Se algo tenho aprendido desenvolvendo o Curandeiro é que o processo de desenvolvimento parece não ter fim. 4 meses após ter apresentando Curandeiro, achando que já estava pronto para ser lançado, trago as atualizações que são resultado de mais 4 meses de teste, polir, teste, polir, teste e polir.

Agora, com maior experiência e conhecimento do meu próprio jogo, consigo dizer com propriedade que se encontra em sua fase final de desenvolvimento (publicação é um assunto que se encontra fora da minha área).

O que tem de diferente?

Muita coisa, mas na sua essência continua sendo um jogo intuitivo, elegante, simples e intrigante com picos de tensão.


- Um upgrade nos componentes. Chega de testar com papelão. Com confiança das escolhas decidi criar os ritos (antes chamados de malefícios) com madeira reciclada dos caixotes de feira. O resultado foi sensacional e de fato jogar Curandeiro com peças de madeira da um charme. E nem falar das caveirinhas de pedra. Quando se juntam no saco dos jogadores dão um peso e som bem legal.
Sim, o aspecto sensorial é importante nos jogos de mesa, e poucos jogos de cartas oferecem esta delicia de componentes.






- Um baralho mais balanceado e mais bonito. Agreguei um sexto "naipe" ao baralho com uma proposta diferente, o valor X. Trabalhei na distribuição das Cores/Números/Naipes para dar o melhor equilibro nas possíveis jogadas de acordo com os ritos agora existentes. Resumidamente, cada carta tem maiores chances de ser aproveitada, o que da a satisfação de ter diversos caminhos para planejar a estratégia e conseguir jogar a mão inteira, ao mesmo tempo que se o jogador chega num caminho sem saída, não será inteiramente por má sorte.

E nem falar da nova aparência que deixa o jogo ainda mais gostoso de jogar.





- Novas regras dos ritos (antigos malefícios). Onde antes tínhamos dois ritos diferentes, um com números em ordem crescente e outro em ordem decrescente, agora combinamos este rito em um só que permite colocar tanto em um sentido como em outro, evitando que alguém jogue a carta mais alta (ou mais baixa) e trave o rito.
Mesmo símbolo recebeu também: mesmo número. Como no baralho só tem 12 cartas de cada símbolo, este rito acabava ficando parado as vezes até mais da metade da partida, sem trocar, sem crescer, sem agregar opções interessantes ao jogo. Agora é um dos meus favoritos, pois permite traçar uma sequência de cartas, que se ninguém interrompe da para descer a mão inteira.


- Novos efeitos das cartas. Toda vez que uma carta é a ultima a ser jogada de uma mão, se ativa o efeito dela, este efeito varia de acordo com o símbolo. Na versão anterior os efeitos eram... pouco interessantes. Pule a vez do outro jogador, inverta a ordem da rodada, descarta 2 cartas, todo copiado do clássico UNO. Não eram maus efeitos mas não davam um impacto ao jogo e pior ainda, não aproveitavam as mecânicas do Curandeiro.
Se for entrar nos detalhes de cada um dos efeitos novos, levaria mais parágrafos dos que vocês estariam dispostos a ler, mas em resumo, cada efeito é uma escolha bem legal. Exceto a Poção. Poção é sempre ruim.


- Um jogo que não enjoa. Mesmo após 6 meses de desenvolvimento, tenho que dizer que ainda sinto uma emoção na barriga quando alguém me chama para jogar Curandeiro, não porque seja meu jogo, mas porque não canso de jogar ele. Acho que uma das motivações de criar jogos e juntar aquilo que achamos legal dos nossos jogos favoritos e tentar fazer uma mistura que preencha um vazio na nossa sede por experiências incríveis.