Eu, 30 anos, muitos anos de experiência mestrando continuo até hoje.

Meu grupo, outro rapaz de 30 anos. O único que já tinha jogado qualquer RPG, e dois amigos que nunca tinham jogado RPG na vida, um de 23, e outro de 28.

Tô mestrando D&D 5.0 pra eles, e está sendo divertido. Grupo mais insano que já vi. Aasimar feiticeiro, Guerreiro Elfo e Meio-Orc Ranger. 

É muito bom quando conseguimos continuar mestrando para um grupo que seja motivado e que curta o desenrolar das histórias. Isso realmente ajudar a manutenção do hobby.

Quero fazer dois apontamentos para continuarmos debatendo sobre esse tema.

O primeiro é que na minha percepção a principal vantagem dos BGs em relação ao RPG é o tempo da duração das partidas e do preparo do jogo já que na sua grande maioria os BG demandam somente alguns minutos de setup como preparação. Este é um ponto fundamental de diferença pois o RPG demanda planejamento e todo o processo de criação da aventura por parte do Mestre.

Mas eu queria falar um pouco sobre as regras dos BG. Existem tanto BGs quanto RPGs que possuem regras complicadas e difíceis de serem explanadas e é neste ponto que vem minha observação. Jogos de BG que tem uma curva de aprendizado muito grande satisfazem os jogadores da mesma forma ?

Vou dar um relato pessoal, quando joguei um jogo Euro pela primeira vez eu me senti frustrado porque não conseguia compreender direito as escolhas que seriam mais benéficas para mim e quais poderiam ajudar meus adversários, e por mais que um jogo Euro tenha características semelhantes cada titulo trás gatilhos diferentes que devem ser conhecidos pelo jogador. Foi assim com Puerto Rico nas primeiras partidas. O real brilho do jogo somente aparece depois de algumas partidas. Ou seja, é preciso reunir um grupo que já consiga dominar minimamente as regras para o melhor proveito da partida.

Talvez por isso em muitas mesas jogos que tenham regras simples ou party games vejam mais mesa que outros títulos mais pesados (em casa Eldritch Horror fica meses sem sair da estante, a expansão Eldritch Horror: Montanhas da Loucura nunca viu mesa) entretanto jogos como Survive: Fuga de Atlântida!, Lobisomem por uma noite, Ca$h 'n Guns (second edition) são pedidas certas.

Neste aspecto eu acho o RPG muito mais acessível. Dificilmente você terá grande dificuldade em apresentar as regras básicas de um Sistema para um novo jogador (claro que sempre irão existir os advogados das regras) e ele poderá desfrutar integralmente do potencial do jogo desde a primeira partida.

Este então é o primeiro questionamento novo. As regras podem ajudar ou dificultar a manutenção do hobby do RPG ?

O segundo ponto que eu gostaria de abordar é a imersão. Vocês acham que os BGs atualmente tem potencial para fazer com que os jogares sintam-se imersos nas partidas ?

Respondendo a pergunta inicial do tópico...

1- Falta de motivação para mestrar (por anos, fui o Mestre em mais de 90% do tempo; pedi ao grupo para dividir a função comigo - queria mestrar e jogar em proporção igual - mas a inércia do grupo me desanimou);

2- Falta de sentimento de conclusão/fechamento (conto nos dedos as campanha que consegui concluir de forma satisfatória... é muito frustrante ver uma história planejada de forma cuidadosa morrer na praia);

3- Problemas de agenda com os membros do grupo (era difícil reunir todos os jogadores da campanha no mesmo bat-horário e bat-local);

4- Falta de vontade em jogar one-shots (sempre preferi campanhas, ainda que curtas);

5- Surgimento de um substituto conveniente enquanto hobby (boardgames, que se resolvem em uma única partida e não demandam compromisso - exceto em jogos legacy, mas falo aqui da regra geral).

6- Conveniência do substituto (em geral, é muito mais simples explicar a um leigo as regras de um boardgame do que um sistema de RPG).

Enfim... Tenho ótimas recordações da época em que joguei RPG, mas não me arrependo de ter parado. 

A fila anda, mesmo para os hobbies.