Nossa, eu abstraí o Tigris & Euphrates. Trocadilho intencional
Estou preparando o review dele, inclusive. Eu tenho que dar atenção a outros afazeres da minha esfera pessoal, então talvez fique para o começo do ano que vem.
Vou dar uma viajada aqui, não reparem:
Jogos mais tradicionais com controle de área, desses que envolvem a maioria de componentes em um determinado local, para mim, estão para os jogos tradicionais de luta no videogame, como Street Fighter e Mortal Kombat.
Tigris & Euphrates, por outro lado, como "controle de área", está mais para um Super Smash Bros.
Existe a troca de controle entre os jogadores nos outros jogos também, mas no T&E eu tenho a sensação que é exponencialmente maior. Surgiu um templo interessante na mesa, as pessoas vão ficar tentando empurrar o outro para fora o tempo todo. Essa sensação de "pula-pula" acontece porque nos outros controles de área, normalmente você tem que respeitar uma fronteira, no T&E você tem muito mais liberdade. Do nada você pode tirar seu líder e levá-lo para uma revolta contra o outro reino que está sendo formado. Essa liberdade traz uma espécie de caos ordenado. A ordenação vem justamente da necessidade de se equilibrar as 4 cores pontuando.
Tigris e Euphrates é simplesmente um jogo que poderia ter dado muito errado, mas que assombrosamente funciona como um reloginho. Essa diluição da pontuação em 4 segmentos força uma certa disciplina na postura dos jogadores. Não adianta você ter 20 azuis, 20 verdes, 20 pretos e 3 vermelhos ao final da partida. Parabéns, você fez 3 pontos, enquanto que o jovem que teve apenas 4 de cada cor ficou 1 ponto na sua frente.
Outro aspecto interessante desse design é como cada cor tem uma propriedade especial completamente diferente. Azul é o único tile que vai na água; vermelho é o tile onde os líderes entram adjacentes a ele; preto é o líder que pega os pontos se não tiver o líder daquela cor na brincadeira; e verde é o líder que pega o ouro quando você conecta dois ouros.
A sacada de se conectar os tiles que vêm com o ouro também é genial. O fato dos ouros serem um ponto coringa também. É um jogo onde você tem umas diretrizes muito bem amarradas, um pouco de sorte e uma liberdade estúpida para se fazer as coisas. Eu não sei até onde foi minuciosamente planejado e até onde foi um acidente muito feliz vindo de um play test, mas de qualquer forma, esse jogo é uma obra de arte.
T&E é para mim, antes mesmo de um controle de área, um controle de pontos, se é que isso faz algum sentido.
Eu não vou escrever nada disso no review, então não tem problema eu dar uma prévia. O review do tigris e euphrates começa falando de música flamenca, é só isso que eu posso falar por enquanto.
Além das excelentes contribuições do jovem Cordeiro, adicionaria também o Imperial (2030) que lembrei agora a partir desses exemplos. Imperial 2030 é o jogo que o War sonhou em ser lá atrás, mas os anos 60 ainda não estavam preparados para isso.
Outros jogos que me vieram à mente depois de uma reflexão:
Dominant Species, que também tem um controle de área acirrado em busca dos territórios mais "lucrativos" em quantidades de pontos. Faz um bom tempo que eu não o jogo, ele brilha na mesa com mais pessoas e tem uma partida bem demorada. Também tem uma base em cartas de efeitos que vão surgindo à medida em que o jogo progride. Na prática ele é um Worker Placement, Area Control e 4X. Eu não curto muito Worker Placement, mas desse eu gosto. Ele não se parece muito com os worker placements tradicionais, tem muito mais coisa acontecendo em seu entorno. O problema é que ele não vende aqui e é bem salgado.
Kemet. É essencialmente um Dudes on a Map. Em 2021 vai sair uma versão repaginada do jogo, o Kemet Blood and Sand, mas o original por si só já é muito bom. Muita gente deve vender seu original quando o novo chegar do financiamento coletivo, eu inclusive. É considerado por muitos o melhor Dudes on a Map que existe. Eu não joguei muitos DoaM, mas esse é o melhor que eu já joguei. Amo o aspecto euro dele com o mercado de poderes e o baixíssimo fator aleatoriedade, encontrado somente na distribuição das cartas de intervenção divina, pelo que me lembro.