Essa semana joguei algumas partidas desse jogo recém lançado pela Z-Man, dos designers Simoni Luciani e Daniele Tascini. Marco Polo e suas viagens sempre foi um assunto de fascínio para mim e gosto muito do trabalho desses dois designers italianos em Tzolk'in, o que me levou a comprar esse jogo sem pensar muito.
The Voyages of Marco Polo é um euro game de 2 a 4 jogadores com influências que vão de jogos como Troyes e Bora Bora até Ticket to Ride.
Nesse jogo os jogadores rolam dados e realizam ações através de alocação dos dados em várias localidades no tabuleiro para planejar-se para uma viagem ou para cumprir contratos de troca que valem pontos de vitória. As rotas traçadas podem determinar alguns benefícios extras que o jogador certamente deve levar em conta quando escolhe seus objetivos por onde irá passar, objetivos que também valem pontos de vitória.
Cada jogador escolhe um personagem histórico da época das viagens de Marco Polo e cada personagem possui uma habilidade especial. As habilidades são bem fortes e marcantes o suficiente para definir bastante qual será seu foco no jogo, se será em viagens, contratos ou ambos.
Camelos, Dinheiro, Ouro, Tecido, Pimenta
Existem três recursos que são o Ouro, Tecido e Pimenta, eles são usados basicamente para concluir contratos se trocados nas quantidades determinadas, e todo contrato vale pontos de vitória e provavelmente algum outro ganho. Existem também outras ações onde o jogador pode trocar algumas combinações desses recursos por outras coisas.
Dinheiro e camelo em conjunto são muito importantes para realizar as viagens, mas possuem outras utilidades. O dinheiro é necessário para executar ações que já foram executadas por outros jogadores e os camelos são extremamente úteis para comprar dados adicionais, manipular resultados nos dados ou até mesmo re-rolar um dado.
Várias observações
O tema é bem interessante, entretanto, como todo euro, é mais um pano de fundo no jogo, a prioridade é na mecânica. Ainda assim, podemos traçar vários paralelos com as viagens de Marco Polo, principalmente nos personagens presentes e suas habilidades, rotas históricas, entre outras coisas. Entretanto, qualquer tema se encaixaria no design do jogo sem muito problema.
A sorte nas rolagens é pouco relevante; a forma como os jogadores alocam os dados e a presença de ações bônus que podem manipular os resultados, além de uma mecânica que compensa jogadores com rolagens potencialmente ruins, faz com que aquele jogador que se considera azarado em rolagens não se sinta prejudicado na partida. Além do mais existem benefícios com rolagens baixas também. Em todas as minhas partidas não houve um momento sequer em que eu me senti extremamente prejudicado por rolagens e olha que tive algumas rodadas com rolagens muito baixas.
As rotas no mapa reproduzem algumas localidades que Marco Polo, Matteo e Niccolo Polo exploraram em seu caminho com partida em Veneza e destino à Pequim através da famosa Rota da Seda controlada pelo Império Mongol. A forma como as rotas são desenhadas, de forma circular com destino a Pequim e retorno por outro caminho, faz com que a escolha inicial do caminho seja muito impactante para o resto do jogo e um erro na escolha inicial pode dificultar seus objetivos. Mas por mais que o jogo seja punitivo na viagem, nesse caso de erro no planejamento da rota, sempre é possível procurar por soluções como focar seus esforços mais em cumprir contratos de vendas do que em adquirir recursos para continuar a viagem.
Rotas
A interação entre os jogadores é pequena, típica na maioria dos euros, ainda que algumas ações de outros jogadores possam impactar nas escolhas do jogador. Apenas as ações contidas nas cidades são exclusivas para quem passou por lá e tem um posto de vendas de sua cor na cidade, e somente um jogador pode obter o benefício da cidade por rodada: quem alocar o dado mais cedo. Entretanto todas as outras ações do tabuleiro podem ser executadas por vários jogadores, mas somente o primeiro jogador a executar determinada ação não precisará pagar em dinheiro para usá-la. Dessa forma a pouca interação, presente em jogos com mecânica de alocação de trabalhadores, é ainda menos punitiva, nesse jogo, por permitir que vários jogadores consigam executar uma determinada ação, mesmo que só o primeiro não precise pagar.
Vários jogadores escolheram viajar, apenas o vermelho não pagou, pois foi o primeiro a escolher a ação.
Crédito: Steph (punkin312) Board Game Geek
O jogo provavelmente tem uma rejogabilidade alta, com bastante variação nas ações das cidades, objetivos, personagens. A sensação que o jogo transmite sempre será a mesma: os jogadores cumprindo contratos e realizando uma longa e custosa viagem rumo à China e retorno à Itália, mas a forma de conseguir os recursos necessários se torna diferente com as diferentes configurações das cidades.
A quantidade de jogadores não pareceu importar tanto, o número mais adequado que jogamos foi quatro jogadores, pois a interação é um pouco maior, o volume do jogo é maior, mas o jogo funcionou bem em três jogadores sem grande perda, ainda não testei em dois jogadores.
Conclusão
The Voyages of Marco Polo é um euro de complexidade média-baixa (bem mais simples e menos dependente de timming do que o Tzolk'in dos mesmos designers), com uma duração razoável de 20 a 25 minutos por jogador, o que é uma ótima duração para o que o jogo entrega.
As regras são bem simples e o jogo funciona muito bem, além da bela arte e iconografias por Dennis Lohausen e ótimos componentes da edição da Z-man.
Eu fiquei muito satisfeito com a compra, o preço é o padrão para jogos desse porte, 40 dólares mais frete, infelizmente o que não está ajudando mesmo é o Dólar alto em relação ao Real.
Recomendo jogarem The Voyages of Marco Polo, é um ótimo jogo!
Crédito das outras imagens: Z-Man Games