Sven::   Tenho estado muito desanimado em relação ao nosso hobby. Estou muito incrédulo em relação aos próximos lançamentos. Vejo claramente que designers de peso como Mac Gerdts e Knizia estão em franca fase de desaceleração no quesito inspiração. Como exemplo posso citar as repetidas expansões do Concordia que foram lançadas após o fracassado lançamento do Transatlantic e o Knizia também vem trilhando o mesmo caminho, tentando explorar o sucesso do jogo Tigris & Euphrates, com o lançamento do jogo Yellow and Yang Tse e agora virá outro jogo no mesmo estilo (não me lembro agora o nome). Acredito fortemente que o mercado de BG está passando por um momento de baixa, no que diz respeito à criatividade e como tudo é cíclico, penso que no futuro isso melhorará, mas o quanto demorará para que este dia chegue eu não faço a menor ideia.

Na contramão, os 3 últimos jogos do Feld são ótimos jogos, melhores que alguns de seus anteriores. Pode-se dizer o mesmo do Uwe, que lançou uma série de jogos repetitivos e aí lançou o Banquete a Odin que foi muito elogiado e, agora recente, o Reykholt que foi bem recebido. O Wallace estava dando umas bolas fora, mas aí o AuZtralia, a despeito de eu ter 100% de aversão ao tema, está com ótima crítica. Até mesmo os jogos mais recentes do Dorn tem me surpreendido.

Acho que você tem que parar de olhar só pra um lado. Quantos jogos do David Turczi você jogou? Quantos do Daniele Tascini? Conhece os jogos do J. Alex Kevern? Do Alexander Pfister? Do Phil Walker-Harding? Porque esses caras tem lançado jogos excelentes. Um atrás do outro. Não é só Knizia e Gerdts ou mesmo Uwe e Feld, ou Cramer e Wallace. Tem muita gente boa fazendo jogo bom.

E pelo seu tópico e esse último comentário, sinto que é mais um desânimo seu do que um problema da indústria/mercado. Talvez você não precise mesmo de mais jogos na sua vida, os que têm sejam suficientes. É totalmente válido. Você já citou muita coisa muito boa mesmo. Mas ninguém pode afirmar que não existem jogos tão bons quanto ou melhores do que esses.

Geralmente eu me guio da seguinte forma para uma nova aquisição:

Eu tenho alguns jogos que costumam ver pouca mesa ao ano, então penso da seguinte forma: vale a pena deixa o jogo "X" (concorrente de mesa) um tempo a mais parado para jogar este outro? A resposta geralmente é não, mas se for sim eu compro.

É uma questão subjetiva também. Banquete a Odin e Reykholt são umas reimplementações bem mais fracas de jogos anteriores do Uwe, pra mim.

Se vale um pouco para acrescentar uma perspectiva sobre o que o autor do tópico mencionou, vale procurar e assistir "The Games Maker" (O Inventor de Jogos, 2014, Argentina/Canada). 

É uma aventura infanto-juvenil sobre um menino que depois de vencer um concurso de criação de jogos, se vê no meio de uma aventura para desvendar a história (que tem uma longa tradição de criadores de jogos) de sua família e uma conspiração global de uma empresa que tenta fazer com todos comprem apenas jogos descartáveis. 

Uma grande metáfora para essa eterna luta entre o que é um jogo 'bom', que une famílias por gerações e a indústria sem coração que lança produtos maravilhosos, mas efêmeros e descartáveis. 

trailer:


Costuma passar no Space. Não tem na Netflix.

Teotihuacan foi lançado já com expansão anunciada, quer coisa mais ridícula?
O consumidor é responsável.

Mesmo fenômeno que aconteceu com jogos virtuais.

mabsousa::Teotihuacan foi lançado já com expansão anunciada, quer coisa mais ridícula?
O consumidor é responsável.

Mesmo fenômeno que aconteceu com jogos virtuais.

Eu também acho isso um absurdo tremendo. Tenho curiosidade sobre Teotihuacan, mas ao mesmo tempo não quero financiar esse tipo de atitude. Agora os jogos já estão vindo com suas versões de DLCs.

butilheiro::

Sven::   Tenho estado muito desanimado em relação ao nosso hobby. Estou muito incrédulo em relação aos próximos lançamentos. Vejo claramente que designers de peso como Mac Gerdts e Knizia estão em franca fase de desaceleração no quesito inspiração. Como exemplo posso citar as repetidas expansões do Concordia que foram lançadas após o fracassado lançamento do Transatlantic e o Knizia também vem trilhando o mesmo caminho, tentando explorar o sucesso do jogo Tigris & Euphrates, com o lançamento do jogo Yellow and Yang Tse e agora virá outro jogo no mesmo estilo (não me lembro agora o nome). Acredito fortemente que o mercado de BG está passando por um momento de baixa, no que diz respeito à criatividade e como tudo é cíclico, penso que no futuro isso melhorará, mas o quanto demorará para que este dia chegue eu não faço a menor ideia.

