"Uma chamada é recebida: “193, qual sua emergência?”. Do outro lado da linha se ouve uma resposta cheia de pânico: “FOGO!”. Momentos depois vocês vestem o traje de proteção que que irá mantê-los vivos, pegam seus equipamentos e se apressam para a cena de um fogo infernal."
Como de costume, regras mais detalhadas aí em cima, e resumão comentado aí embaixo.
-----
E ok...
Esse é um jogo família, cooperativo, com temática de bombeiros.
Assim sendo, o objetivo do grupo é encontrar e resgatar um determinado número de vítimas dentro de uma casa em chamas.
Para isso os jogadores vão alternando turnos realizando uma sequência bem definida:
1. Realize ações:
O jogador da vez recebe 4PA (Pontos de Ação), podendo gastar da forma que desejar (incluindo a possibilidade de guardar pontos de ação para usar em uma rodada futura).
• Mover:
Simplesmente mova seu personagem para um espaço adjacente.
Neste caso, gaste 1PA se não existir fogo no espaço, ou 2 PA se existir.
Além disso, Durante o movimento você pode gastar 1PA extra para carregar uma ficha de Vítima com seu peão (sem entrar em espaços de chama).
• Apagar Chama:
Gastando 1PA você pode transformar uma ficha de Chama em Fumaça, ou tirar uma ficha de Fumaça do tabuleiro.
• Abrir/ Fechar Portas:
Literalmente abrir ou fechar uma porta adjacente por 1PA.
Isso é importante porque *suspense* você não consegue passar por portas fechadas. Para compensar o fogo também não, então pensar em quais portas vocês querem abertas ou fechadas no mapa ajuda na movimentação dos personagens e controle do fogo.
• Demolir:
Por 2PA você coloca um marcador de dano em uma parede adjacente.
Se uma parede possui 2 marcadores de dano, considere que ela foi destruída e existe passagem livre neste espaço.
Isso ajuda na movimentação dentro da casa. Porém vocês devem ficar de olho porque existe um limite de marcadores de dano em jogo, e quando esse limite é atingido a casa desmorona matando todos que estão dentro.
2. Avançar o fogo:
Depois que o jogador gastou seus 4PAs, é a hora do fogo expandir.
Role os 2 dados, e coloque um marcador de fumaça no lugar indicado.
Mas é aí que começam os problemas.
Se o local já possuir um marcador de fumaça, a fumaça evolui para fogo.
Se o local já possuir um marcador de fogo, a área explode.
E a explosão é o que parece, coloque marcadores de fogo em todas as áreas livres adjacentes.
Se já existir um marcador de fogo, pule este espaço o resolva o próximo na linha. Se existir fumaça, ela vira fogo. Se existir uma parece, ela recebe um marcador de dano. Se existir uma porta fechada, ela é destruída. Se existir um marcador de Vítima, ela é consumida pelas chamas.
Para finalizar esta fase, todos os marcadores de fumaça que estiverem adjacentes a chamas se tornam fogo. E é claro, se um bombeiro estiver em uma área de fogo, ele é nocauteado, e é movido para fora da casa (Sem eliminação de jogadores, ele continua a partida normalmente de sua nova posição).
3. Repor marcadores:
Durante o turno, sempre devem existir 3 marcadores de vítima no tabuleiro. Assim, se alguma vítima foi resgatada ou consumida pelas chamas, vocês devem repor o marcador nesta fase.
E assim termina o turno do jogador, e é a vez do próximo.
Vocês vencem se resgatarem 7 vítimas. O que significa chegar no local que elas estão, ver se não foi um alarme falso, e carregar elas para fora da casa em segurança.
E perdem se 4 vítimas forem perdidas para as chamas.
Vale dizer que o jogo ainda vem com regras avançadas, que acrescentam vários módulos ao jogo tradicional, como habilidades únicas, carros de bombeiro e ambulância, focos de calor, entre outras coisas.
