Durante os anos 1805 e 1830, em Ardèche, França, um casal de pobres fazendeiros chamados Pierre e Marie Martin, tornam-se proprietários de um pequeno albergue no vilarejo de Peyrebeille. O novo empreendimento foi um sucesso, e os Martin passam a viver apenas na renda da estalagem. Mas foi no ano de 1831 que as coisas tomaram um rumo diferente.
(Fonte: Google Street View, 2020)
Jean-Antoine Enjolras, um negociante de cavalos, que havia perdido sua novilha e a procurava até resolver hospedar-se no albergue dos Martin, foi encontrado morto nos arredores do Albergue. Pierre e seu sobrinho foram presos e posteriormente, Marie e seu criado Jean Rochette também foram levados pela polícia. Todos suspeitos de envolvimento no assassinato. Logo a população local começou a levantar rumores de outros 50 casos, que vão de furtos, assassinatos e outros crimes.
Rochette, Marie e Pierre Martin foram condenados à guilhotina pelo assassinato de Enjolras, por outras 4 tentativas de assassinato e 6 furtos. Apenas o sobrinho dos Martin foi inocentado. Após a morte, a fortuna da família Martin foi estimada em 30.000 Francos Ouro (aprox. 600.000 euros atualmente). Contudo, o cenário político da região pode ter influenciado no julgamento, visto que os Martin tinham uma estreita relação com a nobreza local e com os madeireiros da região, que estavam em uma disputa contra os camponeses, resultando num descontentamento geral da população.
(Fonte: Tripadvisor, 2020)
Atualmente, o Albergue de Peyrebeille possui uma nova hospedaria e um restaurante para visitantes. A história, obviamente, serviu de inspiração para alguns filmes, episódios de series de TV, radionovelas, livros, e jogos, como O Albergue Sangrento.
O Albergue Sangrento é um jogo para 1 a 4 jogadores com 14 anos ou mais, em que as partidas duram de 30 a 45 minutos. Os jogadores fazem parte da gananciosa família, proprietária do albergue, e criam uma disputa para ver quem consegue arrecadar mais dinheiro com essa empreitada macabra, conquistando sócios e matando, enterrando e roubando os hospedes.
O primeiro fator que me chamou a atenção nesse jogo foi a arte impecável do artista Weberson Santiago, mesmo artista dos jogos Coup e Pot de Vin, que transmitiu com maestria a atmosfera sombria do jogo. Outro ponto que muito me agradou foi a alta rejogabilidade, visto que a cada partida você retira uma considerável quantidade de cartas de hospedes, então nunca se sabe quem está para entrar no albergue, tornando cada partida única.
Sobre a partida em si, a princípio pode parecer pouco intuitivo utilizar a mesma carta de 4 formas diferentes (Hóspede, cumplice, apêndice e cadáver), mas uma ou duas partidas são mais que suficientes para entender o funcionamento do jogo. O jogo proporciona uma boa interação entre os jogadores, visto que cada jogador pode interagir com o hóspede que dormem nos quartos dos adversários, assim como também pode enterrar cadáveres nos apêndices construídos por eles. As partidas tendem a ser bem disputadas e cada jogada pode ser decisiva para a vitória. Ganha o jogador que possuir mais dinheiro ao final da partida e em alguns casos, pode ser uma diferença de apenas 1 ou 2 francos. Os jogadores não só precisam ter uma boa administração do dinheiro que ganham e gastam, mas também tomar muito cuidado para não deixar nenhum cadáver exposto quando um policial estiver deixando a pousada ao amanhecer.
Algo que não me agradou muito foi a variante solo. Apesar de apreciar jogos que possam ser jogados em 1 jogador, O Albergue Sangrento, apresenta apenas uma tabela de pontuação para partidas longas, mas não apresenta uma tabela para partidas rápidas, o que perde o sentido de jogar uma partida solo rápida. Seu objetivo é conseguir a maior quantidade de dinheiro possível, definindo assim seu título, que pode ser: Hoteleiro Aflito, Hoteleiro Perigoso, Hoteleiro Maligno e Hoteleiro Demoníaco. Contudo, achei pouco desafiador e os títulos não me fizeram tentar jogar mais para possuir títulos melhores, apesar de manter a mecânica básica do jogo, perde drasticamente no fator competitividade, que considero fundamental nesse jogo.
Observação: Se for jogar, lembre-se que a carta “Destilador” possui um erro de tradução. Sua habilidade é a de reduzir em 1 o custo com seus cúmplices, e não reduzir o custo total dos seus cúmplices, como dá a entender na carta.
O Albergue Sangrento é um jogo do Nicolas Robert, trazido para o Brasil pela Mandala, agora Grok Games. Um jogo com uma temática de terror, que muito me agrada, e que proporciona partidas acirradas e pede jogadas inteligentes e estratégicas.
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. Quanto a variante solo eu fiquei pensando que poderia ser meio fraca mesmo. Daí achei lá no BGG uma variante que parece ser mais interessante. Segue link, caso interesse: 
