Quando as crianças dormem, os brinquedos acordam para fazer seu trabalho. Afinal, é durante a noite que os pequenos precisam de proteção contra seus maiores pesadelos...
E como de costume, você encontra as regras (sem spoilers) no vídeo aí em cima, e um resumão do que achei do jogo aí embaixo.
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Então resumindo.
Stuffed Fables é um jogo de campanha, cooperativo, num estilo masmorra.
E o grande ponto de destaque aqui é seu livro de campanha. É nele que você encontra toda a narrativa, preparações especiais, os eventos que vão sendo ativados na partida, e até o próprio tabuleiro. Posso afirmar que a alma do jogo está neste livro.
Para entender um pouco da partida, a história principal é dividida em cenários (que seriam as sessões de jogo), e cada cenário é dividido em várias páginas.
Então você vai caminhando, matando monstros, ativando e resolvendo eventos, até o texto indicar outra página, que vai mudar o mapa e geralmente apresentar novas regras e objetivos de curto prazo.
A ideia básica aqui é seguir pulando pelas páginas até chegar na grande conclusão do cenário.
Mas certo.
Para fazer tudo isso, você começa seu turno comprando 5 dados aleatórios de uma bolsa de dados.
Então os dados brancos se ativam lhe dando chance de ganhar enchimento (vida), e depois os dados pretos são levados pelas sombras.
Feito isso, o jogador da vez está livre para realizar quantas ações desejar com os dados que sobraram.
A graça das rolagens deste jogo é que você decide como rolar. Você pode jogar os dados separados para ativar um tipo de efeito várias vezes, ou juntar todos em uma rolagem só e ter um efeito mais forte somando seus resultados.
Seguindo esta lógica, com qualquer cor de dado você pode:
• Mover: Role quantos dados desejar e ande espaços igual ao resultado.
• Reservar: Coloque um dado em sua reserva. Ele servirá para defesa ou para ser usado em ações em seus próximos turnos.
• Encorajar: Reserve um dado na ficha de um aliado adjacente, ou descarte um dado para entregar um de seus enchimentos para ele.
Ou você pode realizar as ações específicas de cada cor de dado:
• Vermelho: São dados usados em ataque corpo à corpo.
• Verde: Usados para ataques à distância.
• Amarelo: Usados para buscar itens no mapa.
• Azul: Sem efeito extra.
• Roxo: Coringas, servem como qualquer outra cor.
Exemplo de 3 ações seguidas usando 4 dados.
O livro também traz alguns desafios de habilidade que exigem rolagens de dados específicos, além de desafios em grupo em que os jogadores vão depositando dados turno a turno até conseguirem uma soma pré-determinada.
Feitas suas ações, todos os dados usados são colocados de lado, e você olha a quantidade de dados pretos que já apareceram.
Algumas coisas podem acontecer aqui:
• Se o número de adversários em jogo for igual ao número de dados pretos, todos eles se ativam e atacam os jogadores.
• Se não há adversários no mapa, mas o número de dados pretos for igual ao número de jogadores, ative uma "Onda". E aqui temos efeitos bem diferentes de página para página, como trazer inimigos para o tabuleiro ou avançar o tempo de partida.
Finalizando o turno, se qualquer efeito foi ativado com dados pretos, eles voltam para a sacola junto com todos os dados que foram colocados de lado depois das ações dos jogadores. E segue o jogo com o próximo jogador.
Então, como é de imaginar, completando o objetivo antes de todos os jogadores caírem, vocês vencem o cenário.
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E ok...
A primeira coisa que me veio à mente quando joguei foi: "se existisse um jogo do Toy Story, ele seria exatamente assim".
Você tem os brinquedos que fingem não ter vida enquanto as pessoas estão olhando, temos toda a questão do "proteger a sua criança", temos até a questão do desenvolvimento da criança e como os brinquedos lidam com isso.
Só que.... o tom da história em Stuffed Fables é beeeeem mais infantil que em Toy Story.
No jogo estamos ajudando nossa criança em grandes eventos como trocar do berço para sua primeira cama, ou deixar as fraldas para trás.
