"Séculos atrás, o lucrativo comércio de especiarias obrigou nações prósperas a explorar rotas alternativas até às origens destas mercadorias preciosas. Então aqui, a sua viagem continua no Distante Oriente."

E para quem não sabe, você pode juntar as caixas de "Century: Rota das Especiarias" e "Century: Maravilhas do Oriente", criando um terceiro jogo oficial paralelo chamado "Century: Mar Adentro".
O vídeo chega a ser meio repetitivo já que funde as regras dos dois primeiros jogos, mas segue em detalhes para quem quiser conhecer.



Vídeos entregues, hora de começar com a Rota das Especiarias.



E ok.
Rota das Especiarias é o segundo jogo da série Century, e sua premissa é basicamente a mesma: Consiga recursos, faça trocas, depois troque recursos por pontos de vitória. Mas nem se preocupe, o jogo é totalmente diferente de seu irmão.

Resumindo.
No seu turno você poderá se movimentar, e então realizar uma ação, geralmente ligada ao local onde você parou.



Começando pelo movimento.
Mover seu barco para uma ilha adjacente é gratuito, mas qualquer movimento extra custa um recurso qualquer, que deve ser deixado nas ilhas por onde você passou. Assim, em grandes movimento você deixará uma trilha de recursos para trás.



Se você parar no mesmo local que um barco adversário, como adicional, ainda precisará entregar um recurso da sua reserva para ele.
Feito o movimento, você pode realizar uma ação, entre mercado, porto, ou colher.

Então se você parou em uma ilha com o símbolo de troca, pode realizar uma ação de mercado.
Para realizar esta ação, primeiro você deve construir um posto avançado na ilha pagando cubos igual ao número de postos avançados que já estiverem no local. Feito isso, coloque o posto avançado mais a esquerda do seu tabuleiro, que coincide com a linha do símbolo do local onde você está construindo.



Com o posto construído, para o restante do jogo você poderá realizar a troca impressa na ilha sempre que parar aqui. 
E a troca é basicamente o que está impresso no local, troque os cubos que aparecem na área de cima pelos que aparecem na área de baixo.

Agora, se você terminou seu movimento em um porto, poderá realizar a ação do porto. 
Simplesmente descarte os recursos que a ficha no local indica, e coloque-a em sua reserva.
E claro, depois abra uma nova ficha no local para substituir a que você completou.



E por fim, se você terminou seu movimento em qualquer lugar, mas não quiser realizar a ação de mercado ou porto, você pode colher. 
Pegue 2 cubos amarelos da reserva geral, e coloque em sua reserva pessoal.



E estas são as ações...
Mas agora um detalhe, conforme o jogo avança vocês vão retirando postos avançados de seus tabuleiros e colocando no mapa.
Os números que ficarem abertos fazem parte de sua pontuação, e sempre que você liberar uma coluna de postos poderá pegar uma ficha bônus.



Estas fichas trazem efeitos que ajudam em sua aventura, seja aumentando a quantidade de cubos que você pode carregar (lembrando que normalmente você pode ter um máximo de 10 cubos na sua reserva), adicionando um movimento gratuito por turno, melhorando um cubo sempre que você constrói um posto avançado, ganhando um cubo vermelho sempre que colher, ou mesmo somando pontos de vitória para o final do jogo.

E o jogo é isso.
Os jogadores alternam turnos realizando movimentos e uma ação, até que um jogador consiga sua quarta ficha de pontuação.
Vocês finalizam o turno, e somam suas pontuações finais.



Somem o valor de suas fichas de pontuação, mais o valor impresso em suas fichas de bônus, mais os números que ficaram abertos em seu tabuleiro de jogador, mais 1 pontos para cada cubo não amarelo em sua reserva.
Quem possuir a maior soma é o vencedor.



E chegamos a pergunta que todo mundo gosta de fazer: "Century: Maravilhas do Oriente é tipo Century: Rota das Especiarias?"
Resposta curta: Não.

Resposta longa:
A primeira coisa que você vai perceber quando ver Maravilhas do Oriente na mesa é que, diferente de seu irmão, ele apresenta muita informação já no começo da partida. A quantidade de ícones abertos realmente assusta, e isso já faz com que ele não seja visto como aquele jogo familiar que todos esperavam depois de uma partida de Rota das Especiarias.

