Outro ponto:
Vocês comentaram bastante, obviamente, sobre as funções estéticas e funcionais da arte nos jogos e também pincelaram um pouco a questão da credibilidade e valorização da percepção dos jogos no olhar do público em função do visual dos jogos, ou seja, um aspecto comercial. Sobre esse último ponto, tenho reparado em uma linha que várias empresas têm seguido que parece estar dando certo: há uns anos atrás, sempre que se lançava um cardgame desses bem leves, de poucas regras que muitas vezes se assemelham a jogos de baralho comum, a tendência das editora era colar um tema engraçadinho (isso quando o faziam) e fazer uma arte bem cartunesca (pensem em Pega em 6, Bohnanza, No Thanks, For Sale, Shotten Totten, etc.). A escolha faz muito sentido, afinal, casa muito bem com o estilo desses jogos e a sensação de diversão leve e descontraída que temos ao jogá-los. tanto que vários jogos nacionais também seguiram essa lógica, como Sapotagem, War Zoo e vários outros. Mas a impressão que eu tenho é que, quando lançados, esses jogos não geram muito buzz, parece que esse tipo de estética não atrai tanto os olhares e passa a sensação de serem jogos pobres que têm pouco a oferecer. O que eu tenho percebido é que, pra contornar isso, as editoras estão lançando esses jogos com uma cara de produto de luxo, com ilustrações super detalhadas e bonitas (ou o inverso, desenhos minimalistas e arrojados), esquemas de cores diferenciados, acabamento mais fino, etc. Deste modo elas transformam o jogo em objeto de desejo, vc não só quer jogá-los, mas quer tê-los, é um produto de design, de arte, quase como comprar um quadro ou escultura pra enfeitar a mesa da sala. Muitas vezes esse design pode não ser o que casa melhor com o jogo, mas é o que faz ele vender melhor. Dá pra observar facilmente essa tendência em novas versões que estão sendo feitas de jogos como No Thanks!, The Game e Sapotagem, que passou por mudanças e reapareceu como Pot de Vin. Os jogos abstratos estão passando por um processo parecido.