Mas a questão é que, qua do dizem que um jogo como o Azul é abstrato, no sentido popular da aplicação da palavra, concordo plenamente. Mas especificamente no caso do T&E, eu não consigo enxergar apenas pecinhas, mas influencia política ou religiosa, comércio, etc. Eu o acho mais temático q um Castles of Burgundy, de um modo geral, mas não vejo ninguém o chamando de jogo abstrato . Enfim, talvez eu esteja fazendo confusão quanto aos conceitos popularmente definidos e ainda apegado ao sentido literal da palavra "abstrato". Mas, como já disse antes, não quero iniciar um debate sobre o assunto, pois na prática, tanto faz.

1
Junio Coelho
180 mensagens MD

Junio Coelho19/12/20 23:25

Junio Coelho » 19/12/20 23:25

Ah, esqueci de comentar que adorei a referência musical, além de q despertou uma certa nostalgia, pois houve uma época em q eu escutava alguns trabalhos do Paco e do Al Dimeola. Eu era adolescente e meu pai me perguntava pq eu ficava ouvindo aquelas músicas de gente velha, hahahah.

Outra coisa, eu ri muito na parte onde dizia "primeiro, vc tem q pegar no saco", hauahaua.

1
VitorICM
41 mensagens MD

VitorICM20/12/20 01:22

VitorICM » 20/12/20 01:22

Cara eu ri muito no:

"Não, jovem, eu não acredito em signos. Eu sempre escolho o Jarro porque eu acho muito maneira a ideia de fazer um Leão, um Touro e um Arco e Flecha perderem para um Jarro"

Ps. Seus textos realmente são muito longos mas, acho que falta textos mais minuciosos como os seus, mesmo q fossem mais focados sérios.

PS2, (não o vídeo game)... Quando vejo q têm um texto seu eu faço assim: abro ele em outra aba e só vou ler mais tarde quando tiver um tempo e me concentrar melhor. Talvez seus textos não sejam longos, talvez nossa sociedade apressada simplesmente não seja educada (formada socialmente) pra le-los.

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