Ele claramente foi criado para um público mais euro, que gosta de analisar e planejar as jogadas tentando achar os caminhos mais curtos para melhores resultados.

Passando o susto inicial com toda a informação disponível, você começa a olhar o mapa de outra forma.
Aos poucos você vai identificando padrões e rotas entre as peças. E isso traz uma sensação parecida com o jogo anterior, quando você começa a planejar três ou quatro movimentos à frente do turno atual. 
Ao que tudo indica, essa característica é o que vai unir os jogos da franquia Century, o que é um ponto positivo já que é a parte mais divertida dos dois jogos (E realmente espero que isso apareça em "Century: A New World", o próximo irmão que será lançado)

Mas certo, concentrando nas Maravilhas do Oriente.
Existem duas coisas neste jogo que realmente me marcaram: A força das trocas de recursos, e os postos de comércio.

Começando pelas trocas, vale dizer que elas não foram feitas para serem equilibradas.
Existem ilhas claramente mais vantajosas que outras.
Mas a graça é que, dependendo dos objetivos que estão abertos, esse equilíbrio pode se inverter e as ilhas que você não prestava atenção passam a valer mais.

Outro ponto é que algumas trocas realmente fazem você se sentir o rei dos muambeiros. Você chega a trocar 2 recursos por 5 de outro tipo, e sai com o navio cheio. Esse sentimento é muito bom, e te acompanha a partida inteira. 

Conforme o jogo vai avançando, você vai trabalhando suas rotas e essas trocas vão ficando cada vez mais efetivas. E aqui nós temos um diferencial.
Na maioria dos jogos você recebe habilidades especiais conforme vai avançando na partida, e estas habilidades lhe dão a sensação de que você está ficando mais forte. 
Em Maravilhas do Oriente estas fichas especiais existem, mas parecem não trazer tanto impacto (com exceção da ficha de movimento gratuito, essa sim é forte).
Mas mesmo assim, você acaba sentindo seu jogo mais forte por conta da experiência que você vai ganhando com o mapa. 
Conforme você vai aprendendo as melhores rotas, os combos vão ficando melhores, e os recursos começam a fluir. Então é possível dizer que o mapa modular é o que gera a grande rejogabilidade deste jogo, já as rotas precisam ser reanalisadas do zero à cada partida.

Mas aí vem outro ponto.
Com o começo da partida, os barquinhos vão se movimentando nestas rotas que você visualizou inicialmente, e vão construindo seus postos de comércio. 
Minha expectativa dizia que os postos serviriam como um controle de área, quase que dividindo o mapa, de forma à dificultar a vida dos adversários. Mas, ao contrário do que eu esperava, os postos acabam sendo uma consequência das suas trocas. 
No fundo as trocas já são difíceis o suficiente sem ninguém atrapalhando, e o tempo de jogo parece curto para fazer todas as trocas que você quer. Então não sinto que há tempo ou motivação para perder um turno pelo simples prazer de atrapalhar o jogo alheio.

Sem contar que, ao construir um posto você aumenta o custo da construção naquele local em 1 recurso, mas a ação de colher entrega 2 recursos de graça. Então se você resolver gastar um turno inteiro construindo um posto só para atrapalhar, lembre que seu oponente pode gastar o mesmo turno ganhando o dobro de recursos que ele precisa para escapar de sua traquinagem. 
Por isso, apesar dos jogadores dividirem o mesmo mapa, tenho a impressão que a interação é muito indireta. Ninguém vai perder um turno pensando em interagir com o oponente.

Além disso, não tenho certeza se o impacto dos postos de comércio me agradou.
É fato que o mapa vai ficando mais apertado com o decorrer da partida. Mas como você está livre para fazer negócios em ilhas já com postos de comércio seus, é comum os jogadores começarem a repetir rotas em vez de se aventurar em outros tipos de troca. 
Algo como: "Iniciar o jogo garantindo ilhas que lhe entreguem os 4 tipos de recursos, independente de suas quantidades, e então navegar em círculos até juntar recursos o suficiente".
Seguindo esta estratégia, a construção de novos postos acaba acontecendo apenas quando você precisa se mover para completar um objetivo.

