Por Quintin Smith
Shut Up & Sit Down
Review: Forbidden Stars
Fonte: http://www.shutupandsitdown.com/blog/post/review-forbidden-stars/
Eu não gosto muito dos universos de Warhammer. Curti muito quando eu era criança. “Na escuridão cruel do futuro só existe guerra”? Caraca!
Hoje em dia eu os acho um pouco cansativo. Conflito é excitante, mas não sem a paz se opor a isso, e não quando você limpa toda a humanidade no processo. Onde está o ego e o romance? Onde estão os temas e mistérios? E obviamente: onde estão as mulheres?
Deixe-me resumir isto antes que as pessoas comecem a me enviar fotos de Sister of Battle, ou dizer que o universo expandido é maneiro (eu sei!). Meu ponto é que eu estava um pouco nervoso quando eu abri o
Forbidden Stars, novo jogo de guerra impressionante do universo Warhammer da Fantasy Flight Games.
Fico contente em dizer que
Forbidden Stars derreteu meu coração de gelo. Este jogo é sensacional!
O que temos aqui é uma caixa enorme cheia de figuras de plástico no estilo de
A Game of Thrones: The Board Game (Second Edition) ou
Chaos in the Old World da Fantasy Flight, então você terá que preparar uma noite de jogos com cuidado. Eu não me responsabilizo pelo que acontece se você não aprender as regras antes de convidar o amigo, ou tentar jogar numa noite durante um dia da semana. Nossa primeira jogatina com 4 pessoas durou 5 horas.
5 gloriosas horas, acrescento, e cada uma que se passou confirmou ainda mais minha crença que
Forbidden Stars é o jogo de caixa grande mais forte da Fantasy Flight, e facilmente justifica seu preço salgado.
O jogo em questão leva 2-4 jogadores sentados e os coloca em uma série de planetas, alocando tropas de sua facção pelo mapa, e finalmente colocando tokens de objetivos um do outro em vários planetas. Estes tokens representam todo tipo de coisas, de um “Oponente Digno” para os cultistas do Chaos assassinarem, até os ossos de um santo pertencentes a um Space Marine devoto. Você pode pegar um token de objetivo de sua facção se você tem unidades naquele planeta no final de um turno, e você ganha o jogo quando tem um número de objetivos igual ao número de jogadores.
Ainda há muito do jogo para se falar, mas teremos que parar por aqui e falar sobre os tokens de objetivo. Estes pequenos pedaços de papelão podem ser a melhor coisa deste jogo.
A maioria dos jogos de conquistar territórios (como muitas guerras) é como uma gangorra miserável. O jogo
A Game of Thrones: The Board Game (Second Edition) ou
Risk são exemplos perfeitos. Você pega um território, deixa um jogador triste, e aí perde um território em outro lugar, o que deixa você triste. E isso é o melhor cenário possível! Se alguém dispara com uma vantagem territorial, então outra pessoa está fadada a se aglomerar em um território cada vez menor, e tem uma experiência horrível.
Forbidden Stars oferece algo universalmente positivo. Se você tiver todo o drama de todos os jogadores tentando conquistar territórios uns dos outros, mas o agressor está fazendo isso porque quer pegar um objetivo: (a) o defensor não levará o ataque para o pessoal, (b) o defensor perderá um planeta que não significa nada para ele de qualquer forma, e (c) uma vez que o agressor pega aquele token, seu interesse por esta região desaparece, e ambos os jogadores estarão ok se o defensor tentar pegar de volta.
Eu não sei se já joguei um jogo que fosse tão grandioso e tenso, mas ao mesmo tempo bem tranquilo. É brilhante.
Não é incomum dizer que
Forbidden Stars é um jogo como outro qualquer de comprar exércitos e depositá-los no mapa. Ou seja, é sim, mas você está fazendo isso de uma forma tão nova e interessante que está garantido de ter aquele único momento na jogatina onde todos os jogadores estão em silêncio, ocasionalmente pensando em quão magnífico é aquele quebra-cabeça.
Uma rodada começa com cada jogador colocando de cabeça para baixo os tokens de ordem secretamente em turnos no mapa. Estes tokens podem significar “eu estou construindo unidades e instalações aqui”, “eu estou minando recursos destes planetas”, “estou melhorando minhas facções”, ou (mais importante) “estou movendo unidades para este setor e/ou começando uma briga”. Uma vez que todos colocaram quatro tokens de ordem pela galáxia, vocês revezam revelando um de seus tokens e realizando aquela ação. Quando todos os tokens estiverem revelados, uma nova rodada se inicia.
A razão pela qual isso é tenso e engraçado é que se seu oponente quer fazer algo no mesmo setor que contenha um token seu, e ele coloca seu token por cima. Depois, quando estiverem revelando os tokens para ativá-los, você pode revelar somente os tokens que estiverem por cima de qualquer pilha. Veja abaixo:
Aqui, o jogador Eldar amarelo pode ativar aquele token quando quiser. O token do jogador Space Marine azul terá de aguardar até que o Eldar retire aquele token por cima, forçando o Space Marine a ativar seus tokens em outro lugar.
O resultado é um jogo de blefes, instintos, sábias jogadas e erros fatais. Aqui está um exemplo: digamos que você deseja um objetivo no sistema natal dos Orks. O jogador Ork sabe que você está na espreita, então construirá mais unidades no local para se proteger.
Você os vê colocando um token naquele sistema. Será uma ordem de construção? Se sim, você poderá colocar um token de movimentação por cima, e conquistar aquela fábrica antes que ele construa. Mas se a ordem do Ork é um Upgrade, colocar um token de movimentação pode resultar no Ork colocando outro token POR CIMA de sua movimentação, então ele irá construir defesas ANTES de você atacar e você terá se comprometido a uma luta em que perderá.
