Eldritch Horror: Sob as Pirâmides chega em breve ao mercado brasileiro depois de uma longuíssima espera, fato que fez muitos fãs da franquia desistirem de esperar e comprarem a edição diretamente da Fantasy Flight - como eu.
Como finalmente a expansão vai dar as caras por aqui, destrincharei brevemente sobre as coisas mais legais dela, como a dinâmica de jogo muda e se vale a pena ou não gastar seu suado dinheirinho na compra.
O tabuleiro:
A expansão Sob as Pirâmides traz elementos egípcios ao jogo, com um tabuleiro menor que pode ser agregado ao jogo base (através da escolha de um ancião ou de um prelúdio), além das diversas cartas de itens, artefatos, feitiços e outras coisas relacionadas tematicamente com o Egito. O primeiro ponto positivo da expansão é justamente o tabuleiro: diferente do tabuleiro da Antártida, lançado com a expansão Montanhas da Loucura, é muito fácil se deslocar para dentro do Egito e muito fácil sair. Se em "Montanhas" os jogadores têm a maior dificuldade de chegar na Antártida, em "Sob as Pirâmides" ocorre exatamente o oposto, pois existem 4 pontos de conexão entre o tabuleiro principal e o da expansão: Os jogadores podem entrar pelo espaço 10, Espaço 17, Coração da África e Pirâmides de forma totalmente gratuita. Ou seja, não é necessário sequer uma ação de mover para se deslocar desses espaços para o tabuleiro do Egito (com exceção do espaço 17), o que transforma a movimentação dos personagens, até mesmo dentro do tabuleiro principal, mais maleável. Isso é um grande incentivo para colocá-lo em uso mesmo que você não esteja lutando contra seu ancião específico.
Uma vez no Egito, os encontros são, como de praxe, bem temáticos e divertidos. É possível aprender feitiços, encontrar relíquias e até artefatos! Assim como na expansão Montanhas da Loucura, existem 2 baralhos de encontros para fazer os encontros dentro do Egito.

Tabuleiro do Egito agrega bastante ao base, ao passo que muda a dinâmica do jogo.
Encontros no Egito são sempre recheados de tema e perigos.
Os Anciões:
Eldritch é um poço de aleatoriedade sem fundo, então é sempre difícil dizer qual ancião é mais fácil ou difícil, visto que isso depende imensamente das cartas de mito, sinergia dos personagens escolhidos, rolagem de dados, etc, então nem me aprofundarei nessa questão. Nephren-Ka coloca o tabuleiro egípcio em jogo e seu acerto de contas faz com que os investigadores se aproximem da Pirâmide onde ele descansa, ou gastem 1 de sanidade. Essa mecânica representa o chamado do ancião, hipnotizando, atraindo os investigadores para seu lar amaldiçoado. Para lutar contra seus cultistas, é necessário fazer um teste de Conhecimento (-1), o que representa a necessidade de habilidades arcanas para enfrentar um ancião completamente envolvido com magia.
Já Abhoth é um pé no saco com o acerto de contas que coloca cultistas em espaços selvagens, e, caso haja mais de 6 em jogo, a Perdição avança em 1. A jogada aqui é que para derrotar os cultistas, deve-se realizar um dos encontros especiais do ancião, comprando uma carta de "Spawn of Abhoth". Isso pode atrasar bastante os investigadores, especialmente se mais cultistas forem sendo colocados no jogo através de outros meios.
No geral, ambos os anciões são divertidos e apresentam um bom desafio.
Os personagens:
Esse é o ponto que achei o mais sem graça da expansão. Mas veja bem, aqui é uma questão extremamente pessoal, pois achei os personagens em geral meio sem graça. As ações de Minh Thi Phan e Harvey Walters requerem que eles estejam no mesmo espaço que outros investigadores, porém vejo isso acontecer muito pouco. Monterey Jack é legal de usar, especialmente no tabuleiro egípcio e Expedições, não só por ser temático, mas também porque ele pode descartar artefatos para recuar a Perdição. Mandy Thompson ficou conhecida aqui como "apelona", pois a habilidade dela é fazer aparecer pistas, assim mesmo, sem mais nem menos hahaha. É sempre bom ter mais personagens, mas nenhum me saltou os olhos, diferente da maioria dos investigadores de Vestígios Estranhos e Terra Oníricas.
"Sob as Pirâmides" vem com 8 investigadores novos.
Monterey Jack é, para mim, o mais legal dos investigadores da caixa.
Portais e rebalanceamento:
A expansão vem com 6 novos portais a serem adicionados no jogo, sendo o da Antártida o mais chatinho - talvez do jogo todo. Ninguém fica passeando na Antártida por ser longe das outras coisas do jogo em geral, e como é um portal azul, é do tipo que faz andar a Perdição com mais frequência. Um bom desafio pros investigadores.
É válido ressaltar aqui que com o lançamento de algumas expansões, a dinâmica e balanceamento do jogo mudaram, então a Fantasy Flight Games lançou cartas de referência revisadas para equilibrar melhor o jogo. Confesso que achei isso necessário, pois com 4 jogadores colocar apenas 1 Portal em jogo deixava o jogo fácil por aqui.
Novos Portais a serem fechados no jogo.
Novas fichas de referência lançadas pela Fantasy Flight. Fonte.
Conclusão:
A expansão Sob as Pirâmides traz tudo que os jogadores de Eldritch sempre pedem: Mais variedade, novas cartas, novos encontros, novos personagens, etc. Mas o que faz a expansão brilhar mesmo é o tabuleiro novo que fica muito bem integrado ao original e a temática que transborda nas cartas de encontro, aventuras no Egito e anciões - algo que deveu um pouco na expansão Montanhas da Loucura.
Conforme mais expansões vão sendo colocadas, porém, dezenas de cartas de feitiço, itens e etc, vão transformando o volume de coisas do jogo em um nível absurdo, fazendo ser impossível acomodar todos os componentes em uma caixa só e dificultando imensamente achar itens específicos, o que acarreta num tempo ainda maior de setup.
Para quem não se incomoda com isso, Sob as Pirâmides traz muita coisa legal e é, para mim, uma das melhores expansões lançadas pro jogo.
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