Big_dadd1::Concluindo, jogue ameritrash!!!!

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convido a conhecer a Galbs Games e nossos jogos! Só publicamos jogos com temáticas brasileiras e geralmente com críticas relevantes pra nossa sociedade, como o Vela que trata da mineração em Minas Gerais e foi feito após a barragem de Brumadinho, o Marãná que traz cultura indígena de forma mais geral, com muita pesquisa, o Lençóis sobre os biomas de Lençóis do Maranhão e do Piauí e o Interceptor sobre política brasileira Por enquanto só publicamos jogos autorais, mas em breve queremos começar a publicar jogos de outros designers que trazem esses temas, e olha, designer bom não falta viu.

Bruno Marchena::Oi Vinícius! Talvez nossos sonhos apontem para a vontade de ter potência, de ter e experimentar poder, e não de ser dominador. Há quem potência humilhando, escravizando e dominando alguém, há quem sinta isso portando uma arma ou sentando num carro de luxo, mas há outras formas de sentir potência. Isso pode ser conquistado ou sendo dominador, às custas do sofrimento e disciplinamento alheio, ou pela produção de um poder coletivo, sem que hajam dominados, subalternos, escravizados etc. Imagina o sentimento de potência, por exemplo, de trabalhadores operários nas greves gerais que tiveram por volta de 1917 no Brasil. Foram milhões de homens, mulheres, crianças e idosos indo às ruas, tomando fábricas, construindo seus próprios bairros, suas próprias escolas e meios de transporte gratuito, aumentando salários, proibindo trabalho infantil, dentre várias outras conquistas (as quais gozamos até hoje). Imagina a potência que sentiam africanos ou escravizados brasileiros que se libertavam dos senhores e viam crescer os seus quilombos. Há como se experimentar a potência a partir de um movimento coletivo e solidário também. E é esse caminho que raramente aparece nos board games. Aliás, é esse sentimento de potência que mal se apresenta como alternativa para nós, que acabamos por acreditar que sentir potência ou ter poder somente pode ser alcançado pelas vias da dominação. De fato, ninguém tem o desejo de ser dominado, humilhado e escravizado. Mas quem está vivenciando este triste contexto também pode enxergar na luta coletiva por libertação como um ótimo caminho para se sentir potente. E potência traz autoestima, autodeterminação e, sobretudo, felicidade. Então, por que não mostrar mais um pouco este outro lado da felicidade em nosso hobby?

Obrigado pelos comentários, pessoal! Ótima discussão!  (=

Ótima reflexão, Bruno, em dúvida, mas essa discussão vai longe!
Acho que uma coisa sumamente importante é que o jogo é um produto, e isto faz a balança pender mais para o lado do conservadorismo na escolha de temas. 

Falando em cosmologia Guarani, me lembrei de Spirit Island que trata sobre proteger sua terra.

Não sei se entendi direito... 

Se for algo contra as tomadas de decisão de quem esta no poder, tipo resistência, vai ser jogo de fomentar rebeliões, sabotagem, caos e destruição da ordem? Acho difícil por ser contro o politicamente correto, no máximo algo bem superficial tipo the resistance ou em euphoria que a ignorância é a fonte pra manipulação da massa (para qualquer um que ajude o outro a chegar no poder)

Ou vc quer um tema de pessoas comuns fazendo coisas comuns?
Tem o CV e o jogo da vida....mas acho que um tema que talvez não atraiam muitos jogadores(por fazer parte do cotiano de todos), por isso não esta no top 100


 

polimeni:: Não sei se entendi direito... 

Se for algo contra as tomadas de decisão de quem esta no poder, tipo resistência, vai ser jogo de fomentar rebeliões, sabotagem, caos e destruição da ordem? Acho difícil por ser contro o politicamente correto, no máximo algo bem superficial tipo the resistance ou em euphoria que a ignorância é a fonte pra manipulação da massa (para qualquer um que ajude o outro a chegar no poder)

Ou vc quer um tema de pessoas comuns fazendo coisas comuns?
Tem o CV e o jogo da vida....mas acho que um tema que talvez não atraiam muitos jogadores(por fazer parte do cotiano de todos), por isso não esta no top 100


 

Olá Polimeni,

Não entendi também direito o que você quis dizer. Jogos de rebeliões e destruição da ordem já existem, mas geralmente não trazem temas relacionados à vida real. Não seria Star Wars nesta temática? Há rebeldes contra o império, querendo destruir a ordem para construir uma nova organização mais justa. Destruir é também um processo criativo! E em Star Wars sempre torci pelos rebeldes.  (= 

Por isto, para mim, qualquer coisa que tente criar uma organização mais justa, horizontal, sem escravos, dominados, subalternos ou precarizados, é politicamente correto! (=

E o jogo da vida não é sobre pessoas comuns. Nem todo mundo pode ter profissão, comemorar o nascimento de filhos, fazer viagens, pular de paraquedas, ganhar salários e andar por aí de carro pela vida! As pessoas comuns, quase metade da população mundial, vive ABAIXO do nível de pobreza. Se somar com as famílias que vivem dentro da faixa de pobreza, temas aí a grande maioria da população mundial.

