Escrita por: Rodrigo Neves.
Sinopse do Jogo:
Cleopatra and the Society of Architects é um jogo de estratégia com proposta familiar, em que os jogadores assumem o papel de arquitetos de Cleopatra, e disputam para decidir aquele que será o mais famoso e bem-sucedido entre eles. O jogo foi lançado em 2006 pela Days of Wonder, sendo uma criação dos designers Bruno Cathala e Ludovic Maublanc, autores envolvidos em clássicos como: Cyclades, Jamaica, Five Tribes e Mr Jack. O jogo possui pouca dependência de idioma, apenas nas fichas de referências, mas existe ums tradução não oficial disponível aqui na Ludopédia. Sendo de 2 à 5 jogadores, pode durar de 1h à 2:30hs uma partida.
Observação: Nesta cópia da resenha, a caixa do jogo é intitulada Kleopatra (com “K”), pois é um exemplar em alemão.
Objetivo:
Cleopatra and the Society of Architects é um jogo que inclui um verdadeiro palácio tridimensional, pelo qual os jogadores, no papel de arquitetos, competem para construir. Os jogadores devem visitar o mercado para coletar recursos e a influência de personagens especiais, e depois construir obeliscos, esfinges, portas, trono e padrões de mosaicos, visando se tornar o arquiteto preferido da rainha Cleopatra. Mas cuidado, existem caminhos corrompidos que ajudam ao jogador na conquista de seus pontos de talento mais rápido, porém ao final, o jogador mais corrupto, será servido aos crocodilos como oferenda, antes da contagem de pontos.
Mecânicas:
- Administração de Cartas,
- Cerco de Área,
- Colecionar Componentes,
- Leilão,
- Seleção de Cartas.
Componentes:
O jogo vem em uma caixa quadrada de boa qualidade, arte bonita e tamanho padrão, porém bastante pesada. Ao abrir a caixa do Cleopatra, vemos que ela vem bem compacta, com seu espaço totalmente aproveitado, até a tampa. É um daqueles jogos que oferecem desafio até mesmo na hora de guardar seus componentes após a partida.
O jogo vem com dois boards quadrados, representando a entrada e a cobertura do palácio. Uma das grandes sacadas aqui é a utilização da parte inferior da caixa na montagem do palácio. Uma solução interessante que já vi ser usada no jogo Niágara também.
Cleopatra vem com um manual muito bem organizado e 5 fichas de auxílio para os jogadores. Nestas fichas temos um resumo do jogo, dos personagens e toda informação que é necessária para as construções e pontuação. Tanto a ficha quanto o manual têm tradução aqui na Ludopédia.
Outro ponto espetacular neste jogo é um board chamado de “Pedreira”. Ele já é guardado na caixa montado, como deverá entrar em jogo. Protegido por uma tampa de plástico rígido transparente, é uma peça com detalhes em 3D feita para acondicionar as construções.
Os tiles de mosaicos são outra parte interessante do jogo. O chão da cobertura do palácio precisa ser revestido, mas cada peça tem um formato único. Durante a construção, eles podem ser colocados de forma a criar espaços que não poderão ser preenchidos depois. Tais espaços podem ser declarados como santuários dos jogadores, e ajudarão a minimizar a corrupção no final do jogo. Temos aqui um minijogo.
Existem 5 dados de madeira e um tile de altar. Conforme passam as rodadas, os resultados podem iniciar uma fase de leilão, onde cada jogador secretamente vai ofertar uma parte dos seus pontos de talento (vitória) ao grande sacerdote, buscando minimizar sua corrupção.
Também temos um baralho com cartas de recursos: pedra, madeira, lapis lázuli, mármore e trabalhadores. Todas as cartas têm versões corrompidas, que geram mais recursos de uma vez em troca de fichas de corrupção.
O jogo traz cartas de 6 personagens que podem facilitar sua tarefa ou dificultar a dos oponentes, como: Vizir, Mendigo, Embaixador, Escriba, Contrabandista e Cortesã. Mas toda ajuda de personagem vem acompanhada de mais fichas de corrupção. Use com sabedoria.
Importante: Todas as cartas do jogo têm o mesmo verso, e formaram um único baralho de mercado.
Para cada cor de jogador temos um “cofre” em forma pirâmide, feito para guardar as fichas de corrupção ocultas de todos os jogadores, inclusive o próprio.
Existem também duas miniaturas de estátuas para os santuários e 3 tiles de mercador (valem por qualquer recurso em uma negociação, mas são de uso único) para cada jogador.
Mais fichas de talento nos valores 1, 2,5 e 10, os pontos de vitória do jogo, e uma miniatura de Cleopatra.
Síntese do Jogo:
Para o setup do jogo devemos separar para cada jogador: 1 ficha de referência, 5 talentos, 3 cartas aleatórias fechadas do baralho de recursos + personagens previamente embaralhado, 2 estatuetas, 3 tiles de mercador e 1 pirâmide para as fichas de corrupção.
Após distribuir as cartas aos jogadores, devemos formar o mercado do jogo. Divida a pilha com todas as cartas ao meio. Vire uma delas. Depois embaralhe os dois montes, com metade para cima e a outra metade para baixo. Isto fará com que algumas cartas saiam abertas e outras fechadas no mercado.
Monte o palácio com os boards e a parte inferior da caixa virada. Depois coloque a miniatura de Cleopatra no início da trilha para a entrada do palácio. O altar e os dados de sacrifício são colocados logo atrás da miniatura.
Por fim, distribua ao redor do palácio: o mercado, a pedreira, os estoques das fichas de corrupção e talentos, assim como os componentes dos jogadores. Para abrir o mercado, coloque as 3 primeiras cartas lado a lado, do jeito que elas estão no baralho (fechadas ou abertas)
Iniciando o jogo pelo jogador com mais cara de egípcio (ou pelo mais novo em falta deste) e seguindo no sentido horário, teremos uma série de turnos de cada jogador, até o fim do jogo.
