Por Fernando Nogueira, originalmente postado em Blog Carcassonne Brasil.
Penso que é [um jogo] fácil de aprender, tem um elemento construtivo e tem bastante profundidade, mesmo partindo de regras simples.
Klaus-Jürgen Wrede, criador de Carcassonne
Em outubro de 2020, o mundo dos jogos de tabuleiro chega a uma data importante: são 20 anos desde o lançamento de Carcassonne, um dos marcos do renascimento dos
board games. Ele foi lançado pela editora alemã Hans im Glück na feira de Essen de 2000, virando um sucesso instantâneo – o que só aumentou com a indicação e a confirmação do prêmio de “Jogo do ano” (
Spiel des Jahres) em 2001.
Para celebrar essa data, a revista inglesa Tabletop Gaming dedicou a matéria de capa da
edição de outubro deste ano a essa efeméride. Aqui estão alguns dos destaques do artigo.
Klaus-Jürgen Wrede, Carcassonne e o prêmio Spiel des Jahres (Melhor Jogo do Ano) 2001.
Como um livro e uma cidade
inspiraram o jogo
Carcassonne foi criado pelo professor e musicólogo alemão Klaus-Jürgen Wrede. Ao visitar a cidade francesa de mesmo nome fazendo pesquisa para um livro, ele se inspirou nas famosas muralhas da vila medieval e teve a ideia de um jogo que simulava o cenário da região – campos, estradas, abadias e cidades fortificadas.
A primeira edição do jogo já tinha quase todos os elementos que conhecemos até hoje – houve apenas pequenas mudanças nas regras de pontuação de cidades de 2
tiles e dos campos. Essa consistência é uma evidência do balanceamento e da força do
design original.
Por que faz tanto sucesso?
De acordo com o artigo, há muitas razões que explicam o sucesso continuado do jogo. Há uma combinação de elementos cooperativos (na criação do mapa) e competitivos (na guerra por pontos). Ele ajudou a definir o que se entende por um
eurogame. É simples de aprender, mas permite partidas estratégicas. Tem uma arte gráfica simples, bonita e funcional, acessível a qualquer jogador – foi criada pela
designer Doris Matthäus, que buscou fazer justiça à beleza da cidade francesa. A sorte está presente, o que dá um toque de imprevisibilidade, mas não é determinante – principalmente em jogos com jogadores experientes.
Impacto cultural: meeple, turismo e aplicativos
Conta-se que o termo
meeple foi cunhado durante uma sessão de
playtest de Carcassonne. Hoje sinônimo de qualquer peça que represente trabalhadores que um jogador controla, a expressão veio da criatividade da jogadora Alison Hansel, que fundiu
my +
people (“minha pessoas”) para criar o termo. Carcassonne incorporou a ideia, disseminando esse nome para significar as pessoinhas de madeira e influenciando todo o resto da indústria.
Um meeple em Carcassonne! Foto por Fernando Nogueira.
Outra dimensão do impacto cultural obtido pelo jogo está no turismo: uma parte considerável dos visitantes da cidade de Carcassonne está lá para conhecer as famosas torres que inspiraram o
designer. Segundo o agente oficial de turismo do sul da França, Sarahi Seguy, “recebemos visitantes que vêm de todo o mundo que já conhecem o jogo, e às vezes eles o jogaram antes de ouvir falar da cidade”.
Além da versão física, Carcassonne está disponível nas mais diferentes mídias digitais, incluindo computador, videogames, celulares e tablets. A plataforma que tem reunido os melhores jogadores internacionais é a Board Game Arena, sendo usada para promover diversos campeonatos regionais, nacionais e internacionais, como o
Campeonato Mundial Online de Times de Carcassonne e o recente
Interdeviriano.
O jogo trouxe um impacto positivo no setor de turismo em Carcassonne. Foto por Fernando Nogueira.
Você quer expansões? Temos (muitas) expansões!
O sucesso do jogo base logo levou à criação de um nicho comercial particular: o de expansões e derivações. A revista descreve e ranqueia as expansões ainda vendidas hoje em dia, dando destaque para “Count, King & Robber”, “Traders & Builders” e “Inns & Cathedrals”. Outra expansão famosa é a “River & Abbot”, que desde em anos recentes acompanha o jogo base e traz uma nova forma de começar o jogo, com a construção de um rio que influencia como o mapa será desenvolvido. Por mais que as expansões tragam elementos novos, elas não alteram fundamentalmente a essência de Carcassonne, nem suas ações básicas: comprar um
tile, colocar um
tile e, opcionalmente, posicionar um
meeple.
Curiosidade: o artigo termina fazendo menção à mais infame expansão do jogo, a “Catapulta”. Com ela, os jogadores tinham a chance de literalmente jogar – arremessar! – um
tile no mapa, usando o objeto que dava o nome à expansão. Na opinião da revista, “há uma boa razão para essa expansão não ter sido reimpressa. NÃO JOGUE COM ELA!”
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