Em Ascension, cada jogador segue sua jornada derrotando monstros, recrutando heróis e constructos, para conquistar honra. E assim, se tornar o maior campeão de Vigil.
Como de costume, vídeo detalhado aí em cima, e resumão com comentários logo aí embaixo...
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E certo.
Seu objetivo aqui é juntar uma grande quantidade de honra, seja comprando cartas, matando monstros ou combando, antes que os marcadores de honra desapareçam do tabuleiro.
E no fundo esse jogo é um Deck Building clássico, então não tem muito para onde correr.
Cada jogador possui um baralho próprio, que começa com cartas bem básicas e fracas.
No seu turno, você começa com algumas destas cartas na mão, joga quantas desejar para realizar seus efeitos, e compra cartas novas de seu baralho.
Quando as cartas do seu baralho acabarem, você reembaralha seu descarte para formar uma nova pilha de compras e continua comprando normalmente.
E essa sequência se repete a partida inteira.
Entre suas cartas iniciais, você terá cartas que concedem Runas (que são a moeda do jogo), ou Poder (usado para ataques).
E poderá gastar estes dois valores entre as cartas abertas no centro da mesa.
Se você comprar uma carta com Runas na linha central, ela vai direto para seu descarte.
O que significa que ela irá aparecer em sua mão em algum momento da partida.
Se você usar Poder para derrotar um monstro, você ganha uma quantidade de honra de acordo com o monstro, e ativa seu efeito.
Neste caso a carta vai para o descarte geral, e não para seu descarte pessoal. E a honra ganha será em forma de pequenos cristais que ficam no tabuleiro central.
E o jogo é basicamente isso.
Ir gastando Runas e Poder para juntar um grupo de cartas que se complementam, de preferência de forma melhor que as de seu oponente.
O jogo se encerra quando o baralho principal ou os marcadores de honra acabarem.
Então vocês somam a quantidade de Honra que conseguiram em cristais, mais a honra concedida pelas cartas de seu baralho.
Quem possuir a maior quantidade de pontos é o vencedor.
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E ok.
Ascension é um daqueles jogos que usam apenas uma mecânica, trabalhando com o mínimo necessário para fazer o jogo funcionar.
Geralmente é assim que nascem os clássicos, sem frescura e com personalidade.
Mas já vou dizendo que meu primeiro contato com este jogo não foi tão feliz.
Na minha primeira partida eu fiquei bem perdido, sem conseguir visualizar as conexões entre as cartas.
Isso que eu já tinha intimidade com Deck Buildings, mas os efeitos das cartas em Ascension me pareciam aleatórios demais. Sem contar que os combos ligados à pontuação não são tão claros aqui como são em outros jogos (a maior parte da pontuação está ligada ao valor da carta, e não ao seu efeito). E eu não tinha ideia se valia mais apostar em força de ataque ou em runas para aumentar as compras.
No fim, fiquei sem destino no meio da partida, e me decepcionei depois de ter ouvido tanto sobre Ascension.
E agora a parte divertida.
Em uma jogatina aleatória, um grande amigo, fã de Ascension, resolveu colocar o jogo na mesa com o objetivo de "concertar meu desvio de caráter".
Dei uma segunda chance, e sinceramente, parecia outro jogo.
Agora eu já tinha uma ideia do que esperar das cartas, e com isso os combos ficaram mais claros. Realmente consegui planejar algo, e me diverti.
Dito isso, agora acho que posso iniciar a análise propriamente dita.
Este jogo apresenta um grande número de cartas e efeitos, mas sua mecânica básica é extremamente simples.
Tudo se resume à: Jogue cartas, realize seus efeitos e compre novas cartas.
Por isso posso dizer que você não precisa ter medo de apresentar o jogo à novos jogadores.
Apesar da minha reação inicial, é certo que a grande maioria das pessoas vai gostar da ideia de construir seu baralho e pedir uma segunda partida em seguida.
E apesar de jogos de construção de baralho já serem comuns, aqui temos um diferencial.
Chega a ser estranho, mas como já comentei, não existem tantas cartas com foco em combos de pontuação. Em outras palavras, o jogo não possui multiplicadores.
As vezes isso faz com que os jogadores simplesmente esqueçam da honra durante a partida, e se foquem na construção de seus baralhos.
Boa parte da diversão vem daí: você não verá jogadores calculando pontuação no meio do turno, mas sim lendo efeitos na linha central e tentando acertar os problemas do próprio baralho.
E como todo bom jogo de construção de baralhos, você vai ter as facções, vai ter as habilidades básicas de cada facção, e vai tentar juntar as habilidades que indiquem uma estratégia mais sólida.
No fim você pode construir um baralho de efeitos passivos; ou juntar várias cartas pequenas que compram novas cartas, criando efeitos em cascata; ou juntar poucas cartas, mas com efeitos poderosos; ou juntar cartas de ataque, para matar os maiores monstros; ou juntar de tudo um pouco e tentar alcançar o equilíbrio.
(Devo dizer que o combo de compra de cartas nesse jogo é mais divertido que em qualquer outro jogo que eu conheça. Não é impossível jogar seu baralho inteiro em apenas um turno.)
Indiretamente isso também significa que o jogo tende a ficar mais estratégico conforme você o conhece.
E para variar, este é um jogo de cartas com rejogabilidade alta.
O jogo base já vem com muitas cartas diferentes, então você pode ir adaptando sua estratégia conforme a partida caminha.
Na verdade chega a ser difícil ter uma estratégia verdadeiramente pura.
Mas, pontos negativos.
O mais claro acredito que fica por conta do desbalanceamento.
Converse com qualquer pessoa que goste desse jogo, e ele vai te alertar sobre as cartas de Constructo Mechana.
Este tipo de carta tende a possuir um custo muito alto, mas trazem uma pontuação acima da média em paralelo à efeitos constantes que ajudam a comprar mais cartas do mesmo tipo.
Se um jogador ficar isolado com esta estratégia, as chances dele vencer a partida são muito altas.
Mas, para contornar isso, simplesmente tentem barrar este jogador.
Outra questão fica por conta da sorte.
Jogos de construção de baralho em geral trazem um fator de sorte alto. Só que nesse caso a sorte realmente é a alma do jogo.
A diversão parte da ideia de que você está equilibrando seu baralho, tentando controlar a probabilidade das cartas que irão aparecer em sua mão.
Então a sorte é necessária, e divertida, mas é claro que alguns jogadores que não curtem isso vão se afastar.
E por fim.
O jogo é indicado para até 4 jogadores, mas realmente acho que até 3 já está de bom tamanho, e em 2 fica perfeito.
E digo isso por conta do tempo entre turnos.
Em 3 jogadores você tem o tempo certo entre comprar cartas, estudar sua mão, e o início do seu próximo turno. A sinergia entre os próprios jogadores parece funcionar bem desta forma.
Mas resumindo.
Mesmo com o impacto inicial negativo, a segunda chance era tudo que o jogo precisava para me convencer.
É um bom jogo, principalmente para aqueles momentos que tudo que você quer é jogar e comprar cartas.
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Apêndice.
Vale dizer que este jogo possui uma versão digital muito bem construída (Steam/ Android).
Se você tem vontade de jogar, já tem opções.