Na verdade o jogo é simples... na sua vez o jogador tem duas ações disponíveis: ir ao mercado ou ir a pedreira.
Visitar o mercado: O jogador deve escolher uma coluna de cartas disponível no mercado e recolher todas as cartas a sua mão, abertas ou fechadas. Em seguida ele irá reabastecer o mercado, pegando as 3 primeiras cartas do topo do baralho e colocando um por coluna.
Caso ele saia do mercado com mais de 10 cartas na mão, ele terá duas opções: ou devolve o excedente ao descarte e pega uma ficha de corrupção, ou mantém as cartas na mão e pega uma ficha de corrupção para cada carta excedente ao total de 10.
Visitar a Pedreira: O jogador decide construir algum item disponível na pedreira. Para isto, ele deve descartar os recursos indicados na sua ficha de referência, colocar a construção em jogo e pegar do estoque seus pontos de talento. Os talentos ficam o jogo todos virados para baixo, evitando que os demais jogadores contem seus pontos.
Importante: Para cada carta corrompida que usar para conseguir mais recursos, pegue mais uma ficha de corrupção e coloque em seu “cofre”.
Importante: Caso queira, o jogador poderá usar um tile de mercador (coringa) para completar seus recursos, mas este é de uso único, e deve ser descartado imediatamente.
Importante: Sempre que um tipo de construção esgotar na pedreira, a Cleopatra anda uma casa em direção à porta de seu palácio.
Observações: Nada impede que um jogador construa 2 ou mais coisas em uma mesma visita a pedreira, basta ter recuso suficientes. Aliás, existe até uma bonificação para isto na ficha. Outro ponto interessante: existem bonificações de vários tipos para as construções, descritas nas fichas... entender e planejar considerando-as é fundamental para a vitória.
Imediatamente após a uma visita à pedreira, o jogador dele rolar os dados em branco disponíveis para o altar do sacrifício. Para cara símbolo que sair, o dado deve ser colocado no altar.
Os dados ficam permanentes, até que o altar seja completado com os 5 dados, onde se inicia, imediatamente, uma fase especial de leilão ao grande sacerdote. Cada jogador faz uma oferta secreta de pontos de talento, que serão divulgadas simultaneamente. Todos os talentos ofertados são descartados para o estoque. Na imagem a seguir se descreve o que acorrerá aos jogadores de acordo com a posição da sua oferta.
O jogo finaliza quando a Cleopatra chegar a 5ª casa. O que significa que 5 dos 6 tipos de construção estejam completamente em jogo, ou seja, se esgotarem na pedreira.
Importante: Os tiles de mosaico são considerados uma construção esgotada, a partir do ponto em que nenhum tile disponível possa mais ser encaixado em jogo, por falta de espaço.
Pontuação: No fim do jogo, cada jogador revela o total de fichas de corrupção em sua pirâmide.
Importante: Durante a construção dos tiles de mosaico, na cobertura do palácio, formam-se regiões descobertas, onde nenhuma peça disponível poderá mais encaixar. Imediatamente após a criação de um espaço destes, o jogador que colocou o tile pode declarar ele um santuário seu, colocando uma estatueta da sua cor lá. Cada quadrado de santuário, representa uma ficha de corrupção que ele poderá descartar no final do jogo.
Após a limpeza pelo santuário, contamos as fichas em busca do jogador mais corrupto. Este será desclassificado, e sua pontuação nem será considerada. Ele será dado por Cleopatra em sacrifício aos crocodilos.
Dos que sobram, o jogador com mais pontos de talento ganha o jogo.
Avaliação:
Cleopatra and the Society of Architects é um family game com arte, proposta e componentes deslumbrantes... o jogo fica um espetáculo montado ao final na mesa. Possui com alto padrão de acabamento, já clássico das produções da publisher Days of Wonder. Muito recomendado para levar a eventos ou apresentar aqueles jogadores já indroduzidos ao hobby, que procuram por experiências diferentes. Mas não é um heavy game.
Ele possui uma série de mecânicas e sacadas diferentes, muito bem amarradas. A pedreira e o mercado, o mini game dos mosaicos para geração dos santuários, o mercado com baralhos alternados misturados, o cofre para guardar os talismãs de corrupção, o leilão de talentos para o sacerdote... tudo colabora para amarrar um jogo encantador. Com um final singular, o jogador mais ganancioso, é dado em sacrifício aos crocodilos no final do jogo, sem ter chance de participar na pontuação de vitória.
É um jogo ideal para 4 ou 5 jogadores, onde o jogo fica mais acirrado, as bonificações das combinações das construções têm mais peso e os efeitos dos leilões ao grande sacerdote são mais perigosos. Não aconselho para uma partida de 2 jogadores, perde seu propósito.
Nas primeiras partidas, os jogadores ficam receosos em usar os recursos corrompidos, com medo dos crocodilos... isto amarra um pouco o jogo, e pode não oferecer uma experiência plena. Mas com o tempo, percebe-se que não importa o quanto você se corrompe, se tiver alguém pior que você. Então o jogo vira uma disputa de quem será o segundo mais corrompido. Com muitos jogadores isto se torna um desafio de contagem, o que dá sabor especial ao jogo.
Infelizmente é um jogo OOP e difícil de se achar. É mais fácil conseguir cópias com importadores que trabalham com fornecedores europeus. Pela proposta inovadora e com vários detalhes únicos, merecia uma reimpressão. É um ótimo jogo e será mantido na minha coleção, com certeza. Um dos melhores destes autores, na minha opinião.