Logo, as pessoas "comuns" não aparecem em nossos board games. Ou quando aparecem, são os "colonos" de Puerto Rico.

Acho que é isso!

Abraços!

Parabéns pelo excelente texto. Os estudos do Movimento Decolonial apontam essas questões, em outras áreas, como pedagogia, artes, memória e significados. Sem dúvida, as narrativas propostas pelos board games aponta (quase) sempre na direção de um pensamento de dominação, de valorização de mitologias e memórias eurocentricas, de um controle/poder de determinadas nações sobre outras, e por aí vai. Curiosa para conhecer novos jogos com uma temática/narrativa mais latino-americana e brasileira. 

"Por isto, para mim, qualquer coisa que tente criar uma organização mais justa, horizontal, sem escravos, dominados, subalternos ou precarizados, é politicamente correto! "

Esta certo, a diferença é a forma em que isso ocorre... o politicamente correto é respeitando o estado democrático de direito(que é oq vc citou a cima). Neste país, elegendo seus representantes e os cobrando em seus papeis legislativos e executivos.

Como já disse, sair por ai brandindo espadas a laser e atirando nos outros é contra o politicamente correto na sociedade (atentado de Suzano manda um alô)...mas um jogo/filme sem isso não teria tanta graça quanto um filme das banalidades do cotidiano da vida real, pelo menos para a grande massa...

"E o jogo da vida não é sobre pessoas comuns. Nem todo mundo pode ter profissão, comemorar o nascimento de filhos, fazer viagens, pular de paraquedas, ganhar salários e andar por aí de carro pela vida! As pessoas comuns, quase metade da população mundial, vive ABAIXO do nível de pobreza. Se somar com as famílias que vivem dentro da faixa de pobreza, temas aí a grande maioria da população mundial."

essa população pouco se importa com o tema dos BG, estão focadas em suas necessidades básicas...eu não posso ser um lord medieval ou chefe de uma civilização, mas gosto de jogos deste tema...O que digo é que o jogo não precisa representar a sua realidade...as pessoas jogam para se distrair/divertir e fugir um pouco dela....
Além do que acontece nestes jogos são coisas aleatórias em cartas ou dos dados/roletas, vc pode ter ou não uma profissão, alem de todos os outros eventos serem dirigidos pela sorte
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Nos dois exemplos, cito oq as pessoas não tem tanta propensão a gostarem: Trivialidades ou problemas do seu cotidiano. Elas preferem cosias emocionantes ou resolução de problemas complexos ilustrando coisas fora do seu dia-a-dia
- Guerras rebeldes x Exercer seu papel na democracia 
- Cotidiano da vida x Temas empolgantes/inusitados/complexos

Por isso que os filmes, boardgames, vídeo game, etc, se nota mais temas de determinados tipos do que de outros...

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Enfim, vc não respondeu oq vc quer...espero que tenha entendido meu ponto do pq existem mais determinados temas do que outros

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Quanto ao folclore indígena e temas brasileiros em geral, vai depender dos autores nacionais criarem...não se pode culpar os autores gringos por explorarem as mitologias internacionais mais conhecidas (e por isso de maior interesse do público em geral)

Ate existe um jogo internacional euro sobre o Brasil, de exploração de madeira colonial, chamado Madeira...mas tema bem superficial

Algo que eu acharia interessante é um jogo sobre a Guerra dos Canudos, tem tudo que eu acho q vc deseja...tema nacional sobre exclusão social, econômica e resistência...historicamente ela venceu três incursões militares da republica 

Gostei bastante do tópico e dos comentários. Levando em conta o cenário atual do Brasil, não lembro de última vez que um tema polêmico foi tratado com uma discussão sadia.

Estes tempos estive pensando no que definia os boardgames do Brasil, quais as características dos jogos criados/jogados aqui? Só consegui pensar em jogos de carta, blefe e nos "clássicos"(Banco imobiliário, detetive....).
Depois deste tópico fiquei pensando, não temos uma história milenar, mas temos muitas coisas que podem ser usadas como inspiração para criar bons jogos: dezenas de revoltas/guerras (Dos Canudos, Incofidência Mineira, Contestado...), temos a questão dos índios x portugueses, escravos x portugueses, brasil colônia x império, além de um folclore muito rico e até a nossa política que, apesar de ser um tema não muito "bom", poderia dar um bom jogo.

Acredito que a partir do momento que nossos designers nacionais implementarem estas ideias, cabe muito a nós, consumidores, darmos um retorno positivo e que incentive essa produção nacional, que tem um grande potencial!

Ótima reflexão, Bruno. Há conteúdo aí para meses de discussão. Congratulações pelo texto!