Então tenha em mente que, apesar de divertir qualquer jogador, esse jogo tem o público infantil como alvo. Posso dizer que ele é perfeito para mães e pais que querem aprofundar seus filhos pequenos no hobby.
Mantendo essa linha de raciocínio, é bom destacar que este jogo não tem foco em ganhar Xp.
Temos batalhas sim, e são batalhas brutais até certo ponto, mas a verdade é que o jogo dá mais ênfase a sua narrativa do que ao combate. Existem locais em que vocês nem chegam a encontrar inimigos, mas pode ter certeza que lá existirá pelo menos 2 ou 3 eventos para ativar.
Aí vem uma coisa que realmente gostei: a maior parte dos eventos são realmente interativos.
Algumas vezes eles nem chegam a falar o que você deve fazer, simplesmente explicam sua situação e deixam você explorar. Senti mais autonomia neste jogo do que em outros jogos de masmorra consagrados.
E realmente admiro a criatividade de quem fez os desafios do livro. Já me peguei preso ao jogo só para ver que tipo de desafio ou mudança de regra seria apresentada na próxima página.
E citei agora a pouco que o jogo possui batalhas brutais.
Digo isso porque você derruba adversários com um único golpe, e não é difícil eles te derrubarem da mesma forma.
Considere que você começa com 5 de vida, e que os adversários mais fracos geralmente tem 4 de ataque. Se você não se defender são 4 danos na ativação de apenas um inimigo. É muito fácil derrubar e ser derrubado nesse jogo.
Para compensar, a dificuldade geral não me agradou.
Mesmo sendo fácil de cair, também é fácil levantar e continuar lutando. E isso é estranho em jogos cooperativos.
Outra questão, que era de se esperar, é o fator sorte sempre presente.
Além da tradicional rolagem para realizar ações, você ainda tem a sorte na compra de dados da sacola. Então não existe aquele planejamento a longo prazo, é comum chegar a sua vez e você simplesmente não tem dados da cor que precisa.
As habilidades dos personagens geralmente ajudam nesse ponto, você tem certa "manipulação de dados".
E para variar, uma questão que aflige todos os jogos deste estilo: A rejogabilidade é meio... sei lá...
Aqui os cenários apresentam pontos de escolha, que determinam como uma parte da história irá se desenvolver. E para você ter uma ideia, é possível completar um cenário sem sequer ver todos os itens especiais dele.
Isso dá certa rejogabilidade, já que as coisas podem mudar ao escolher caminhos diferentes, mas depois que você conhece esses outros caminhos não encontro muitas razões para jogar o mesmo cenário novamente.
Mas justiça seja feita, praticamente todas as críticas que fiz caem por terra no momento em que você lembra que o público alvo aqui são crianças.
Stuffed Fables nunca teve a ambição de ser um jogo complexo. É para ser fácil a ponto de deixar as crianças se divertirem e (por mais difícil que pareça) manter elas entretidas por 1 ou 2 horas de partida.
Então... dá para jogar mesmo sem crianças?
Claro que sim.
Na verdade muitos jogos deveriam aprender a unir mecânica, criatividade e história como Stuffed Flables. Só isso é motivo suficiente para experimentar uma partida.
E apesar de tudo que falei, no fundo ainda acredito que adultos vão se apaixonando por este jogo antes mesmo das crianças.
O Autor do jogo fez 7 regras oficiais para poder controlar a dificuldade do jogo, caso queira.
Eu estou jogando com meu filho usando algumas destas regras e já perdemos o 2º capitulo e o 1º foi por pouco.
Uma dessas regras é diminuir o número de dados brancos, com isso fica mais difícil de recuperar vida, estamos usando apenas 1 dado branco.
Tem regra para o dados pretos, para os inimigos entre outras.
Acho que vale a pena conferir.
As regras estão no site da Plaidhat Games em Support : http://www.plaidhatgames.com/games/stuffed-fables
Mto obrigado, eu estava encantado a respeito da lore do jogo, entretanto sabia que não seria um desafio complexo, vc acabou de me dar a garantia de dificuldade