Em meio ao espaço cheio de novidades no mundo dos jogos eletrônicos do Brasil Game Show, uma área se destacava pela ausência de telas e controles, oferecendo em seu lugar mesas com jogos de tabuleiro superelaborados. Era o estande da Galápagos Jogos, marcando a invasão dos 'boardgames' na maior feira de videogames da América Latina.
A Galápagos é uma das principais editoras de jogos de tabuleiro do Brasil, atuando no mercado nacional desde 2009, tanto na criação de jogos nacionais quanto na licenciamento e tradução de jogos de sucesso no exterior. A empresa conta com cerca de 25 jogos no catálogo e está presente em mais de 200 pontos de venda no país.
A editora prevê lançar mais de 30 jogos em 2015 e espera faturar R$ 15 milhões até o final do ano, mesmo com o impacto do dólar alto e a competição com os games digitais. UOL Jogos conversou com o executivo Yuri Fang, um dos proprietários da Galápagos, para entender esse "boom" dos jogos de tabuleiro no Brasil.
"Eu acredito que como estamos numa era digital, falando muito de celular, não saímos do computador no trabalho, vivemos em redes sociais conectadas digitalmente... com isso tudo, o jogo acaba sendo talvez um dos únicos momentos de entretenimento que você possa ter em que você tem um contato real com as pessoas".
"Qualquer tipo de jogo, desde um esporte como futebol até sentar numa mesa para jogar cartas ou um jogo de tabuleiro", explicou o executivo, que ressaltou também o aspecto inovador dos jogos de tabuleiro atuais como um fator que atrai um público novo para esse passatempo.
O jogo acaba sendo talvez um dos únicos momentos de entretenimento que você possa ter em que você tem um contato real com as pessoas
"Em jogos mais antigos, como '
Banco Imobiliario' e '
Jogo da Vida', o jogador não era muito o protagonista, não era parte integrante do jogo, você era guiado pelo que o tabuleiro dizia e pelo resultado dos dados", explicou.
Os jogos atuais, como "
Zombicide" e "
A Game of Thrones: The Board Game (Second Edition)" que usam mecânicas complexas para proporcionar experiências bem diferentes aos jogadores, com partidas cooperativas, competitivas ou um misto de ambas.
Colecionismo
"Zombicide" é um dos maiores casos de sucesso da Galápagos. O jogo de estratégia cooperativa traz um tema pop dos mais contemporâneos (apocalipse zumbi bem ao estilo "Madrugada dos Mortos" ou "The Walking Dead") e conta com vários pacotes de expansão, coisa muito parecida com os infames DLCs do mundo dos games. As expansões de "
Zombicide" trazem miniaturas únicas para o tabuleiro e com isso acrescentam um elemento de colecionismo ao jogo.
A Galápagos jogos faturou R$ 2 milhões em 2013, R$ 6 milhões em 2014 e este ano espera chegar aos R$ 15 milhões
"Hoje existem três edições principais de '
Zombicide' e mais de 10 expansões", contou Fang. "Existem as expansões maiores, com novas peças e outras com elementos diferentes para o jogo, como cachorros zumbis ou 'convidados' que se parecem com personagens famosos".
Outro jogo que atiça os colecionadores é "
Star Wars: X-Wing Miniatures Game", jogo de naves baseado na popular franquia de George Lucas. Há quem compre o jogo e suas expansões apenas para possuir suas belas naves espaciais.
Há também os colecionadores de jogos de determinadas editoras européias ou mesmo os que são fãs dos autores e buscam adquirir todos os jogos lançados por eles.
Prosperando na crise
A Galápagos Jogos conta com cerca 200 pontos de venda espalhados pelo Brasil, com seus produtos presentes tanto em lojas de jogos quanto livrarias, além do site oficial, onde você pode comprar qualquer jogo ou expansão.
Os títulos da Galápagos variam bastante de preço, mas os produtos principais ficam na faixa de R$ 250 e R$ 350. O recém-lançado "
XCOM: The Board Game" sai por R$ 270. "Estamos segurando os preços o quanto dá", disse Fang sobre o impacto do dólar na importação e produção dos jogos de tabuleiro.
A empresa faturou R$ 2 milhões em 2013, R$ 6 milhões em 2014 e este ano, mesmo com a crise econômica e o dólar nas alturas, espera alcançar resultados ainda melhores: "Ainda vamos esperar até o final do ano para ver se o resultado vai se realizar, mas estamos no caminho dos R$ 15 milhões em 2015".
"O mercado está crescendo muito e trabalhamos para oferecer sempre novos jogos de alta qualidade para os consumidores", explicou Fang. "De forma alguma lançaremos alguma coisa porcaria só porque tem um nome famoso na caixa".
fonte:
uol.com.br