Dia de trocar, plantar e colher sementes de feijão.
Pois é...
Como padrão, segue o vídeo com regras detalhadas aí em cima, e o textão aí embaixo.
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De forma simples e direta: seu objetivo aqui é plantar, trocar, e vender feijões, para juntar a maior quantidade de moedas.
Já aviso que o jogo parece chato quando falam seu objetivo, mas a forma que ele se desenvolve é única.
Primeiro, a regra de ouro.
Você JAMAIS poderá mudar a ordem das cartas da sua mão!!!!!
Dito isso...
No seu turno, você sempre seguirá esta sequencia:
1. Plante um feijão:
Coloque o primeiro feijão entre as cartas da sua mão em um campo do seu tabuleiro.
Cada campo aceita apenas um tipo de feijão, e quanto mais feijões em um mesmo campo melhor.
Se você não possuir um campo válido para plantio, você deve colher todos os feijões em um campo já em jogo, e plantar esse seu novo feijão no local (mas sobre a colheita logo falo).
Para finalizar esta etapa, você poderá plantar o próximo feijão da sua mão, se quiser. Mas não poderá plantar um terceiro.
2. Abra dois feijões da pilha central na mesa:
Estes feijões são seus, mas não vão para sua mão ou campos, eles são separados para as trocas.
3. Realizem as trocas:
Agora a parte divertida.
Todos os jogadores podem propor ofertas pelos feijões abertos na mesa.
E aqui vale quase tudo. Eles podem ofertar qualquer quantidade de cartas da mão por uma ou as duas cartas da mesa.
As únicas regras são que o jogador da vez e pelo menos uma carta da mesa devem estar envolvidos na negociação, e vocês não podem ofertar feijões que já foram plantados ou que foram recebidos em uma negociação neste turno.
A grande questão é que este é o único momento em que você poderá retirar cartas de sua mão sem plantar. E lembre que a primeira coisa que você faz no seu turno é plantar o primeiro feijão na sua mão. É bom que ele seja uma boa semente que aumente sua pontuação não é?
Todas as cartas que participaram das trocas ficam ao lado do tabuleiro de seus "novos" donos. Porque agora se inicia a fase 4.
4. Plantar:
Você DEVE plantar todas as cartas que estão ao lado do seu tabuleiro. Basicamente plantar todas as cartas que conseguiu nas negociações.
E aqui vale a mesma regra, coloque elas em campos livres. Se não existir campos livres você deve colher.
Lembrando que se for a sua vez, e você não conseguiu trocar os feijões que abriu na etapa 2, você deve plantar estes feijões.
5. Compre 3 cartas:
Que devem ser posicionadas ao fundo de sua mão.
E feito esse processo todo, é a vez do próximo jogador.
Mas afinal, o que é colher?
Como falei, se você não conseguir plantar, deve colher para depois plantar. E ao colher, você retira uma pilha de cartas de seu tabuleiro.
Cada tipo de feijão traz uma tabela dizendo quantas moedas você recebe por cada quantidade de feijões deste tipo colhidos.
Por exemplo, ao colher Feijões Azuis: Receba 1 Moeda por 4 Feijões, 2 Moedas por 6 Feijões, 3 Moedas por 8 Feijões, ou 4 Moedas por 10 Feijões.
Simplesmente vire cartas de feijão igual a quantidade de moedas que você ganhou, e descarte o resto.
Quando a pilha de compras acabar, reembaralhe o descarte. Se acabar novamente, reembaralhe novamente. Se acabar uma terceira vez, o jogo se encerra imediatamente.
Neste momento vocês fazem uma última colheita, e quem possuir a maior quantidade de moedas vence a partida.
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E ok...
Desde sempre ouço falar que Bohnanza é um clássico entre os clássicos, ou o melhor jogo de cartas que existe, ou o jogo festivo definitivo, entre outros títulos.
Mas ao ler as regras devo dizer que fiquei em dúvida. Tudo me parecia muito abstrato, meio contra intuitivo, e feio. As imagens de feijões realmente não me cativaram.
Até o dia em que este pequeno jogo viu mesa.
E então... Agora posso dizer que Bohnanza é um clássico entre os clássicos! O melhor jogo de cartas que existe!! O jogo festivo definitivo!!! E continua feio!!!!
Isso foi um exagero sim, mas vale lembrar que nos grupos em que joguei ele desbancou Coup. E isso pouca coisa não é.
Então fazendo uma análise mais séria.
Bohnanza possui um turno bem engessado:
1. Plante 1 ou 2 cartas;
2. Abra 2 cartas do centro da mesa;
3. Inicie o leilão;
3. Plante tudo que foi leiloado;
4. Compre 3 cartas para sua mão.
Mas se você reparar, tudo foi criado com foco na fase de leilão:
1. Ao plantar obrigatoriamente uma ou duas cartas, você tem motivação para "limpar" as cartas da sua mão antes que chegue seu turno.
2. Ao abrir duas cartas no centro da mesa, você sempre terá algo para oferecer, e não precisa mudar de estratégia turno a turno.
3. Se divirta!!!
4. Ao plantar tudo que foi leiloado, você vai querer trocar cartas mesmo que saia em desvantagem, para não precisar plantar o que não quer.
5. Ao comprar 3 cartas, você sabe que sua mão vai ser reabastecida independente da burrada que fizer.
Por isso digo que o jogo é MUITO bem estruturado.
