Hoje foi dia de minerar carvão, teletransportar ferro e queimar um pouquinho de mufa em cima do tabuleiro de Brass, na cópia deluxe do Ricardo (Gamapol), com moedas de metal e tudo. Além deste que vos fala e do dono da bola, Daniel (danielsousat) fechou a trinca do jogo inicial.

O Martin Wallace tem algum tipo de trauma com dívida. Ele tem prazer em te deixar no vermelho. Tomamos nossos empréstimos iniciais de 30 libras e partimos pra tarefa de consolidar a revolução industrial na Inglaterra. Brass é um jogo que tem uma narrativa muito interessante: gosto de jogos em que o tabuleiro começa vazio e o jogo vai se construindo pouco a pouco, especialmente num jogo como Brass, em que você é praticamente obrigado a cooperar com seus adversários. O jogo se torna uma construção coletiva, com uma interação sutil e inteligente. Gosto da limpeza que acontece entre os dois períodos do jogo, quando canais e construções de nível 1 são retiradas do tabuleiro (me lembra jogos como Amun-Re, Blue Lagoon e o enferrujamento dos trens nos jogos 18xx).
O jogo foi equilibrado, e todos buscaram construir um plantel que tivesse de tudo um pouco. Ninguém se concentrou apenas em tecelagens ou algo do tipo. O placar final pode ser considerado um empate técnico: Daniel com 238, eu com 236 e Ricardo com 234. Excelente partida. Ainda não joguei o Birmingham, mas, pelo que já li e pelos vídeos que vi, acho que minha preferência continuará sendo o Lancashire.
Para a segunda partida, chegaram reforços: Jeff (Jeff Soares), que comandou os prussianos no Maria da quinta passada, e Marcel (grisly), novato nas nossas mesas, mas veterano no hobby. O jogo foi Cartas de Whitechapel, e eu, pela trocentésima vez, aterrorizei o East End londrino no papel de Jack, o Estripador.

A primeira noite foi um passeio: um Jack veterano contra quatro investigadores novatíssimos. Eles batiam cabeça pra lá e pra cá enquanto eu zanzava feliz da vida, tomava uma cerveja num pub e comia um fish and chips na esquina. A segunda noite foi bastante tranquila também. Na terceira noite as coisas começaram a se complicar: eles já tinham uma boa noção de onde era meu esconderijo (o espaço 183, que já usei outras vezes), e tive que gastar todos os meus movimentos especiais pra voltar pra casa. Como sempre faço, reservei pra última noite o local de crime mais próximo do meu esconderijo, mas me dei mal: as imediações estavam crivadas de tiras. Precisei ativar um plano B, matando a quinta e última vítima a uma distância preocupante do meu destino final. Já no começo da noite precisei dar uma volta indesejada pra despistar os meganhas. Logo em seguida, precisei marcar passo, indo e voltando pro mesmo lugar, o que me fez perder mais tempo. Lá pelo movimento 10, comecei a fazer contas e traçar itinerários cada vez mais apertados. O cerco apertou, Marcel inclusive cantou a correta localização do meu covil. Fui finalmente cercado no último movimento, e não consegui chegar ao meu esconderijo no movimento 15. Fuén. Vitória merecida da polícia londrina.
A tarde foi boa e eu queria até jogar mais, mas minha declaração de imposto de renda me espera. Terça tem mais!