Outra questão sobre os postos de comércio é que a pontuação e as habilidades extras que você ganha ao construí-los pareceu não compensar frente à pontuação dos próprios objetivos. É claro que esta pontuação vai aparecer, mas não compensa como estratégia principal.
Aqui foi comum o jogador que ativa o fim do jogo terminar com um objetivo a mais que os outros, e vencer com a diferença de pontuação que ele traz.

Então resumindo.
Century: Maravilhas do Oriente, é um jogo com que estou criando uma relação de amor e ódio.
Eu realmente gosto do mapa e da forma com que você veleja trocando recursos. Isso é uma coisa única e boa o suficiente para dar alma ao jogo.
Mas não gostei da forma que os postos de comércio foram implementados, mais como requisito do que planejamento.
Este jogo sem os postos de comércio poderia ser até maior que Century: Rota das Especiarias.



E hoje teve vídeo duplo, nada mais justo que textão duplo...

Em "Century: Mar Adentro", você utiliza o mapa de "Century: Maravilhas do Oriente", com as cartas de "Century: Rota das Especiarias".
Seu objetivo é o mesmo: juntar recursos, trocar recursos, conseguir pontos de vitória.
E como ação, você pode comprar cartas, usar cartas, descansar, ou movimentar seu barco para realizar a ação de uma ilha.

O sistema de compra, uso, efeitos, e recuperação de cartas é basicamente igual ao da "Rota das Especiarias" (Que por sinal já fiz vídeo/texto e você pode ver Clicando Aqui!!!



Agora, a principal diferença está no seu movimento pelo mapa.
Para movimentar seu barco, você deve deixar uma carta fechada à sua frente para cada movimento feito.
Não existe movimentos gratuitos, e as cartas usadas nesta ação podem vir tanto da sua mão como da pilha de cartas já usadas para realizar trocas, desde que estejam abertas à sua frente.
Vale lembrar que ao realizar uma ação de descansar, você recupera tanto as cartas fechadas como abertas.



Ao terminar seu movimento, você poderá construir postos de comércio normalmente para realizar a troca do local, ou pegar a ficha de pontuação do porto. As regras de "Maravilhas do Oriente" se mantém aqui.

E o jogo finaliza no fim do turno em que um jogador conseguir sua quarta ficha de pontuação, assim como em "Maravilhas do Oriente".



Que fique claro, "Century: Mar Adentro" não é uma expansão.
Ele foi criado como uma fusão dos outros jogos, então não apresenta nenhuma mecânica nova.
A intenção aqui foi juntar todo o ambiente do mapa, com seus movimentos e postos de comércio, com a facilidade das trocas por cartas.
E devo dizer que neste ponto ele funciona. Você realmente tem liberdade para realizar as trocas da forma que você desejar, abrindo um leque de opções, e a sensação que vem disso é muito boa.

Mas nas minhas partidas houve um pequeno problema: Os jogadores simplesmente ignoraram as trocas do mapa. 
Afinal, com as cartas não importa a posição de seu barco, e ao descansar você poderá repeti-las turno a turno. Sem contar que encontrar rotas no mapa exige mais planejamento, e é mais cansativo.
Isso fez com que as partidas lembrassem mais o "Century: Rota das Especiarias", só que com uma complexidade extra que o jogo realmente não precisa.

Fora isso, basicamente tudo que falei sobre as casas de comércio de Maravilhas do Oriente se repete aqui, a mecânica é a mesma.

E não me entendam mal. 
A experiência de Mar Adentro é divertida, principalmente se você gosta dos outros dois Centurys, mas ele realmente não apresenta nenhuma novidade, e isso fez falta. 
Talvez o maior problema desta versão seja a existência dos dois jogos originais. E digo isso porque se você gosta de jogar com as cartas, vai se divertir muito mais com Rota das Especiarias. E se você gosta de jogar com o mapa, vai se divertir mais com Maravilhas do Oriente. 
Assim, o espaço que seria de "Century: Mar Adentro" já foi ocupado... por duas metades dele mesmo (?).

o/