Ele te impele a participar, a ser pró-ativo. O que faz com que o jogo seja fluído, e a fase de leilão sempre funcione turno a turno.
E isso que nem falei da fase de leilão em si, que trás um sentimento de liberdade imenso.
As cartas não possuem um valor fixo, tudo é "precificado" turno a turno pelo plantio e conversa entre os jogadores.
Existem cartas mais raras que outras sim, mas a verdade é que a raridade delas nem sempre será usada para definir seu valor. Afinal de contas, uma carta rara sozinha não gera muitas moedas, e você não tem certeza se vai conseguir outras cartas iguais.
Sem contar que tudo depende do que seus oponentes estão plantando. Você precisa ficar atento às suas preferências, tanto para tentar evitar concorrências quanto para conseguir as melhores trocas.
E lembre que as moedas neste jogo são as próprias cartas de feijão. Quando seu oponente colher, ele estará retirando feijões do tipo colhido do jogo.
E as trocas são livres né? Porque seu oponente deveria trocar com você se ele recebeu outras 2 ou 3 ofertas? E quando as ofertas são iguais às suas?? Qual seu diferencial??? A falácia aqui rola solta, e o lado social do jogo aparece.
Toda a rejogabilidade se baseia nisso.
São muitas cartas sim, o que já dá uma boa mexida à cada partida, mas o que impede você de seguir sempre as mesmas estratégias são seus oponentes. As decisões deles são imprevisíveis, e você nem sempre vai conseguir convence-los.
Assim as partidas vão se criando pouco a pouco.
Mas ok, tudo de bom até agora, segue a parte ruim.
Como já comentei, o jogo é feio e meio confuso no começo, e algumas pessoas tendem a se afastar dele antes mesmo de conhece-lo (Eu estava nesse grupo, e me arrependo por isso). Quem for explicar precisa dar aquela empurrada inicial, depois a coisa desanda e você tem dificuldade de tirar ele da mesa.
Outro ponto são os jogadores vingativos.
Se alguém ficar com raiva e parar de fazer negócios com um outro jogador específico, a partida tende a desandar.
É claro que isso depende mais dos jogadores que do próprio jogo, mas Bohnanza não apresenta defesas contra esse tipo de comportamento.
Ele vai funcionar enquanto as cartas estiverem sendo trocadas, e quanto mais cartas melhor.
E devo comentar que nunca vi o contrário acontecer. Quando um casal se une contra os outros jogadores.
A questão é que as chances do casal possuir as cartas que eles precisam sozinhos é minima. O próprio jogo vai fazer com que eles realizem trocas com toda a mesa.
Pode até acontecer de dois jogadores apresentarem as mesmas ofertas, e o jogador da vez dar preferência à seu casal. Mas, pelo que tenho visto, esse é um evento raro.
E para variar, Bohnanza sofre da febre do jogo pequeno: "É bom, rápido, vê muita mesa, e se torna altamente enjoativo...".
Para cuidar desta febre é simples, deixe ele na estante de tempo em tempo.
Isso geralmente tende a afetar mais o dono do jogo do que o grupo, já que ele sempre está por perto. Então ignore seu grupo e jogue outras coisas, se não você não vai aguentar os feijões na sua frente.
Por fim...
Bohnanza trabalha com o mínimo necessário para criar um jogo de comércio apenas com cartas. E deixa a estrutura do jogo para ser criada pelos próprios jogadores partida a partida. É daí que vem a diversão e rejogabilidade desta pequena caixa.
Me surpreendeu... Muito.
o/
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Apêndice.
Comentei sobre Bohnanza ter desbancado Coup alí em cima, e tenho algumas razões para isso.
A mais clara é que Coup já viu mesa demais, e reinou por muito tempo, o pessoal enjoou (É a questão da febre).
Outra questão é que Bohnanza não se baseia em blefe, o que o torna bem mais familiar. Sua aceitação se mostrou maior por conta disso.
E é claro, Bohnanza pode ser confuso durante a explicação, mas não possui um leque de ações disponíveis ligadas à informações secretas. O impacto inicial dele é menor que do Coup.
No fundo sei que os dois jogos são bons, e para mim empatam em diversão.
Masss... Bohnanza...
Gosto bastante dele, mas não consigo convencer a galera com quem jogo a tentar. Vou usar sua dica e tentar aplicá-lo nos jogadores casuais. Mas não o concebia como festivo até ler esse review.
Obrigado por dar esse toque!
Gosto bastante do jogo e é um dos favoritos da minha esposa. Costumo levá-lo quando sei que haverá iniciantes e não iniciados no hobby e o jogo costuma agradar bastante, sendo que alguns até adquirem o jogo.
Jogo Bohnanza há mais de dez anos e sempre foi sucesso absoluto mesmo com pessoas eu nunca jogaram nada além de buraco e dominó. Uma vez que as pessoas entendem o mecanismo (que chega a ser um pouco desconcertante a primeira vista) as partidas ficam muito rápidas. Já teve gente querendo jogo atrás de jogo só para dar o troco em alguém que sacaneou numa negociação. É um jogo maravilhoso.
Pode parecer estranho mas Bohnanza foi o jogo que me trouxe para o mundo dos board games, e minha familia adorou também e para auxiliar os novatos eu imprimo um player aid ( disponivel no ludopedia), muito divertido.