Disclaimer: "o texto abaixo não é uma recomendação de compra ou necessariamente verdade absoluta. Ele tem apenas o intuito de colaborar com a comunidade sob a ótica de um jogador isento que acredita que sua opinião possa ajudar outras pessoas e enriquecer o hobby."
Primeiramente, vou mexer num assunto polêmico, para isso, conto com a licença poética e com a permissão de muitos aqui pois vou chamar o Cthulhu de Cleiton. (Eu achei a tradução deste jogo genial - Reinos de Cleiton... Genial) Então se você não gostou do nome traduzido do Cthulhu, acredito que não vai se agradar deste texto, pois utilizo bastante o nome.
Avisei inicialmente com o intuito de respeitar a comunidade, não quero que um leitor gaste seu tempo para ler algo e repentinamente ver Cleiton no lugar do nome do chefe dos Antigos.
Prelúdio:
O jogo é acontece no continente Auztralia, um novo mundo que passou a ser explorado após os Antigos serem vencidos por Sherlock Holmes e uma fraternidade clandestina de heróis vitorianos no ano de 1888. Os Antigos, que dominaram o mundo por mais de 7 séculos, foram dados como derrotados, entretanto, eles estavam secretamente escondidos em Auztralia, buscando recuperar forças após a derrota nas grandes batalhas pela Europa e nas Américas. Com a chegada dos exploradores em Auztralia, o combate final estava por vir, de um lado a força da humanidade com suas tecnologias e armas e do outro, o exército dos Antigos, liderados por Cleiton. Seremos capazes de derrotar de uma vez por todas os Antigos...
Por onde começar:
Após este resumo da história do jogo, parece que vamos ter um jogo super temático, com combates terríveis, ambientação tensa, mecânicas que fazem sentido e então, há quem não ache nada disso, e pensa que se fosse qualquer outra coisa no lugar do Cleiton, teria funcionado muito bem no jogo. Eu não optei por ir para este caminho, pois entre empurrar cubinhos e me envolver numa história super temática e empolgante, eu fico sempre com o coeficiente da diversão. E sim, eu me diverti. Senti por diversas vezes que o clima ia ficar tenso quando um antigo poderoso fosse revelado e durante o combate me vi várias vezes perto da derrota.
Mas concordo demais com quem acha que ele parece que vai ser super temático e não sentiu tanto.
Nunca tinha jogado nenhum jogo ambientado no material do H.P. Lovecraft como a série Arkham entre outros, mas gostei dele aqui neste jogo. O climax de virar um tile de antigo, que poderia ser só um inofensivo canguru e dava uma certa alegria, entretanto, quando era um antigo bem forte, dava um certo desespero. E quando aparecia o próprio big boss, o temido Cleiton em monstruosidade. Foge que é cilada Bino, deu ruim.
Em todas as partidas que joguei, foi gostoso sentir esse feeling de pensar:
- O que será que vou encontrar aqui neste tile?
- Vem canguru, vem!
Este também foi meu primeiro jogo semi-coop, há uma variante de dois que torna o jogo full coop graças a uma carta de Objetivo, porém ele é essencialmente semi-coop e humanos contra um único e poderoso inimigo.
Do setup:
Totalmente randômico, para as cartas de revelação dos antigos, tira algumas, embaralha as outras e forme uma plilha; para os recursos e distribuição dos antigos no tabuleiro (peças de pesquisa), das 20, embaralhe e coloque 13 no tabuleiro, nas peças dos antigos, coloque-as de acordo com o nível da área no tabuleiro e pode ser que no meio delas tenha cangurus - eu tirava para dar tensão e sempre colocava o Cleiton entre as peças de nível 3 para dar aumentar ainda mais o climax do jogo. Enfrentar os antigos e ainda ter o chefão na batalha...
Do tabuleiro:
O jogo possui um tabuleiro dupla face lindão. (Eu achei - um amigo me zoa bastante por isso). Um lado mais fácil, que de fácil não tem nada, e um lado difícil com certos bônus em alguns tiles que te ajudam a somar pontos no fim do jogo, porém, sinto que ele dá ainda mais chances do Cleiton vencer. O tabuleiro colabora com a seleção da dificuldade do jogo e acho que a seleção de dificuldade bem agradável, afinal, é um semi-coop e se fosse fácil, nem quero.
Dos personagens:
Aqui foi uma coisa que é bem legal pois com os personagens você consegue diminuir a sorte nas cartas de combate, há personagens que aumentam sua força, combam com seus exércitos e te dão bem mais força para enfrentar o inimigo mas há também os personagens mais fracos que as vezes não interessavam a nenhum jogador da mesa. E neste ponto, vai uma experiência ruim que tive.
Jogando certa vez, saíram 5 personagens ruins que não interessavam à nenhum dos jogadores e como não há nenhuma ação que o jogador possa fazer para renovar aquela lista de personagens, ficamos esperando a carta de antigo que mata alguns personagens na fila aparecer, para renovar a lista de compras. O que só foi acontecer no meio para o final da partida. Os jogadores quase derrotados e quando os personagens mudaram já não havia TEMPO para mudar o jogo.
Deixa eu falar do tempo... deixa!
A mecânica do Tempo:
Das coisas que mais me agradaram no jogo foi a mecânica do tempo, nunca tinha jogado nenhum jogo que aplicasse o tempo como mecânica, afinal todo jogo usa do tempo, seja ele para dar a sensação de desenvolvimento na partida, seja ele usado para controlar a quantidade de turnos no jogo, porém aqui, o tempo é a ordem de turno dos jogadores.