... a não ser que você coloque um token de Upgrade, o provoque a construir, e ENTÃO coloque a movimentação? Mas se você falhar para conquistar durante sua movimentação, você posteriormente revelará um token de Upgrade em um sistema não amigável e será inútil.
“Espere. De quem é a vez? É a minha vez? Droga, desculpe, ainda estou pensando.”
Então temos uma boa guerra com uma única e interessante estratégia. Reforçando ambos estes aspectos estão os Warp Storms de
Forbidden Stars. Quatro filetes de papelão rosa nos quais você irá amar e odiar na mesma intensidade (você pode vê-los acima).
É simples – eles são paredes. Paredes completamente impenetráveis que requerem um esforço absurdo para dar a volta, te protegendo de alguns oponentes e te forçando para cima de outras pessoas. No final de cada turno, entretanto, os jogadores recebem um controle bem limitado e imprevisível sobre as Warp Storms, girando uma ou deslizando outra para criar novas barreiras, oportunidades e dinâmicas sociais. O inimigo mortal que você esteve lutando desde o começo do jogo? Ele agora está isolado. Talvez você esteja seguro de todos, e poderá apenas construir e se fortalecer. De repente duas storms mudam, e você estará recebendo ataques de dois jogadores!
Oh god.
De maneira similar, isto deixa o conflito menos rude e pessoal porque os jogadores estão constantemente sendo forçados às batalhas, mas também é uma mecânica divertida de se jogar, pois cria cada tática estranha. Você pode parar um agressor em sua campanha ao colocar uma porta em seu território contendo objetivos, por exemplo. E todo turno requer que você estude um novo tabuleiro, desta forma a guerra nunca se torna cansativa.
Tudo isso é um monte de palavras escritas sem apontar a característica mais óbvia de
Forbidden Stars, que é “CARACA OLHA TODAS ESTAS PEQUENAS PARTES”. Se jogos de tabuleiro podem ser avaliados em
pontos de perigos alucinantes (e eles podem), Forbidden Stars certamente terá o trono.
Todas as facções têm um pequeno exército de carinhas de plástico e nada menos que quatro (quatro!) decks de cartas para jogar, representando eventos aleatórios, combate, upgrades para seu deck de combate e upgrades para seus tokens de ordens.
Todas estas partes têm um propósito, e o maior é a camada de cores atraentes em cima do jogo em que está jogando. Há sempre algo a se pensar, pegar ou tramar, e tem o suficiente disso para ocupar o downtime que você tem sem criar downtime extra durante sua jogada.
Alguém está lutando? Dê uma olhada em seu deck de combate, se familiarizando com o poder de cada carta e sua arte. Alguém está agonizando sobre seu próximo passo? Por que não olhar as cartas de compra para saber qual será seu próximo upgrade?
Continuando o alto balanceamento de Forbidden Stars está o fato de que todos os poderes das facções são excitantes, sem nunca te deixar esmagar um oponente com uma carta desconhecida. Seria mais algo como acertar as configurações antes de entrar no próximo combate. Você não precisa saber quais cartas seu oponente comprou, e sim quantas vezes ele fez uma ação de upgrade.
O outro propósito de todas estas partes é para dar ao jogo uma sutil curva de poder em ascensão. Assim como as Warp Storms estão constantemente alterando o mapa, os upgrades que você compra te darão controle sobre um poderoso super poder cada vez mais imprevisível.
O combate é inteiramente outro mini-jogo um pouco complexo e não intuitivo, mas ainda assim te dá tensão o suficiente.
Primeiro os dois combatentes rolam uma mão cheia de dados customizados dependendo de quantos soldados estão no campo de batalha, e os dados fornecerão uma mistura de escudos, moral e armas. Então os jogadores trocarão turnos jogando cartas retiradas de cima de decks de combate pessoais e customizados (considerando que toda carta que você compra substitui as inferiores iniciais de sua escolha). Toda carta que você jogar adicionará mais escudos, armas ou moral para o seu total e também terá um efeito especial a ser aplicado.
Se você tem mais armas do que o seu oponente tem escudos, você pode derrubar ou até mesmo aniquilar suas forças, te garantindo uma vitória rápida. Mas se você acha que pode sobreviver três rodadas de porradas, a vitória irá para quem tiver o maior número de moral acumulado. E claro que cada facção entra no combate de maneira única. Orks se baseiam totalmente em armas, mas se você conseguir sobreviver o suficiente, eles entrarão em pânico e correrão. Chaos são armados com uma espécie de inevitabilidade aterrorizante, convertendo pessoas em cultistas ali mesmo no campo de batalha. Este tipo de coisa. Você desejará jogar Forbidden Stars quatro vezes só para testar estes brinquedos diferentes.
Se não fosse por algumas regras realmente constrangedoras de bater em retirada e derrubada de unidades (você pode ler estas regras quatro ou cinco vezes e ainda não entendê-las), a maior crítica que eu posso fazer a
Forbidden Stars é que ele não se encaixa na configuração do universo Warhammer 40k.
Na escuridão cruel do futuro, deverá existir dor, crueldade, ódio, tudo sob a tenebrosa ameaça do Chaos devorando a galáxia. Ao invés disso, nós temos um ato meticulosamente pensado, onde se você conseguir suportar quinze minutos de explicação você terá uma ótima experiência com muita gargalhada, risadas e momentos memoráveis.
Isso não pode estar certo, pode?
Traduzido por HighDensity