LADRÕES & ZERGS - A BUSCA PELO TEMA PERDIDO
Este é um jogo do Reiner Knizia. O que isso significa? Ora, usualmente significa uma mecânica apurada e tema colado em cima com cascolar, então não sacuda muito senão desgruda.

(Cortesia do Tiagoaob)
E isto se aplica aqui? Sim, não há como circunavegar isso. Poderiam ser um bando de ladrões que cercam pessoas na rua e aquele que tem mais ladrões leva o roubo - assim, quem tiver a maioria de colares, relógios e carteiras, disputa a vitória. Ou são soldados no espaço sideral combatendo alienígenas, e aqueles que cercarem os oponentes com as maiores forças os vencem - dessa forma, quem destruir mais dos zergs, dos protoss ou dos aliens disputa a vitória. E assim em diante. Claro, talvez os mesmos fossem um pouco mais difíceis de vender, e mesmo quebrassem alguns direitos autorais, mas de qualquer maneira funcionaria sem mudar basicamente uma vírgula da mecânica.
MAS QUE MECÂNICA É ESSA?
É a da colocação de tiles (que, neste caso, são peças hexagonais com símbolos que indicam suas funções). Cada jogador tem tiles disponíveis as quais posiciona no tabuleiro de forma a obter o máximo possível das peças que estão espalhadas pelo tabuleiro.
São três tipos de peças:
- os Kabutos (capacetes);
- os Budas;
- os Obentôs (pratos de arroz).

(Cortesia do Tiagoaob)
O jogador pega, de forma aleatória, 5 tiles entre todas as que têm disponível. São 8 os tipos de tiles divididos de duas maneiras.
As de uso único:
- os Samurais (que influenciam todos os tipos de peças);
- os Budas (que influenciam somente as peças dos Budas);
- os Kabutos (que influenciam somente as peças dos Kabutos);
- os Obentôs (que influenciam somente as peças dos Obentôs);
- o Mu (que permite substitui um tile seu de qualquer lugar, permitindo que você realoque o tile que foi substituído pelo Mu).
Essas peças, quando usadas, encerram o turno do jogador.
As de uso múltiplo:
- os Ronin (que influenciam todos os tipos de peças);
- os Barcos (que influenciam todos os tipos de peças, mas devem ser colocadas nos hexágonos de água, nunca em terra);
- a de Troca de Peça (que permite que uma peça seja trocada de lugar com outra peça).
Essas peças, quando usadas, não encerram o turno do jogador, que ainda pode colocar outros tiles no tabuleiro.
Ao final de seu turno, o jogador pega tiles até que tenha novamente 5 para poder usar da próxima vez.

(Cortesia do Tiagoaob)
MUITO BEM, E O JOGO?
Ah, a mecânica compensa tudo que falta de tema. É ágil, inteligente e com várias possibilidades de escolha, fazendo com que cada tile colocado seja precedido por um certo tempo pensando e avaliando onde melhor encaixá-lo. Mesmo assim, uma partida bem disputada não passa de 1 hora e usualmente a emoção é mantida até o final, quando são reveladas as peças coletadas até então e vê-se quem foi o vencedor.
O jogo escala bem, sendo bom em 2, 3 ou 4 jogadores (eu prefiro em 2 ou 3, em 4 a situação das peças no tabuleiro podem mudar bastante até a vez voltar ao mesmo jogador, o que dificulta a estratégia, tornando o jogo mais tático). Em duas pessoas, o Samurai a duração da partida raramente vai além de 30 minutos. Cada jogador adiciona 15/20 minutos no tempo de jogo.
Minha opinião é de que este jogo é um dos melhores jogos feitos pelo Knizia. Ele tem uma profundidade diferente do complexo Tigris & Euphrates, ainda que dividam a similaridade de ambos serem jogos em que cobre-se o tabuleiro com peças diversas. O Samurai é mais parecido com o Ra, em duração e simples engenhosidade do desenho, ainda que sejam bastante diversos nas mecânicas.
Enfim, um jogo altamente aprovado!
Um adendo: o jogo tem uma versão nacional, com regras em português, editado pela Ceilikan. Para quem quiser saber mais clique aqui.
Abs,