O tempo é uma contagem regressiva para lutarmos contra o Cleiton, o tempo é a forma que desenvolve o jogo. Vamos avançando na trilha do tempo e o último jogador é o primeiro a jogar, nossas ações são gastas com Tempo, levar tropas para batalhar custa tempo... e o tempo é precioso, escasso e desfavorável.
Os Exércitos da Humanidade e do Cleiton:
A humanidade, conta com ferrovias que ajudam a transportar suas tropas até o campo de batalha e para lutar contra o exército dos antigos temos ao nosso dispor: Infantiaria, Carros Blindados, Dirigíveis, Artilharia e Trens Blindados.
Algumas unidades atacam em áreas adjacentes ao trilho, enquanto o trem blindado só atira em alvos que estão na área dos trilhos
Já o exército dos Angitos, conta o próprio big boss Cleiton, os Soggoth, Mi-go - uma espécie voadora de monstro esquisito, Zumbis, uns humanos malucos leais ao Cleiton, que me lembram o caçador Van Pelt do filme Jumanji e os templos, estáticos mas poderosas armas de invocação de exército dos antigos.
Batalhas guiadas por cartas:
Na verdade, as cartas de batalha são utilizadas tanto para lutar contra o Cleiton quanto para definir seus movimentos. Essas cartas de batalhas definem as tropas que receberão danos, os Antigos que receberão dano, definem se vamos perder a sanidade. Pode parecer um tanto aleatório e vi que foi alvo de muitas críticas entre alguns jogadores.
O combate é guiado por cartas e no tabuleiro individual tem uma métrica que informa quais unidades são boas contra quais inimigos, logo isso é representado no balanceamento de quantas cartas tem em que determinado exército dá dano naquele alvo. Para mitigar a sorte, há personagens que ajudam nestes confrontos.
Gostei do combate guiado por cartas, pois, a resolução de dados, pode ser bem mais frustrante do que a simulação das cartas, além do mais, me sinto num combate onde ambas as forças atacam simultaneamente, pois ao mesmo tempo que você pode dar danos no inimigo, pode perder uma de suas unidades. E isto me agradou tanto quanto a mecânica de tempo do jogo.
Das considerações finais:
Vejamos, eu não sou um jogador que jogou mais de 100 jogos e fez mais de 50 reviews sob um profundo conhecimento de mecânicas e etc, portanto, se você leu até aqui, obrigado, pode ser que agora eu te surpreenda.
Do momento que o primeiro antigo é revelado pela trilha de tempo, a partida ganha um certo climax até o final dado à dúvida constante de qual será o próximo antigo revelado e sua força, como vou combatê-lo dão um tempero até o fim da partida. Tem uma condição de fim de jogo imediata, que faz todos os jogadores perderem. Essa condição de derrota instantânea acontece quando um porto é destruído. Já passei bem perto de perder assim, mas nunca perdi assim.
O fim de jogo, se não assim, segue pela contagem de pontos... E aqui reside uma pequena tristeza. Você luta, ganha pontos de vitória, corre para revelar os antigos, pois os que não foram revelados, valem o dobro de pontos para o Cleiton e ao final você perde porque o Cleiton somou mais pontos que vocês. Basta um jogador somar mais pontos que a vitória nos é dada, porém são pontos que definem o vencedor e o perdedor. Quase sempre o Cleiton pontuará mais...
Então o climax de somar pontos não é igual ao climax durante o jogo, então sinto que perder o jogo quando uma luta incrível que destrói seu porto, é bem mais agradável e divertida do que a soma dos pontos.
As fazendas servem no jogo para atrair o Cleiton, pois elas estão na lista de prioridades de alvos próximos e que dão mais pontos para o inimigo se elas forem destruídas, do que pontos para o jogador se ficarem intactas.
Ao longo do jogo, você constrói as fazendas que não te dão recurso nenhum e também não há ação que possa fazer a não ser com um personagem que, pode restabelecer uma fazenda destruída pelo inimigo.
Vamo falar de coisa boa, vem comigo:
Mesmo com estes defeitos (defeitos para mim), gostei do jogo. Joguei solo, campanha solo no BGG, de par, de 3 e todas as vezes me diverti durante o jogo e com combates be,m legais. Certa vez, lembro que o Cleiton chegou bem perto e quase destruiu o porto de um amigo. Caramba, quanta porrada demos naquele jogo para vencer o big boss. Essa partida foi bem legal.
Já falei como eu gostei da mecânica do tempo no jogo. Achei super interessante e depois procurei conhecer outros jogos que continham mecânica semelhante de tanto que gostei.
E por fim, no início da quarentena, vi que vem por ai uma expansão chamada "AuZtralia: Revenge of the Old Ones", como assim? Os antigos vão se vingar de quem? Eu só venci eles uma vez!
Esta expansão está sendo muito aguardada por mim. Ela vai trazer uma experiência com o 5 jogador, possibilidade de alguém jogar com os Antigos e encher seus amiguinhos de porrada e terror, alguns novos componentes e algumas melhorias. Todas estas informações, recolhi no BGG. Eu até tentei me candidatar para participar dos playtests, mas já tinha encerrado o tempo de inscrição.
Obrigado por ter lido até aqui. Enviando seu comentário, me ajuda a melhorar. Um grande abraço e até a próxima.