A partir do que apresentamos aqui, acreditamos que o Power Grid fará sucesso em sua sala de aula, principalmente em turmas de Ciências no 9º ano do ensino fundamental ou em Física, no 1º ano do ensino médio. O seu uso dará um dinamismo maior à aprendizagem de conceitos a serem desenvolvidos posteriormente, que estarão claramente exemplificados nas diversas situações que ocorrem ao longo do jogo.
Publicado em 2004, o Power Grid é um jogo de gestão de negócios no ramo de produção e distribuição de energia elétrica, comportando de 2 a 6 jogadores, em partidas que duram, em média, 2 horas. O objetivo do jogo é fornecer energia para vários municípios, a partir de linhas de transmissão que os conectam. Essa energia é produzida por vários tipos de usinas que são adquiridas a partir de um leilão, a cada nova rodada. Assim, cabe ao jogador decidir qual o melhor custo x benefício na aquisição de suas usinas, de modo a conseguir levar energia elétrica para o maior número de cidades possíveis.
A depender do tipo de usina (estão disponíveis termelétricas movidas a carvão, petróleo e lixo, além de usinas nucleares e eólicas) será necessário adquirir, também, o seu combustível, num mercado que representa muito bem a oscilação dos valores a partir da lei da oferta e da procura.
Mas, como utilizar o Power Grid em sala de aula?
Power Grid é um jogo que pode ser explorado em seus diversos aspectos, na perspectiva de levar os alunos a compreender alguns conceitos importantes e estimulá-los a investigar mais a fundo os temas que, no jogo, são apresentados superficialmente.
Inicialmente, temos uma variedade bem interessante de tipos de usinas de energia mais tradicionais, com um custo mais baixo e com pouca potência elétrica, capazes de iluminar apenas uma ou duas cidades, sendo predominantemente usinas termelétricas movidas a carvão, petróleo ou lixo. Entretanto, à medida que as rodadas vão acontecendo, novas usinas, mais potentes, são apresentadas.
Descrição de uma carta de usina
Mercado de usinas no início do jogo
Nesse sentido, o professor pode sugerir que, à medida que o jogo avança, a tecnologia se desenvolve, possibilitando a construção de usinas mais potentes, inclusive com o surgimento de usinas nucleares e eólicas.
A própria diversidade de usinas pode ser utilizada para que o professor desenvolva, com seus alunos, os principais aspectos de cada tipo de usina, numa aula posterior ao jogo. A discussão pode ser direcionada, por exemplo, sobre como funciona cada tipo de usina tratada no jogo; quais as vantagens e desvantagens de cada uma; que impactos ambientais cada tipo pode ocasionar; etc.
As próprias ilustrações das usinas sugerem que alguns tipos de usinas são mais poluentes a partir da cor e da quantidade de fumaça que cada uma emana. Por exemplo, as usinas movidas à carvão tem uma cor bem escura e são abundantes, enquanto que as usinas nucleares têm uma fumaça branca, decorrente do vapor d’água liberado.
Diferença nas cores das fumaças podem indicar poluentes.
É interessante, por exemplo, mostrar como ainda é alto o custo para se desenvolver usinas eólicas, a partir da comparação do preço entre esse tipo de usina e as demais para um mesmo potencial de distribuição. Custo que é recuperado a médio prazo, visto que esse tipo de usina não precisa de combustíveis fósseis para seu funcionamento.
Comparação entre custo x benefício de algumas usinas de mesma potência.
Um outro ponto que merece ser trabalhado é a lei de oferta e procura, quando os jogadores precisam adquirir os combustíveis para as suas usinas. Inicialmente, os combustíveis mais baratos são o carvão e o petróleo. Entretanto, à medida que esses tipos de usinas vão sendo adquiridas, esse tipo de combustível fica mais escasso, aumentando o seu valor, enquanto que o valor do lixo e do urânio vão diminuindo a longo prazo.
O professor também pode explorar o mapa no tabuleiro central, explicando a malha de conexões entre todas as cidades, fazendo uma comparação com o sistema real de distribuição de energia elétrica, em que todas as usinas têm pontos de conexão de modo a permitir a rápida distribuição de energia por outros ramais, no caso de uma ruptura em alguma conexão. Vale lembrar, também, que na vida real, isso gera um ônus, visto que, a depender da sobrecarga no sistema, várias usinas podem ser desligadas num efeito cascata.
Visão geral do tabuleiro do jogo.
Há, ainda, a mecânica do leilão, no jogo, em que cada jogador oferece um determinado valor para comprar a usina e ter direitos de uso sobre ela. Algo semelhante ao que geralmente ocorre quando governos decidem privatizar usinas elétricas estatais.
Essas são apenas algumas sugestões. Claro que você pode explorar muito mais as situações do jogo. À propósito, este jogo ainda não está disponível no Brasil. Mas a editora Galápagos Jogos já anunciou que o publicará por aqui. Deve estar disponível até 2016. No jogo base, os mapas disponíveis são dos Estados Unidos e da Alemanha, mas existem várias expansões, inclusive com o mapa do Brasil.
Embora, atualmente, só existam cópias importadas, não existe qualquer barreira linguística, pois todos os componentes usam uma simbologia iconográfica de fácil compreensão.
Quer conhecer um pouco mais sobre esse jogo?
Leia mais sobre suas regras, veja fotos e assista a vídeos sobre Power Grid na Ludopédia.