Caros Boardgames
Não me levem a mal, mas o jogo pode ser lindo, ter a experiência super cativante, e provocar emoções de causar um verdadeiro “infarto lúdico”, mas pagar R$ 1.000,00, por um jogo e ter de usar GAMBIARRA, para jogar, na minha opinião, não só é inaceitável enquanto boardgamer, como totalmente incompreensível, que alguém defenda uma indignidade dessas.
Alguém aqui vai a uma churrascaria, o garçom só serve lingüiça e asa de frango, e as pessoas dizem é “assim mesmo”, ou “faz de conta que isso é alcatra”, ou “vamos ficar quietos para o garçom não perder o emprego”? Claro que não. Então qual é o motivo, para se comportar assim, em relação aos board games?
Tenho certeza de que ninguém aqui é ingênuo o suficiente, para realmente acreditar, que a Awaken Realms lance um jogo com cartas defeituosas, na Alemanha ou na Suécia, e que, ainda que isso aconteça, ela deixe de substituir os componentes com defeito. Se isso não acontece no mercado europeu, porque motivo nós deveríamos aceitar uma coisa dessas, aqui no Brasil?
Mas Europa é Europa, então vamos falar de outro lugar. Pois bem, a Awaken Realms, mesma editora do “Nemesis”, licenciou outro jogo, o “Tainted Grail”, na Coréia do Sul, e a editora local fez um lançamento caríssimo, e cagado de alto a baixo. Parece até que a editora coreana fez estágio com o pessoal da “largatixa”. Ao invés dos coreanos ficarem calados, e aceitarem passivamente um produto caro e com defeito, eles foram à luta, reclamaram com a editora, e quando não foram atendidos, partiram para o BGG e deram nota “1”, no jogo. Essa estratégia, válida ou não, justa ou não (válido e justo é o consumidor ficar no prejuízo, não é mesmo!!!), deu resultado, chamando a atenção da Awaken Realms. A empresa entrou no meio da briga para apaziguar os ânimos, e me parece que já se comprometeu a providenciar a reposição dos componentes com defeito, embora eu só acredite nisso, depois que for feito.
Enquanto isso, aqui no Brasil é “ah, joga assim mesmo”, “ah, tá errado, mas dá para deduzir a regra”, “ah, eu gastei R$ 1.000,00, o jogo veio com defeito, mas pelo menos está em português”, “ah, é melhor entubar o prejuízo galera, porque, caso contrário a Galápagos não vai trazer a expansão”, e outros cúmulos da passividade e falta de amor próprio.
Sinceramente, considerando que a estratégia coreana já se mostrou eficiente, pelo menos em alguma medida, eu não consigo entender, o motivo dela não ser adotada aqui no Brasil também. E isso tem de ser feito não apenas em relação a Galápagos, mas a todas as editoras nacionais, que lançam jogos com defeito, até que elas aprendam a trabalhar, com um mínimo de profissionalismo.
Por isso, eu digo e repito, quem sempre se comporta como um pusilânime será sempre tratado como um pusilânime. Enquanto nós, boadgamers, que somos aqueles que sustentam a indústria nacional dos jogos de tabuleiro (apesar de, às vezes, esquecermos disso), enquanto não tomarmos uma atitude, e uma atitude que surta algum efeito, nós continuaremos tendo de nos sujeitar a jogos com defeito, apesar de caríssimos.
Um abraço.
Iuri Buscácio