Na contramão, os 3 últimos jogos do Feld são ótimos jogos, melhores que alguns de seus anteriores. Pode-se dizer o mesmo do Uwe, que lançou uma série de jogos repetitivos e aí lançou o Banquete a Odin que foi muito elogiado e, agora recente, o Reykholt que foi bem recebido. O Wallace estava dando umas bolas fora, mas aí o AuZtralia, a despeito de eu ter 100% de aversão ao tema, está com ótima crítica. Até mesmo os jogos mais recentes do Dorn tem me surpreendido.

Acho que você tem que parar de olhar só pra um lado. Quantos jogos do David Turczi você jogou? Quantos do Daniele Tascini? Conhece os jogos do J. Alex Kevern? Do Alexander Pfister? Do Phil Walker-Harding? Porque esses caras tem lançado jogos excelentes. Um atrás do outro. Não é só Knizia e Gerdts ou mesmo Uwe e Feld, ou Cramer e Wallace. Tem muita gente boa fazendo jogo bom.

E pelo seu tópico e esse último comentário, sinto que é mais um desânimo seu do que um problema da indústria/mercado. Talvez você não precise mesmo de mais jogos na sua vida, os que têm sejam suficientes. É totalmente válido. Você já citou muita coisa muito boa mesmo. Mas ninguém pode afirmar que não existem jogos tão bons quanto ou melhores do que esses.

    É Butilheiro, de fato estou meio desanimado com o hobby. Acho que já tenho todos os jogos bons de que preciso. No entanto, também penso que essa lista da GenCon deste ano está dando calafrios de tão ruim. Já a visitei várias vezes na esperança de tentar algo que eu tivesse vontade de jogar pelo menos uma vez e não achei nada. Pensei no Barrage mas aí vi o comentário do Ricardo Santos falando da desorganização da editora e aí bateu aquele desânimo novamente.

mabsousa::Teotihuacan foi lançado já com expansão anunciada, quer coisa mais ridícula?
O consumidor é responsável.

Mesmo fenômeno que aconteceu com jogos virtuais.

Também detesto essa prática. No caso do título citado ele é um ótimo exemplo de jogo muito bom que se destaca no mar de títulos lançados atualmente (e que se sustenta sozinho sem a necessidade da expansão, apesar de a mesma parecer ser muito interessante). Por isso e outros motivos discordo que os jogos de tabuleiro venham apresentando uma tendência a involução, ao menos por enquanto. Pelo contrário! Penso justamente que essa é época de ouro deles, onde está ocorrendo muita experimentação e propostas diferentes de jogos, inclusive associando o uso da tecnologia em alguns casos. Prova disso é o próprio volume de jogos lançados. Talvez ocorra uma retratação criativa e de número de lançamentos no futuro, mas essa não parece ser ainda uma tendência.

Especificamente sobre o Teotihuacan: isso não aconteceu. O jogo foi lançado em Essen ano passado e a expansão só foi anunciada esse ano, por volta de março/abril. Vamos tomar cuidado com as suposições. Vale lembrar que o jogo ser lançado aqui não é o equivalente a ele ser lançado lá fora o que, via de regra, acontece bem antes.

Mas não é como se outros jogos não fizessem isso, porque infelizmente fazem. No entanto, isso não quer dizer que o jogo seja "ruim", quando tal prática acontece.

Por sinal, acho o Teotihuacan exatamente o exemplo de jogo do qual estou falando que, mesmo tendo sido lançado recentemente, está acima da média e é um jogo melhor que muitos dos que são aclamados por aí.

red_djow::Que discussão boa turma, paguei pau.

Sobre essa questão de enxurrada de lançamentos, o presidente/dono/seilá da AEG Games tem algumas palavras sobre no artigo Publicando Menos Jogos Novos, indo no que parece ser o contrário da industria.

https://www.alderac.com/2019/04/25/publish-fewer-new-games/

Muito bacana o texto e a reflexão da editora. Merecia uma tradução pra publicar aqui no site.

Vale dizer que quando a editora avisa publicamente que vai publicar menos jogos e que serão jogos melhores, está meio que fazendo propaganda também. Hehe

Mas sim, a discussão de fato tá bem interessante.