-----
Certo.
Considero Flash Point um dos jogos família perfeitos, pelo menos em seu modo básico.
As regras são simples e diretas, sem frescuras, e altamente temáticas, o que ajuda muito na absorção mesmo para novatos no hobbie.
Mas se você me perguntar qual é o verdadeiro diferencial desse jogo, digo que é o sentimento que fica na partida.
O fogo se expande com uma vontade tão grande que o desespero bate. O bombeiro dentro de você fica tenso, você tenta decidir entre correr até a vítima, ou apagar as chamas, ou tentar preparar o cenário para o turno do próximo jogador.
Tenho costume de dizer que "um jogo" me convence no momento em que eu fico em pé, sem perceber, para realizar minhas ações. E nesse jogo, ele não só me fez ficar em pé como me deu vontade de correr abrindo as portas.
Comparando com Pandemic por exemplo (cooperativo sobre tratar pandemias pelo mundo), você tem a questão da urgência das ações, de salvar vidas, da cooperação para vencer o jogo. Mas a ambientação é mais fria, a escala é global, não existe aquela aproximação entre você e as vítimas.
No caso de Flash Point, a ambientação é claramente familiar. As vítimas, apesar de não possuírem expressão, são homens, mulheres, crianças e pets. Você acaba se apegando fácil.
Agora é um bom momento para lembrar que o jogo é família.
Ele trata de vida e morte, mas de uma forma realmente leve. Não é um queima neurônios, não espere questões filosóficas dele.
A mecânica aqui é bem amarrada, sem rebarbas, mas é básica ao ponto do lado emocional se destacar. O que considero uma coisa fantástica.
Continuando...
Temos uma boa rejogabilidade.
As partidas sempre serão diferentes por conta da forma com que o posicionamento das peças é feito. Temos dois mapas de casa já no jogo base. E quando começar a ficar maçante, temos mais um monte de regrinhas novas em seu modo avançado.
Só vale comentar que as partidas serão sempre diferentes sim, o que é uma maravilha para muitos jogadores, mas o sentimento geral será sempre o mesmo. Para os jogadores que gostam daquela surpresa partida a partida isso pode representar uma verdadeira quebra de rejogabilidade.
E entramos na questão da sorte.
As ações dos jogadores são totalmente livres de sorte.
Os dados entram com força durante o avança do fogo e posicionamento das peças no mapa. O que considero uma ótima forma de gerar situações diferentes. Algumas vezes você chega até a desconfiar da sorte nos dados porque as chamas sempre entram no espaço que você não quer.
E a questão da dificuldade.
Em geral, os cooperativos possuem a fama de serem jogos quase impossíveis. Mas Flash Point sai dessa linha em seu modo básico.
As chances de vencer são altas, e mesmo quando vocês perdem sentem que poderiam ter vencido. A frustração aqui é baixa considerando a média.
Só no modo avançado que tive mais problemas, aí realmente o número de explosões e avanço de chamas chega num nível absurdo.
Mas... Sobre os pontos realmente negativos..
O manual desse jogo é uma catástrofe.
Muitas regras simples são explicadas de forma complexa, ou mesmo divididas e espalhadas pelo texto.
Durante a partida você certamente terá problemas para tirar dúvidas, já que precisará ler parágrafos inteiros para tentar deduzir a resposta que procura.
O que é uma pena, já que o jogo em si não é complicado.
E aqui não temos qualquer defesa contra um jogador alfa.
Todas as informações estão abertas, então é possível que um jogador mandão acabe tomando conta das ações dos aliados, jogando praticamente sozinho.
Não vejo formas de contornar isso no caso deste jogo. Mas isso também é um sinal de que ele é totalmente viável em modo solo, o que não considero algo ruim.
Por fim.
Depois de um longo período de jogos mais densos, realmente percebo que perco muito ignorando os jogos mais leves.
Fato é, que a simplicidade me encanta. Flash Point me encanta.
